quarta-feira, julho 27, 2011

Novo gás nos festivais literários

A miscigenação que colocou no mesmo balaio peles vermelhas, negras, brancas e amarelas, por acaso a mesma mistura condenada pelo extremista norueguês Anders Behring Breivik que assumiu os recentes atentados em Oslo onde morreram 76 pessoas, resultou na maior riqueza do Brasil: a pluralidade cultural, mas, mesmo assim, todo o potencial do segmento é relegado a segundo ou terceiro plano na lista de prioridades dos governos - seja ele federal, estadual ou municipal. Prova disso é a resistência generalizada diante da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que vincula recursos do orçamento público para a Cultura.

Tamara MartinsEm evento da UBE, deputada Fátima Bezerra falou sobre o PEC 150 e projetos vinculados ao Plano Nacional de CulturaEm evento da UBE, deputada Fátima Bezerra falou sobre o PEC 150 e projetos vinculados ao Plano Nacional de Cultura

Tramitando desde 2004 no Congresso Nacional, a protelada PEC 150 que garante 2% do orçamento geral da união para investimentos na área; 1,5% no caso dos Estados e 1% do orçamento municipal, traduz-se no instrumento capaz de conferir sustentabilidade ao festejado e já aprovado (em dezembro de 2010) Plano Nacional de Cultura - PNC. Elaborado para nortear as políticas públicas do setor pelos próximos dez anos, o "PNC é o conteúdo programático e o Sistema Nacional de Cultura é o modelo de gestão, um depende do outro e os dois dependem de recursos", resumiu a deputada Federal Fátima Bezerra durante evento alusivo ao Dia Nacional do Escritor.

A data foi celebrada pela União Brasileira de Escritores do RN, durante encontro ocorrido no auditório da Aliança Francesa de Natal na última segunda-feira (25), e reuniu pouco mais de 40 pessoas. Além do debate sobre o PNC, a pauta também incluiu o lançamento do Prêmio Literário Escritor Eulício Farias de Lacerda de prosa. As inscrições para o edital já estão abertas na página eletrônica www.ubern.org.br, e seguem até o dia 30 de setembro. Haverá premiação em dinheiro para os dois primeiros lugares, sendo que o primeiro colocado ainda terá sua obra lançada pela editora Nave da Palavra (UBE/RN).

Confiança

Presidente da Comissão de Educação e Cultura no Congresso Nacional, e uma das parlamentares que articula a retomada da Frente Parlamentar em Defesa do Livro e da Leitura, a deputada petista dividiu as atenções da plateia com o potiguar Fabiano dos Santos Piúba, representante do Ministério da Cultura e diretor do setor Livro, Leitura e Literatura do MinC. Juntos, eles traçaram um panorama atualizado sobre a quantas anda a política cultural. "Não é uma tarefa simples, mas precisamos emplacar a PEC 150 ainda nesta legislatura. Uma coisa é certa: sem financiamento o Plano não passa de uma carta bem elaborada de intenções", disse Fátima, que já foi mais pessimista em relação a aprovação da Proposta. "Sei que há muitos interesses envolvidos, pressão dos estados e municípios sobre suas respectivas bancadas, mas hoje estou mais confiante", complementa.

Segundo a deputada, há uma resistência dentro do próprio Governo Federal - "seja ele de direita ou de esquerda" - em considerar esse vínculo ao orçamento. "Apenas com mobilização social podemos acelerar o processo", adverte. Vale lembrar que em 2002 o MinC tinha um orçamento estimado em 0,2% do orçamento da união, valor ampliado para perto de 1% durante a gestão dos ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira. 

Para Fabiano dos Santos Piúba, mesmo com a PEC 150 emperrada no Congresso, nada impede os estados e municípios fazerem "a lição de casa": "Atualmente, tudo o que diz respeito a política cultural passa pelo PNC, por isso é fundamental estados e municípios estarem afinados com os critérios básicos para não ficarem fora dos programas do Ministério. Há um prazo de 12 meses para os gestores colocarem em prática o que chamamos de CPF, ou Conselho de Cultura; Plano (Estadual ou Municipal) de Cultura; e Fundo de Incentivo à Cultura", esclareceu  o representante do MinC. "O prazo pode até ser prorrogado, mas ainda não há nada de concreto nesse sentido", avisa.

Entrevista - Fabiano dos Santos, diretor do setor Livro, Leitura e Literatura do MinC
Mas o setor literário poderá ganhar fôlego nos próximos meses. Fabiano adiantou que em 2012 o MinC abrirá linha para financiamento, via Fundo Nacional de Cultura, para feiras, festivais e bienais de pequeno e médio porte até R$ 300 mil. Fabiano, irmão gêmeo do Padre Fábio dos Santos, conversou com a TRIBUNA DO NORTE sobre o assunto:

Você falou que a linha de financiamento (para eventos literários de pequeno e médio portes) só não entrou em pauta em 2011 devido os cortes no orçamento da União, e que a intenção do MinC é incluir esse programa no orçamento do próximo ano. Há estimativa de quanto será investido? Como será a distribuição desses recursos?

