Em depoimento nesta terça-feira à Mesa Diretora do Senado, o ex-diretor de Recursos Humanos da Casa João Carlos Zoghbi voltou atrás nas acusações contra o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. Zoghbi havia acusado Agaciel de integrar um esquema de corrupção no Senado, mas hoje pediu desculpas ao ex-diretor ao afirmar que agiu "sob pressão" quando fez as acusações.
"Para me ver livre da pressão de alguns jornalistas, eu fiz algumas considerações a respeito de assuntos que já estavam na mídia. Eu não tenho prova dessas questões, aquilo já estava sendo veiculado pela imprensa. Não tenho nada contra o Agaciel. Peço desculpas a ele", afirmou Zoghbi.
Apesar do recuo, o ex-diretor admitiu que fez as denúncias contra Agaciel à revista "Época". "Eu disse por ter lido no jornal que ele tinha sido acusado [de corrupção]. Foi na pressão, para me ver livre", afirmou.
Zoghbi também reconheceu que sua mulher, Denise Zoghbi, ofereceu um carro Mercedez Bens ao jornalista da revista para que não publicasse acusações contra a família. "A minha esposa fez isso, estava chorando muito, falou de forma impensada", afirmou. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) reagiu à confissão do ex-diretor. "Oferecer uma Mercedez a um jornalista é o que se chamaria de tentativa de suborno para não se tocar mais no assunto", afirmou o tucano.
Zoghbi foi indiciado pela Polícia Legislativa da Casa por formação de quadrilha e corrupção passiva. O servidor é suspeito de beneficiar empresas de sua família em operações de crédito consignado firmadas pelo Senado junto a bancos que prestam serviços à instituição.
O ex-diretor é suspeito de usar o nome de sua ex-babá, Maria Izabel Gomes, 83, que mora na casa dele, para abrir três empresas --DMZ Consultoria Empresarial, DMZ Corretora de Seguros Ltda e Contact Assessoria de Crédito Ltda. A suspeita é de que parte do faturamento dos últimos anos dessas empresas, cerca de R$ 3 milhões, teria como origem contratos assinados pelo Senado. Denise Zoghbi ofereceu o carro ao jornalista da revista para que a acusação de fraudes nas empresas não fosse revelada publicamente.
À Época, Zoghbi acusou Agaciel de comandar um esquema de fraudes na Casa Legislativa. O diretor chegou a afirmar que senadores Efraim Morais (DEM-PB) e Romeu Tuma (PTB-SP) estariam envolvidos nas irregularidades, mas depois recuou das denúncias em depoimento à Polícia Legislativa --a exemplo do que fez hoje na conversa com integrantes da Mesa Diretora.
Aposentadoria
Questionado pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) sobre o seu pedido de aposentadoria no Senado, Zoghbi admitiu que acelerou o seu afastamento da Casa depois que as denúncias vieram à tona. "Diante do quadro constrangedor para mim e minha família, achei que era bom sair do cargo."
O ex-diretor disse que trabalha há 38 anos, dos quais 25 como "servidor dedicado ao Senado". "Já era hora de eu deixar o meu cargo", afirmou.
Zoghbi prestou depoimento por cerca de uma hora aos senadores Marcone Perillo (PSDB-GO), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Adelmir Santana (DEM-DF). Os quatro foram os únicos senadores a atender o chamado de Perillo para o depoimento --apesar do tucano ter convidado todos os parlamentares interessados em acompanhares as explicações de Zoghbi. Agaciel também será ouvido pelo grupo nesta terça-feira.
Perillo foi o único integrante da Mesa Diretora do Senado presente no depoimento, que foi aberto à imprensa. O presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), está em viagem para São Paulo onde acompanha a cirurgia de sua filha, Roseana Sarney (PMDB-MA), para a retirada de um aneurisma cerebral (dilatação anormal de uma artéria).
(folha online)
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