domingo, junho 21, 2009

Saiba como as universidades vão usar o Enem no vestibular

O novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entra em vigor este ano como uma proposta de unificar o vestibular das universidades federais. Segundo os dados mais recentes do Ministério da Educação (MEC), 44 universidades já confirmaram que irão adotar o Enem como parte dos seus processos de seleção. Outras 11 ainda estudam a aplicação.
A ideia, segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, é simplificar a vida do estudante que irá prestar diversos vestibulares. “Pelo processo tradicional, o estudante era obrigado a arcar com várias taxas de inscrição e deslocar-se pelo País, o que era estressante e pouco democrático”, defendeu.
Para o coordenador do curso Etapa, Edmilson Mota, além de “diminuir as distâncias”, o novo Enem deve permitir aos alunos organizarem melhor os seus estudos, já que não terão que se adaptar aos diferentes conteúdos programáticos dos vestibulares de cada Estado. “O Enem tem grandes chances de dar uma orientação mais clara para os alunos. A intenção é muito boa”, afirma.
Segundo o ministro Haddad, os estudantes não têm o que temer quanto à mudança e “quem estava pronto para o velho modelo estará pronto também para o novo”. A mesma opinião é partilhada pela coordenadora do curso pré-vestibular e do colégio Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes, para quem “o aluno que estuda está preparado para qualquer tipo de prova”.
Vera, porém, não nega que o grau de exigência deste Enem deve aumentar. “Esse formato é para acabar com as críticas que o Enem era fácil e, por isso, não era suficiente como critério para entrar numa universidade”, diz.
Além da proposta de criar um vestibular unificado, o Enem continua como referência para a avaliação do ensino médio e meio de seleção para a aquisição de bolsas de estudo no Programa Universidade Para Todos (ProUni).

Inscrições

As inscrições para o Enem tiveram início no dia 15 de junho e vão até o dia 17 de julho, exclusivamente pela internet.

Conforme o MEC, basta preencher os dados cadastrais no site e verificar se a transferência foi concretizada. Quem for isento deve imprimir o comprovante de inscrição. Caso contrário, deve imprimir o boleto no valor de R$ 35 que pode ser pago em qualquer agência bancária. Todos os estudantes do ensino médio de escolas públicas são isentos.

A prova

Antes composta por 63 questões de múltipla escolha e uma redação, este ano a prova do Enem terá 180 questões divididas em quatro grupos de conhecimento. São eles: linguagens, (incluindo redação), ciências humanas, ciências da natureza e matemáticas.
O primeiro grupo verificará se o aluno está apto a aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos de sua vida.
No caso das ciências humanas, a proposta do MEC é que o aluno compreenda os elementos culturais que constituem as identidades. Para a área das ciências naturais, a ideia é compreender as construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento social e econômico da humanidade.
Por fim, a competência do grupo de matemática e suas tecnologias envolve a construção de significados para números naturais, inteiros, racionais e reais.
Cada grupo será composto por 45 itens de múltipla escolha. E, diferentemente dos anos anteriores, as questões serão divididas em graus de complexidade. Assim, no cálculo final de cada área, as questões mais difíceis valem mais que as demais.
No entanto, o peso de cada grupo na nota geral da prova será o mesmo. O que pode acontecer, segundo o MEC, são as instituições de ensino utilizarem critérios diferentes para avaliar cada grupo, levando em consideração os cursos pleiteados por cada candidato.
Esta é uma boa medida no entender da professora Vera Lúcia. “Tem que haver a diferenciação conforme a carreira que o aluno escolheu. Alguém que quer fazer medicina ou engenharia não pode ir para a faculdade sem os conhecimentos básicos de matemática”, exemplifica, acrescentando que a prova deve manter o caráter interdisciplinar que sempre teve, mas agora deve avaliar melhor o domínio das disciplinas dadas no ensino médio.
O professor Edmilson, do Etapa, considera ainda que a divisão em quatro grupos abre o leque de temas e matérias possíveis de serem abordados. Ele cita o grupo de ciências humanas onde, além de geografia e história, poderá incluir também questões das áreas de sociologia e filosofia.
A redação deverá ser feita na forma de texto em prosa do tipo dissertativo-argumentativo, a partir de um tema de ordem social, científica, cultural ou política, que será divulgado no dia da prova.
Em 2009, o Enem não trará questões de língua estrangeira, mas, a expectativa é que a partir da próxima edição elas voltem a ser feitas.