Como o orçamento de 2012 ainda está sendo construído, não temos um valor definido, mas as estimativas do Ministério da Cultura giram em torno de cinco milhões de reais em investimentos. E nosso objetivo é equilibrar essa distribuição nas cinco macro-regiões brasileiras e contemplar, principalmente, pequenos eventos literários de até R$ 300 mil.

Quais os critérios para um projeto fazer parte desse programa? Você falou também em organizar um Circuito Nacional.

Exatamente. O primeiro critério a ser considerado são os eventos que incluem autores locais na programação e favoreçam o fortalecimento das pequenas editoras. A meta é articular um Circuito Nacional de Feiras de Livros (ação da Fundação Biblioteca Nacional), a fim de incentivar maior interação entre os eventos. Se tivermos um calendário organizado, podemos otimizar recursos e viabilizar uma programação com mais qualidade.

Como será a atuação da Frente Parlamentar em Defesa do Livro e da Literatura?

Bom, antes vale registrar que essa frente existe há uns três anos, mas deixou de funcionar em janeiro de 2011 por que o ex-deputado Marcelo Almeida (PR) não se reelegeu, por isso convidamos a deputada Fátima Bezerra e o deputado Arthur Bruno (CE) para retomar as atividades até o mês de setembro. O papel da Frente é pautar o Congresso Nacional no tocante às políticas públicas em benefício do livro e da leitura. O trabalho é norteado para a institucionalização de quatro frentes: a democratização do acesso à leitura; a formação de leitores; a valorização da leitura e no fomento das cadeias criativa (autores) e produtiva (editores, livreiros). Como são inciativas do poder executivo, essa Frente irá mobilizar o Congresso nessa direção e a porta de entrada para votação na Câmara dos Deputados é justamente a Comissão de Educação e Cultura.
(DN)

terça-feira, julho 26, 2011

PERSONAGENS DE UM SAUDOSO JARDIM

MIRIAM, À FRENTE DE SUA MÃE, DONA MARIA (ESPOSA DE JESO FERREIRA)

ATO PÚBLICO REALIZADO NA GESTÃO DE ZACARIAS JOSÉ DE MEDEIROS

SESSÃO DA CÂMARA DE VEREADORES
ESCOLA DE SAMBA "OS SAMBISTAS" - CARNAVAL DE 1970
SEVERINO DE LICA, EM SEU COMÉRCIO, NO ANO DE 1948


Arquivo particular

quinta-feira, julho 21, 2011

Jardim de outrora

 Equipe doJUE (Jovens Unidos Evangelizam) - vice-campeã do 2º Torneio da Indepência, em 1982 (Nitinho de Joaquim Magro, Luís, Neto Sacristão, Erivan e Santos de Bastião). A equipe ficou conhecida como "Camaleões".

 Bloco Eternamente (meados da década de 1980): Antônio Ananias, Ximenes, Francisco de Beata, Erivan, Lázaro, Clóvis de Arreia, Val de Elita, Diógenes de Zé Barão (falecido), Fernando de Aprígio, Michel, Vicente Carreiro, Totonho, Vavá, Jó Borges, Orlando, Renato Ferreira e Zezoca.

 Desfile de 7 de setembro de 1969. Homenagem aos astronautas que foram à Lua. Da esquerda para a direita: Jacinta (irmã de Maria Pereira), Cleto, Maria Pereira, Vânia de Adauto, Fernando de Aprígio, Gracinha de Trajano, Rosiana, Fernando de Tirina, Nega Tinha e Vera de Melado.

Festa da padroeira do sítio Gangorrinha, em 1968,  município de Brejo do Cruz, PB,  da qual participavam muitos jardinenses. O último, da esquerda para a direita, é o nosso conhecido Totó.

Sentença em versos sobre o furto de galinhas

Caro leitor, trago hoje uma sentença proferida já há alguns anos, conhecida por muitos juristas, prolatada pelo então juiz de Vaginha (onde os ET’s costumam passar as férias), em Minas Gerais, Ronaldo Tovani. Muito interessante!

“No dia cinco de outubro
Do ano ainda fluente
Em Carmo da Cachoeira
Terra de boa gente
Ocorreu um fato inédito
Que me deixou descontente.

O jovem Alceu da Costa
Conhecido por “Rolinha”
Aproveitando a madrugada
Resolveu sair da linha
Subtraindo de outrem
Duas saborosas galinhas.

Apanhando um saco plástico
Que ali mesmo encontrou
O agente muito esperto
Escondeu o que furtou
Deixando o local do crime
Da maneira como entrou.

O senhor Gabriel Osório
Homem de muito tato
Notando que havia sido
A vítima do grave ato
Procurou a autoridade
Para relatar-lhe o fato.

Ante a notícia do crime
A polícia diligente
Tomou as dores de Osório
E formou seu contingente
Um cabo e dois soldados
E quem sabe até um tenente.

