terça-feira, junho 12, 2012

Sertão do Velho Lua em harmonias orquestrais



Saudades. A palavra oficialmente conhecida somente nos idiomas galego e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, falta, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar". Saudade, foi o que sentiu o público convidado ao assistir a primeira apresentação do Projeto Concertos Sinfônicos Clássicos do Baião - Tributo a Gonzagão, na noite do domingo passado no Teatro Municipal Dix-Huit Rosado, em Mossoró.
Alcimar MendesUnindo Orquestra Sinfônica da UFRN e artistas potiguares, Sesc põe na estrada o projeto Concertos Sinfônicos Clássicos do Baião - Tributo a Gonzagão. Estreia foi sábado e termina em 2013.Unindo Orquestra Sinfônica da UFRN e artistas potiguares, Sesc põe na estrada o projeto Concertos Sinfônicos Clássicos do Baião - Tributo a Gonzagão. Estreia foi sábado e termina em 2013.

O concerto, promovido pelo Sesc/RN em parceria com a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), encantou crianças, adultos e idosos que rememoram clássicos de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, rearranjados numa envolvente sinfonia de cordas, instrumentos de sopro e, por que não, zabumba, triângulo e sanfona? Se estivesse vivo, Luiz Gonzaga completaria, no dia 13 de dezembro deste ano, 100 anos. "É uma justa homenagem que fazemos a maior figura da cultura nordestina no ano do seu centenário de nascimento. Não houve escolha melhor para o projeto", relatou o diretor regional do Sesc/RN, Laumir Barreto.
Alcimar MendesPúblico se emocionou com repertório do Rei do BaiãoPúblico se emocionou com repertório do Rei do Baião
E quem chamou o público ao espetáculo foi o ator/cantor Caio Padilha, que parecia conversar com Gonzagão através de imagens exibidas em telões, contendo entrevistas que o maior ícone da cultura nordestina concedera no passado. No vídeo, Luiz Gonzaga explicava como um cantor do sertão nordestino se montava: com um gibão, uma sanfona e chapéu de couro. Já na primeira seleção de músicas tocadas pela orquestra sob a regência do maestro André Muniz,  a emoção da platéia era evidente e os músicos foram aplaudidos de pé.

Visivelmente emocionada, a cantora Khrystal foi a primeira a subir ao palco e interpretou o clássico "Baião". Em seguida, o dramático "Assum Preto" ganhou um tom ainda mais melancólico proporcionado pelos instrumentos da orquestra e com uma emocionante performance de Valéria Oliveira. Como uma espécie de coringa, atuando e cantando, Caio Padilha interpretou "Que nem jiló", seguido pelo tímido, mas não menos talentoso, Widger Valle com a canção "Danado de bom".
Alcimar MendesA junção música erudita e popular é a proposta do projetoA junção música erudita e popular é a proposta do projeto
A esta altura, a orquestra e os cantores já tinham arrebatado a emoção da platéia e Luiz Gonzaga parecia estar ali, a cada novo vídeo projetado.  Nem menina, nem mulher, num vestidinho branco esvoaçante, Camila Masiso embalou o "Xote das Meninas", uma das mais conhecidas do Gonzagão. "Esta música reflete de alguma forma, o momento pelo qual estou passando neste momento. Não que eu só pense em namorar, mas me sinto mais madura, mais mulher", brincou a intérprete.

A noite parecia ter caído com as imagens do luar e do céu estrelado projetadas nos telões. O sanfoneiro Zé Hilton, acompanhado por músicos da Orquestra, tocam "Luar do Sertão" enquanto o público se encarrega de cantarolar a canção.

Em alguns momentos, a cumplicidade da orquestra com as imagens de Luiz Gonzaga era tão intensa que em "Dança Mariquinha", o passado e o presente se uniram numa comunhão complexa e harmoniosa de sons: era como se Luiz Gonzaga chamasse a orquestra para o acompanhar naquela canção. Para o professor Alípio Neto, que ao longo do concerto cantou quase todas as músicas, aquele foi um momento único. "Eu lembrei do meu pai e das músicas que ele cantava para mim e para meus irmãos. Estou muito emocionado", relatou.  Os olhos marejados do professor mossoroense pareciam navegar pelos mares da saudade. No encerramento, todos os cantores se uniram à orquestra e cantaram "Asa Branca", acompanhada em coro pelo público. O concerto foi encerrado com "Vida de Viajante", que em seus versos descreve o que pode ter sido a vida do "Rei do Baião", feita de alegria e saudade.

