sábado, junho 06, 2009

"Copiar, colar" preocupa professores
Hábito de usar textos da Internet se difunde entre estudantes e vira problema nas escolas
Francisco Francerle // franciscofrancerle.rn@diariosassociados.com.br

"Na Internet nada se cria, tudo se copia e cola. Quando recebo trabalho copiado do Wikipedia nem leio, abomino logo". A reação foi de um professor do ensino médio de uma escola de Natal, que preferiu não ser identificado, ao ser indagado sobre a "arte do control C + control V", uma artimanha muito comum, utilizada por alunos do ensino fundamental ao superior, muitas vezes sob os olhares coniventes do próprio professor. Administrar essa situação, ensinando ao aluno que o plágio é ilegal e não contribui para o aprendizado, tem sido o grande desafio para a escola, numa época em que o computador está cada vez mais popular e a Internet começa a fazer parte do cotidiano das famílias.

Para a vice-diretora educacional do Colégio Marista de Natal, Fátima Guilmo, não se pode negar que a Internet é uma excelente ferramenta de pesquisa. Ela disse que normalmente os alunos utilizam o laboratório de informática da escola, mas quando a pesquisa é feita em casa, eles são orientados a apresentar os textos para discussão em sala de aula. "Nesse caso, apesar de ser contra, a escola até recebe textos colados da internet, desde que sejam aproveitados para uma ampla discussão em sala de aula, mas nunca valendo nota porque não podemos premiar um aluno que não exercita a opinião própria". Além disso, ressalta ela, "aproveitamos esse texto porque através de um erro do aluno, o professor pode chegar à construção do conhecimento".

Já a professora de português Maria das Dores Pinto Alves, da Escola Estadual Augusto Severo, reconhece que esse é um problema muito sério que atinge praticamente todas as escolas, inclusive as públicas, onde se imagina que o número de alunos que tem computador seja menor. "Se eles não acessam em casa, vão para a lan house, entram nos sites de busca e o primeiro texto que encontram copiam, colam e entregam como se fosse escrito por eles, sem sequer ler e sem formular opinião crítica sobre o contéudo". Para ela, esse assunto é tão sério que deveria ser tema de congressos de educação para que, juntos, os professores encontrem soluções para o problema.

Considerada prática antieducativa, a artimanha do "control c + control v" tem feito a festa de muitos alunos desinteressados em um bom aprendizado e enganado a pais e professores desavisados. Para o professor do curso de administração e marketing da Farn, José Padilha Neto, a situação atinge com frequência também alunos do curso superior e até de pós-graduação. Por isso, ele aplica uma técnica para descobrir quando o texto é copiado. Basta digitar em um site de busca parte do texto que o aluno entregou. Mas, para evitar o constrangimento, ele prefere estimular a pesquisa sobre temáticas exclusivas, colocando situações-problemas para os alunos resolverem. "O aluno tem que fazer várias pesquisas para apresentar uma solução ao problema, aplicando na prática o que aprendeu na teoria", indicou o professor.

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