Assim é que o aparato
Da Polícia Militar
Atendendo a ordem expressa
Do Delegado titular
Não pensou em outra coisa
Senão em capturar.

E depois de algum trabalho
O larápio foi encontrado
Num bar foi capturado
Não esboçou reação
Sendo conduzido então
À frente do Delegado.

Perguntado pelo furto
Que havia cometido
Respondeu Alceu da Costa
Bastante extrovertido
Desde quando furto é crime
Neste Brasil de bandidos?

Ante tão forte argumento
Calou-se o delegado
Mas por dever do seu cargo
O flagrante foi lavrado
Recolhendo à cadeia
Aquele pobre coitado.

E hoje passado um mês
De ocorrida a prisão
Chega-me às mãos o inquérito
Que me parte o coração
Solto ou deixo preso
Esse mísero ladrão?

Soltá-lo é decisão
Que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei
É prá pobre, preto e puta…
Por isso peço a Deus
Que norteie minha conduta.

É muito justa a lição
Do pai destas Alterosas.
Não deve ficar na prisão
Quem furtou duas penosas,
Se lá também não estão presos
Pessoas bem mais charmosas.

Afinal não é tão grave
Aquilo que Alceu fez
Pois nunca foi do governo
Nem seqüestrou o Martinez
E muito menos do gás
Participou alguma vez.

Desta forma é que concedo
A esse homem da simplória
Com base no CPP
Liberdade provisória
Para que volte para casa
E passe a viver na glória.

Se virar homem honesto
E sair dessa sua trilha
Permaneça em Cachoeira
Ao lado de sua família
Devendo, se ao contrário,
Mudar-se para Brasília!!!”
Tribuna do Norte

quarta-feira, julho 20, 2011

O SERMÃO DA MONTANHA


Versão para educadores

Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.

Tomando a palavra, disse-lhes: - Em verdade, em verdade vos digo: Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque eles...?

Pedro o interrompeu: - Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André disse:  - É pra copiar no caderno?

Filipe lamentou-se: - Esqueci meu papiro!

Bartolomeu quis saber: - Vai cair na prova?

João levantou a mão:  - Posso ir ao banheiro?

Judas Iscariotes resmungou:  - O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se: - Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou: - Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou: - Vai valer nota?

Tiago Menor reclamou: - Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.

Simão Zelote gritou, nervoso: - Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se: - Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos. Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?

Caifás emendou:
- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto. - E vê lá se não vai reprovar alguém! Lembre-se que você ainda não é professor titular...

Jesus deu um suspiro profundo, pensou em ir à sinagoga e pedir aposentadoria proporcional aos trinta e três anos. Mas, tendo em vista o fator previdenciário e a regra dos 95, desistiu. Pensou em pegar um empréstimo consignado com Zaqueu, voltar pra Nazaré e montar uma padaria... Mas olhou de novo a multidão. Eram como ovelhas sem pastor... Seu coração de educador se enterneceu e Ele continuou:
- Felizes vocês, se forem desrespeitados e perseguidos, se disserem mentiras contra vocês por causa da Educação. Fiquem alegres e contentes, porque será grande a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram outros educadores que vieram antes de vocês?.

Tomé, sempre resmungão, reclamou: - Mas só no céu, Senhor?

- Tem razão, Tomé - disse Jesus - há quem queira transformar minhas palavras em conformismo e alienação.. Eu lhes digo, NÃO! Não se acomodem. Não fiquem esperando, de braços cruzados, uma recompensa do além. É preciso construir o paraíso aqui e agora, para merecer o que vem depois...*

E Jesus concluiu:
- Vocês, meus queridos educadores, são o sal da terra e a luz do mundo...

Texto de abertura do Programa Rádio Vivo, Rádio Itatiaia, Belo Horizonte de 15/10/2009. texto do professor Eduardo Machado

terça-feira, julho 19, 2011

Homínideos andavam eretos há 3,7 milhões de anos

Pegadas fossilizadas mostram que bipedalismo estava presente entre ancestrais do ser humanos 2 milhões de anos antes do previsto