O dia

O Enem será aplicado em 1.619 municípios brasileiros nos dias 3 e 4 de outubro. No sábado, dia 3, a prova será realizada das 13h às 17h30 e contemplará as áreas de ciências da natureza e ciências humanas. Já no domingo, dia 4, terá uma hora a mais, das 13h às 18h30, com o grupo de linguagens, redação e matemática.

Fim da decoreba

De acordo com Haddad, a nova matriz vai privilegiar a compreensão de conteúdos, e não mais o conhecimento decorado. “A memorização excessiva, o conhecimento de fórmula ou data saem de cena e entra a demonstração de habilidade com o conhecimento acumulado”, disse. “Se um aluno compreende um fenômeno da natureza, sabe do que se trata, mas esqueceu a fórmula, ele vai conseguir por outros meios chegar à resposta correta”, completou.
Para Vera Lúcia, esta é uma tendência da educação atual, que já é seguida pela maior parte das instituições. “Você tem que ler, entender o que o enunciado está pedindo e analisar no contexto da globalização. Acabou o vestibular que pede nome de riozinho”, considera.

Uso do Enem

A pedido da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) foi criado um Comitê de Governança para acompanhar a elaboração do novo Enem e seu impacto no currículo do ensino médio.
Segundo o MEC, o Comitê de Governança definiu o prazo de três anos para a consolidação do processo de seleção unificada. A expectativa do governo “é de que todas as instituições federais adotem de alguma forma o novo Enem como parte de seus processos de seleção”.
No entanto, o uso não é obrigatório e as universidades têm autonomia para escolher a maneira que consideram mais adequada para a seleção de seus alunos.
A nota do Enem pode ser utilizada sozinha (como fase única); como primeira fase; combinada com o vestibular já realizado pela instituição ou ainda apenas para selecionar alunos para as vagas remanescentes.
No caso de a faculdade escolher a combinação da nota do Enem com a de sua própria prova, cabe a ela decidir qual o peso de cada uma. Essa foi a opção tomada pela Universidade de São Paulo (USP), que irá multiplicar os pontos obtidos na primeira fase do seu vestibular por quatro e somar com a nota da prova objetiva do Enem. Esse total será dividido por cinco e representará os pontos conseguidos pelo estudante.
Os educadores consultados avaliam que foi “significativa” a adesão das universidades ao novo Enem e consideram que, nos próximos anos, este número deve aumentar ainda mais. “A partir do sucesso deste ano, as instituições vão ficar mais confiantes. Se o Enem for bem feito, a tendência é que faculdades privadas também passem a adotá-lo”, acredita Vera Lúcia.

Vestibular unificado

De acordo com o Ministério da Educação, as universidades que optarem por utilizar o Enem como única forma de avaliação participarão de um Sistema de Seleção Unificada. Nele, as universidades informam quantas vagas têm disponíveis para cada curso e qual o peso que cada grupo do conhecimento terá na nota final do aluno.
O vestibulando poderá concorrer a até cinco cursos diferentes ou instituições, mas somente nas universidades que fizerem parte deste sistema unificado. É importante lembrar que o curso só será escolhido no momento da inscrição para o processo seletivo da faculdade e não na inscrição do Enem.
Outra novidade é que o candidato poderá ver as notas dos seus concorrentes e avaliar se tem chances de ficar com a vaga. Caso considere que a sua pontuação foi baixa, pode optar por outro curso. “Com este formato, o aluno tem mais chances. Quando ver a nota de corte poderá pode mudar até para outra faculdade”, afirma Vera Lúcia. “É uma tentativa de melhorar o ensino”, completa.

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