Foto: Getty Images
Pegadas fossilizada na Tanzânia: hominídeo andava ereto há 3,6 milhões de anos
O modo de andar com a postura ereta, típico do homem moderno, é muito mais antigo do que se imaginava, graças à análise de onze pegadas fossilizadas de 3,7 milhões de anos, encontradas em Laetoli, na Tanzânia. Elas são as pistas mais antigas deixadas por um ancestral humano. A nova descoberta contraria a hipótese de que as funções do pé moderno surgiram entre 1,7 e 1,9 milhões de anos.
“Nosso estudo puxa esta data dois milhões de anos para trás e sugere que isto aconteceu com o Australopithecus afarensis, que ainda vivia parcialmente em árvores”, disse ao iG Robin Cromptom da Universidade de Liverpool, um dos autores do estudo publicado hoje no periódico científico Interface.
De acordo com o estudo, o ancestral humano que habitava Laetoli tinha o dedão alinhado aos outros dedos do pé – semelhante aos humanos e diferente dos chimpanzés e outros grandes primatas. As pegadas mostravam maior profundidade nos calcanhares que nos dedos, o que indica um pé arqueado. “Isto é um indicativo de um caminhar ereto”, disse ao iG William Sellers da Universidade de Manchester, que participou do estudo. Em primatas, a pressão é maior na parte lateral do meio do pé. Os seres humanos são os únicos que têm pés arqueados, o que facilita a locomoção em duas pernas, pois os arcos são responsáveis pela absorção do choque quando o pé toca o solo.
A equipe obteve imagem 3D das pegadas de Laetoli e comparou os dados com estudos de pegadas e pressão dos pés geradas pelo caminhar de homens modernos e outros grandes primatas e do A. afarensis. Simulações de computador foram usadas para delinear os diferentes tipos de pegadas e modos de andar.
“O curioso é que nestas comparações descobrimos que alguns humanos saudáveis produzem pegadas mais parecidas com as de primatas que as pegadas de Laetoli. As funções dos pés representadas pelas pegadas são mais parecidas com os padrões encontrados em humanos modernos. Isto é importante pois o desenvolvimento destas características ajudou nossos ancestrais a migrar da África”, disse Cromptom.
O Australopithecus afarensis viveu na África há mais de 3 milhões de anos e tinha cérebros menores e mandíbulas mais fortes que o homem moderno. Antes deles, registros fósseis revelam que vivia no Quênia e na Etiópia o Australopithecus anamensis, há 4,2 milhões de anos. E antes ainda, vivia o Ardipithecus ramidus, o mais antigo ancestral humano que vivia da Etiópia, há 4,4 milhões de anos.

Novo hominídeo

Os pesquisadores acreditam que a análise das pegadas seja conclusiva para o assunto. “Por décadas houve uma disputa entre o que dizia os fósseis de pés sobre o modo de andar do A.afarensis e o que as pegadas de Laetoli diziam e nunca se chegava a um consenso. Agora temos uma resposta”, disse Cromptom.
O homem de Laetoli, provavelmente é um A. afarensis, por ser a única espécie, que se sabe, que vivia naquela região e naquela época. Porém, pesquisadores do estudo publicado hoje no periódico científico Interface, não descartam a possibilidade de uma nova espécie. “Não podemos ter certeza, a não ser que se encontre um esqueleto. Mas no momento, o único candidato que temos é o A. afarensis, embora tenha se levantado a possibilidade de uma espécie ainda não descoberta possa ter feito aquelas pegadas”, disse Sellers.

Vigiar perfis em redes sociais pode virar vício

Dar uma espiada no perfil de um parceiro ou amigo é a coisa mais natural do mundo. Mas exagerar pode ser perigoso   

iG


Foto: Getty Images Ampliar
Às vezes, a curiosidade pode acabar sendo forte demais
Você já teve a sensação que entra mais vezes do que deveria no perfil do Facebook de algum amigo? Ou talvez de um ex ou desafeto? Talvez alguém também esteja fazendo o mesmo com você: sabe na ponta da língua onde você estava no último sábado à noite e conhece detalhes da última viagem. As redes sociais são ótimas para quem gosta de se informar sobre a vida de conhecidos, e também quem gosta de mostrar o que acontece em sua própria vida.

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As redes sociais engoliram você?

Mas algumas vezes essa curiosidade toma proporções exageradas e é aí que começa um problema que se torna cada vez mais comum: o vício em vigiar a vida de outras pessoas através das redes sociais, também conhecido como cyberstalking.
O profissional autônomo Leandro Prudente, 26, confessa que não conseguiria ficar sem seus perfis nas redes sociais. Ele diz que já se sentiu vigiado e também já vigiou. “Cheguei a criar um perfil anônimo para que a pessoa não soubesse que visitei a página dela”, conta. Leandro não é o primeiro e nem será o último a fazer isso. Muitos lançam mão do mesmo artifício, de criar um segundo perfil, para obter anonimato diante de algumas ferramentas inovadoras que pipocam vez ou outra nas redes.
“Eu já cheguei a ficar com a página de uma pessoa aberta o dia todo. Atualizava de tempos em tempos para ver se tinha algo novo”, conta Leandro. Mesmo diante dessas situações, ele afirma que não é obcecado em vigiar a vida alheia. “Não deixo de viver a minha vida para ficar olhando perfil de outras pessoas.”

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O limite
“A proposta da rede social é justamente olhar e ser olhado. Se a informação está ali é para ser lida. Se colocam fotos, é para que todos possam vê-las”, afirma o psicólogo Erick Itakura, membro do Núcleo de Pesquisa em Psicologia e Informática (NPPI) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Erick explica que o brasileiro ainda não entende completamente as consequências da exposição exagerada de sua vida pessoal pela internet. “Em outros países vemos que as pessoas são mais seletivas. Não é aconselhável expor demais sua intimidade. Quando se usa de forma correta, não há nada de errado com as redes sociais, mas hoje em dia é cada vez mais comum que pessoas se peguem vigiando outras através dos perfis”, afirma.
Erick explica que quando o online se torna mais importante do que o real, o problema, normalmente, já está instalado. “Deixar de falar, ver, visitar ou ligar para amigos e familiares apenas para se dedicar às redes sociais significa que algo está errado. Ficar o tempo inteiro olhando a vida de uma pessoa, também. Nestes casos é necessário fazer um tratamento para que isso possa ser revertido”, afirma.
A psicóloga Luciana Ruffo, do NPPI da PUC-SP, esclarece que existem sinais que mostram quando alguma coisa errada. “Se a pessoa não consegue ficar sem entrar em um determinado perfil por algumas horas, ou se tem algum compromisso, mas antes precisa se informar sobre o que acontece naquele momento com outra pessoa, demonstra um comportamento que precisa ser repensado ou tratado.”

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“Quando a gente diz que uma pessoa é viciada significa que ela deixa de fazer algo para se dedicar ao vício. Um exemplo é o funcionário que apresenta queda de produtividade porque fica o dia inteiro vendo o que outra pessoa está postando no Facebook. Quando chega neste ponto, algum tipo de distúrbio está se manifestando”, explica Erick.
Acordo
O controle exercido através do monitoramento do perfil de uma pessoa é um caminho cada vez mais trilhado pelos casais que mantém páginas em redes sociais. São homens e mulheres que observam atentamente os recados deixados pelos amigos do parceiro, por exemplo.
A ressalva feita por Luciana é a de que o monitoramento deve ser de comum acordo do casal. Neste caso, não há problemas. “O que não dá é para ser unilateral. Outras coisas que não podem acontecer são roubos de senhas ou mesmo apagar mensagens do outro para afastar algumas pessoas da vida do parceiro.”

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De acordo com Luciana as mulheres gostam mais de vigiar do que os homens. “Mulheres demonstram ter mais necessidade de uma vida social rica em detalhes. Elas têm mais curiosidade. O homem não precisa saber tantos detalhes assim”, explica.
Quando vigiar é crime
O que fazer quando você é quem está sendo constantemente vigiado ou monitorado? Luciana diz que tudo depende de quem é o perseguidor. “Se é alguém conhecido você pode tentar conversar com essa pessoa ou simplesmente excluí-la da lista de amigos e fechar seu perfil para desconhecidos. Se for um estranho, é preciso procurar ajuda jurídica.”
“Meu ex-namorado me monitorava através da minha página em um site de relacionamento pessoal. Ele roubou minhas senhas e chegou a se passar por mim em algumas conversas com amigas para descobrir se eu o traía”, conta uma advogada gaúcha de 30 anos que prefere não se identificar. A advogada procurou a polícia e conseguiu se livrar do ex. Ficou três anos longe das redes sociais e até hoje toma muito cuidado com o que escreve. “Fiquei traumatizada. Durante muito tempo não consegui manter uma conversa normal pela internet”, conta.

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O advogado e autor do livro “A invasão da privacidade através da Internet” (Editora e Livraria JM) Guilherme Tomizawa explica que a pessoa que se sentir prejudicada deve procurar uma delegacia e fazer um boletim de ocorrência. “A invasão de privacidade tem consequências civis e penais. Tudo depende de como os dados que a pessoa obtém são usados.”
O advogado aconselha as pessoas que precisarem abrir um processo judicial a procurarem um cartório para que o tabelião faça uma cópia da página na internet que possa ser considerada uma prova de que um crime está sendo cometido, como xingamentos que alguém deixou no seu perfil que possam caracterizar difamação, injúria ou calúnia. “Hoje está bem mais fácil detectar crimes cometidos através da internet. As pessoas não podem achar que o computador é garantia de impunidade”, afirma.

Comemoração da aposentadoria de Marluce Borges






Depois de 32 anos trabalhando em prol da educação jardinense, saiu a aposentadoria da funcionária Marluce Borges. A agora servidora aposentada comemorou com os ex-colegas da Amaro Cavalcanti.

quinta-feira, julho 14, 2011

Americana de 12 anos é condenada por perseguir colega no Facebook

Ela roubou senha de vítima e postou conteúdo sexual. Menina foi condenada a liberdade condicional nos EUA.

Usuário testa serviço de desconto em lojas do Facebook no lançamento do serviço na Europa. (Foto: Suzanne Plunkett/Reuters) 
Meninas roubaram senha do Facebook de
colega e postaram conteúdo pornográfico
(Foto: Suzanne Plunkett/Reuters)
 
Uma menina de 12 anos foi condenada a liberdade condicional nos Estados Unidos por perseguir uma colega de classe no Facebook.
Segundo reportagem da rede “NBC”, a americana foi condenada por invasão de computador ao roubar a senha da vítima para entrar na sua conta no Facebook. Ela e outra colega de apenas 11 anos postaram conteúdo sexual explícito na página da vítima.

“Quero pedir desculpas por fazer as pessoas passarem por isso”, disse a jovem de 12 anos no tribunal na quarta-feira (13). “Eu me sinto muito mal e se eu pudesse voltar atrás eu mudaria tudo”.

Além de postarem conteúdo pornográfico na página da colega, as duas também enviaram mensagens para meninos para marcar encontros sexuais. A mãe da vítima chamou a polícia depois de encontrar mensagens vulgares na página da filha no Facebook, incluindo montagens com fotos da menina.

Segundo os promotores do caso, a vítima esteve na casa de uma das acusadas em março, onde ela teria se logado no Facebook. Suas informações foram armazenadas no computador da colega.

domingo, julho 10, 2011

A hora e a estratégia dos 'e-escritores'

Autores faturam alto vendendo e-books mais baratos do que um cafezinho. Para isso, contudo, dão duro na internet, usando todas as ferramentas da rede


Kindle, o leitor eletrônico da Amazon em ação: aspirantes a escritor driblam editoras e publicam seus trabalhos (Divulgação)
Há alguns anos, em visita ao Brasil, o escritor anglo-indiano Salman Rushdie afirmou que, mesmo após décadas de sucesso, ainda se sentia pouco à vontade para fazer o corpo a corpo necessário ao lançamento de um livro – que inclui conceder entrevistas e atender leitores. Seu sonho de vida, revelou, era recolher-se para escrever, enviar a criação para a editora e voltar à reclusão. Nada mais distante desse perfil de escritor-ermitão, comum a inúmeros autores, do que a atitude de alguns novatos que vêm colhendo sucesso no mundo digital, caso dos americanos Amanda Hocking e John Locke e também do britânico Mark Edwards.
Esses "e-escritores" abraçam todos os recursos digitais disponíveis para fazer o corpo a corpo com leitores e divulgar obras que existem exclusivamente no mundo virtual, vendidas em geral por cerca de 1 dólar. Diariamente, gastam horas respondendo e-mails de fãs e investem outras tantas interagindo com admiradores – e críticos – em blogs, YouTube, Facebook, Twitter e similares. São marqueteiros da própria literatura.
(Robb Long / AP)

Amanda Hocking: 11.000 posts no Twitter
Aos 26 anos, Amanda é uma ex-acompanhante de idosos que teimou por anos em escrever, como ela mesma define, "romances sobrenaturais para jovens adultos" (uma espécie de variante da saga Crepúsculo). Enviou seus originais a mais de uma centena (não é exagero) de agentes literários, um intermedirário quase obrigatório no caminho dos aspirantes a autor rumo às editoras nos Estados Unidos. Cansada de negativas, deixou de lado o sonho de ver as histórias no papel e decidiu colocar os cinco arquivos eletrônicos da coleção My Blood Approves na plataforma de publicação de textos da Amazon, a Kindle Direct Publishing. O serviço transforma automaticamente os textos em livros eletrônicos, os e-books, e os coloca à venda no site da gigante do comércio on-line. O preço é determinado pelo autor, e o faturamento é dividido entre as duas partes.
Em pouco mais de um ano, os cincos títulos de My Blood Approves, somados a mais dois, venderam 1,5 milhão de cópias, com preços variando entre 99 centavos e 2,99 dólares. Amanda amealhou 2 milhões de dólares, o equivalente a 3,13 milhões de reais. Os números incluem vendas na Amazon e também na plataforma PubIt!, da rival Barnes & Noble. Depois que o sucesso ficou evidente, as editoras, enfim, vieram à sua procura. Pagaram caro. Amanda leiloou os direitos de sua próxima série à editora St. Martin’s Press por 2,2 milhões de dólares. Enfim, a escritora chegará ao papel. As obras também serão comercializadas em volumes em mais 17 países – entre eles o Brasil, onde a publicação ficará a cargo da Planeta. Além disso, Trylle Trilogy, sua série de maior sucesso, deve ir para o cinema.
Locke, de 60 anos, um bem-sucedido empresário do setor imobiliário, é o primeiro autor independente, ou seja, não atrelado a uma editora, a vender mais de um milhão de cópias no serviço da Amazon. Ele jamais considerou a possibilidade de que suas histórias, que misturam suspense e detetives, fossem aceitas por editoras. Por isso, chegou a gastar 25.000 dólares para publicá-las em papel e divulgá-las, também de forma independente. No formato digital, lucrou cerca de 385.000 dólares apenas com as vendas realizadas na Amazon.
Divulgação

Mark Edwards: no Twitter e Facebook
Finalmente, o britânico Edwards, de 40 anos, responsável pela comunicação digital de uma editora tradicional, é outro que sofreu anos em busca de um agente literário. Em vão. Agora, começa a saborear o sucesso com a decolagem das vendas de dois de seus títulos, Killing Cupid e Catch Your Death, thrillers com pitadas de romance escritos em parceria com Louise Voss. A dupla faturou 10.000 libras (cerca de 25.000 reais) só em junho. Foi o suficiente para atrair um um agente literário e um contrato com a renomada editora HarperCollins. Edwards é claro ao comentar o objetivo de sua produção: "Meus livros são obras para leitura rápida. Como aquelas obras que você compra no aeroporto para passar o tempo enquanto espera seu voo."
O sucesso comercial desses autores não está totalmente explicado. Mas, uma vez que eles não contaram com a estrutura de uma editora de peso ou a bênção da crítica estabelecida, é razoável supor que a tática de guerrilha na internet ajudou. Amanda dedica horas diárias a contatos com leitores em perfis mantidos no FaceBook e Twitter. Um blog e uma conta de e-mail também ajudam. Ali, propagandeia suas criações. As respostas nem sempre são elogiosas – deve-se estar preparado para isso também. "Blogueiros, por exemplo, nem sempre fazem resenhas lisonjeiras", diz. "Mas acredito que até as críticas negativas têm um impacto positivo na rede: a partir delas, o leitor ao menos fica sabendo que minha obra existe."
Locke divide-se entre Twitter e incontáveis e-mails, religiosamente respondidos. São entre duas e quatro horas diárias de propaganda e respostas. O objetivo é não só abrir o apetite da audiência, mas também colher subsídios, entre o público-alvo, para as próximas criações. "Trato meus livros como vendedores: se Saving Rachel está vendendo mais do que A Girl Like You, ganhará mais destaque em minha próxima obra, que terá mais elementos de Rachel", diz o americano. Para ajudar a tática, Locke adotou o nome de seu protagonista, Donavan Creed, como perfil no Twitter (@DonavanCreed), e conversa com leitores como se fosse o personagem. "Os comentários dos leitores me ajudam a ser um escritor mais eficiente", diz.
Divulgação


John Locke: 21.000 seguidores no Twitter
Edwards é um aficionado no uso do Facebook. Mas é ao Twitter que ele destina seu marketing literário. "Manter contato com interessados, responder dúvidas e ouvir elogios e críticas é emocionante, cortês e divertido", diz. No microblog, ele cumpre uma tarefa digna dos profissionais que monitoram o que os tuiteiros falam a respeito de grandes empresas: digita os nomes de seus livros no campo de buscas e lê, um a um, comentários feitos por usuários da rede. "Todo dia encontro uma ou duas pessoas que contam que acabaram de ler alguma das minhas obras. Eu, então, puxo conversa e agradeço. Começamos a conversar a partir dali", diz. "As redes sociais permitem um contato entre autores e leitores antes improvável."
Os frutos no meio digital inspiraram Locke a escrever um guia que pretende ensinar outros aspirantes a escritor a aproveitar a onda eletrônica: How I Sold One Million Books in Five Months, disponível na Amazon. Não é certo, contudo, que os interessados poderão surfar nela. Só nos Estados Unidos, foram lançados no ano passado mais de 3 milhões de títulos, segundo estimativas de Albert Greco, especialista em publicação da Faculdade de Administração da Universidade de Fordham. "O mercado não consegue absorver tantas obras. Existe um número inacreditável de pessoas que acham que podem escrever o próximo grande livro de ficção. É possível se destacar, mas isso não acontece com frequência", diz Greco. "Na verdade, as chances são semelhantes a ganhar na loteria."
É possível, então, que Amanda, Locke e Edwards sejam os três mais novos agraciados pelo bilhete premiado. De qualquer forma, eles se esforçaram para isso, trabalhando duro na escrita e, depois, na rede. O módico valor cobrado por suas obras é outro auxílio à espetacular ancensão. Tanto assim que, bem-humorado, Locke afirma: "Enquanto autores famosos são forçados a vender seus livros por 9,95 dólares, posso cobrar 99 centavos. Então, eles devem provar que seus livros são dez vezes melhor do que os meus."


sábado, julho 09, 2011

Festa de Santa Rita se tornará Patrimônio Imaterial e cultural de Jardim de Piranhas-RN

FESTA DE SANTA RITA é considerado o segundo maior evento RELIGIOSO de Jardim de Piranhas-RN, atraindo centenas de devotos, visitantes e eté turistas.


A Festa de Santa Rita se tornará ainda este ano patrimônio imaterial  e cultural de Jardim de Pirnahs. O evento acontece sempre no mês de maio pegando o dia 22 que é celebrado a festa da santa, no município de Jardim está na 10ª edição. Com data garantida no calendário turístico do município, conta com feirinhas, shows culturais, teatro, exposição de artesanato da cultura Jardinense e nordestina, apresentações artísticas, palestras e este ano surgiu a cavalgada de vaqueiros, realizada no último dia de festa aumentando ainda mais a procissão de encerramento sem falar das romarias que já chegam de diversos municípios em diferentes epocas do ano.

 A estrutura física do Santuário conta com pavilhão cultural de Santa Rita, exposição de 20 telas sobre os saberes e fazeres da cultura nordestina e uma escadaria onde se celebra as atividades religiosas, além da casa dos romeiros, do palco sociocultural  duas capelas, uma gruta com cruzeiro e um lindo vale, no ano que vem (2012) acontecerá a cavalgada de Santa Rita e a missa do vaqueiro sob o sol quente do sertão estaremos convidando e contando com um grande número de vaqueiros vestidos a carater, a Missa do Vaqueiro é um espetáculo cultural, religioso, turístico, popular e que concerteza se tornará também tradicional em nossa cidade. O projeto de lei é de autoria do vereador Junior Alves (PDT) que entrará em discursão no dia 8 de agosto de 2011 na Câmara Municipal, contamos com a presença de toda a massa devota de Santa Rita nesta Sessão.


OS INESQUECÍVEIS ANOS 80


Raul Seixas profetizou que seriam anos de “melancolia e promessas de amor”. Entretanto, para quem era jovem ou adolescente na época, a década de 1980 não foi nada melancólica. Muito pelo contrário: constituiu-se num período inesquecível, marcante, que, atualmente, é relembrado com um misto de satisfação e saudade.

Quem hoje possui menos de trinta anos pode considerar exagero deste humilde escriba. Afinal, Jardim de Piranhas, naqueles tempos, não oferecia muitas das facilidades modernas. Não havia CD, DVD, computador, internet, Playstation. Telefone era artigo de luxo, assim como motocicletas, antenas parabólicas e televisão em cores. A população sofria com a falta de hospital, dentistas, óticas, laboratório de análises clínicas. O comércio oferecia poucas opções. Teares elétricos eram raros. Contudo, apesar de tudo isso, arrisco a dizer que fomos espectadores privilegiados de um momento ímpar da História local.

Assistimos ao surgimento do Real Sociedade Independente e do Clube Atlético Piranhas. Dividimo-nos entre um e outro. Trabalhamos arduamente, visando ao engrandecimento de ambos. Rivalizamo-nos dentro e fora de campo, mas sempre com respeito e civilidade, apesar de algumas esporádicas discussões, travadas entre os torcedores mais apaixonados. Todo domingo, era programa obrigatório ver o jogo do time de coração. Cada gol marcado era celebrado com fogos de artifício, cujo objetivo também era o de “informar” à torcida rival que se estava vencendo.

Divertíamo-nos indo a festas no mercado público. Isso até serem construídas a quadra do ginásio e as sedes sociais do CAP e do Independente. As bandas de sucesso na época – Circuito Musical, Feras, Impacto 5, Terríveis, Impossíveis, Gota d’Água –, somadas ao Emy Som 7 e ao Caminho Livre, tocavam, durante cinco horas, sucessos atuais e antigos. Ouvia-se de tudo: rock, música romântica, forró, lambada etc. Todos os ritmos tinham sua hora, a fim de atender aos mais variados gostos. Não havia necessidade de se contratar mais de uma banda, o que tornava o preço da entrada acessível à grande maioria da população.

Não foram poucos os namoros que iniciaram quando se dançava uma música romântica. Na época, não se aceitava com naturalidade namorar mais de uma menina na mesma festa. “Ficar”, então, nem pensar. A menina que assim se comportasse logo era tachada de “galinha”. Por outro lado, era dever de todo bom rapaz, terminada a festa, acompanhar a namorada até a residência dela e procurá-la no outro dia, nem que fosse para, usando-se uma desculpa qualquer, informá-la de que não queria continuar o relacionamento. Caso não seguisse esse “protocolo”, corria-se o risco de ficar com a reputação “manchada” e, assim, ser rejeitado por outras meninas que tentasse namorar no futuro.

Ouvíamos boa música, de qualidade infinitamente superior aos “sucessos” atuais. Acompanhamos o surgimento de Cazuza, Legião Urbana, Titãs, Ultraje a Rigor, Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Kid Abelha, RPM, Engenheiros do Hawaii. Também curtíamos forró, mas cantado por artistas da categoria de Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Jorge de Altinho, Elba Ramalho. Roberto Carlos ainda não havia perdido sua inspiração e, todo final de ano, brindava-nos com um novo disco e um imperdível especial na Rede Globo.

Não havia a ostentação que se vê na atualidade. Como a cidade era pequena, todos ainda se conheciam e se tratavam com mais respeito e camaradagem. As drogas se resumiam à maconha (consumida às escondidas, por um restrito grupo) e ao “loló”. Podia-se dormir em paz e assistir à TV em qualquer dia da semana, já que ninguém possuía “paredões” de som.

Se eu fosse aqui mencionar todos os fatos que marcaram a década de 1980, o texto final, certamente, cansaria alguns leitores deste modesto blog. Muitos dos jovens e adolescentes de hoje, após a leitura desta postagem, certamente não irão concordar com alguns (ou todos) fatos nela registrados. E o farão com toda a razão. Eles, quando chegaram à casa dos quarenta anos, também lembrarão com saudade a época atual. Assim é a vida. Não adianta lutar contra ela nem tentar modificá-la. Para nossa felicidade, temos a capacidade de guardar na memória os bons momentos que marcaram nossa existência. E como é prazeroso fechar os olhos e relembrar tais momentos.