Mais de 4 milhões de pessoas já estão inscritas no Enem 2012



Brasília - O número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 chegou hoje (12) a 4 milhões. O prazo para inscrições, que começou no fim de maio, termina na sexta-feira (15). Os interessados devem acessar a página do Enem na internet até as 23h59 do dia 15 e pagar, até o dia 20, a taxa de inscrição de R$ 35.

O exame será aplicado nos dias 3 e 4 de novembro. No primeiro dia de provas, os participantes terão quatro horas e meia para responder às questões de ciências humanas e da natureza. No segundo, será a vez das provas de matemática e linguagens, além da redação, com um total de cinco horas e meia de duração. A divulgação do gabarito está prevista para 7 de novembro, e o resultado final deve sair em 28 de dezembro.

No ano passado, cerca de 6 milhões de estudantes se inscreveram no Enem, mas pouco mais de 5 milhões pagaram a taxa. Desde 2009, a prova ganhou mais importância porque passou a ser usada por instituições públicas de ensino superior como critério de seleção em substituição dos vestibulares tradicionais. A participação no exame também é pré-requisito para quem quer participar de programas de financiamento e de acesso ao ensino superior, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Ciência sem Fronteiras.

Até as 14h de hoje, os estados com maior número de inscritos foram São Paulo (659.441), Minas Gerais (425.033) e Rio de Janeiro (315.292). A expectativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) é que o volume de inscrições aumente nesses últimos dias, conforme a demanda observada nos anos anteriores.

Com informações da Agência Brasil.

Projetos do legado não saem do papel


Três anos após o anúncio como sede do maior evento esportivo mundial, o legado da Copa do Mundo em Natal ainda é um grande projeto. No dia 31 de maio de 2009, a Fifa anunciou Natal como uma das sedes. Desde então o termo "legado" se popularizou entre governantes, políticos e gestores. A partir disso, Natal se tornaria uma cidade mais moderna, com vias públicas rápidas, um sistema de saúde fortalecido e mais segurança. Apesar da festa, e transcorrido mais da metade do tempo disponível para a cidade tirar do papel seus projetos, poucas idéias saíram do papel. Apenas uma das obras de mobilidade saiu do papel, a idéia de incluir mais três mil homens no efetivo da Polícia Militar começa a ser descartada e o principal projeto para a área da saúde é a utilização da estrutura da rede privada. Mesmo assim, a governadora Rosalba Ciarlini mantém o otimismo sobre o legado da Copa do Mundo em Natal.
Emanuel AmaralA obra do Viaduto da Urbana é uma das que não saiu do papelA obra do Viaduto da Urbana é uma das que não saiu do papel

Saúde

A atual estrutura de hospitais seria suficiente para atender a demanda durante a Copa do Mundo em Natal. Segundo informações do Governo do Estado, há projetos para expansão da rede de saúde pública, mas é a utilização da rede privada o que dará sustentação ao evento na capital potiguar. A localização da Arena das Dunas, que fica nas proximidades de vários hospitais privados e do Hospital Walfredo Gurgel, é citada como um trunfo. A utilização da rede privada daria suporte em caso de emergências. Mas isso não significa que não há projetos de expansão para a rede pública.

O coordenador do comitê de Saúde do Governo do Estado, relacionado à Copa, Luís Roberto Fonseca, afirma que o caderno de encargos da Fifa na área de saúde não traz muitas exigências. "Mesmo assim, é uma oportunidade para conseguir melhorias para a cidade", diz Luís Roberto. Entre as melhorias planejadas, estão um hospital de trauma em Natal, um hospital geral, quatro Unidades de Pronto Atendimento, ainda na capital, e mais três UPA´s em Parnamirim, Macaíba e São Gonçalo. Fazem parte ainda do projeto novos leitos de terapia intensiva e a renovação da frota do Samu.

As UPA´s estão encaminhadas. Das três da Região Metropolitana, duas estão perto de serem inauguradas. A de Macaíba será inaugurada em agosto. A de Parnamirim em setembro, enquanto que em São Gonçalo a licitação está sendo gestada. Em Natal, a UPA de Pajuçara está em funcionamento e a de Cidade da Esperança no fim das obras. "As unidades de pronto atendimento são mais simples, porque demoram quatro meses para construir, caso não tenha dificuldades adicionais", explica Luís Roberto Fonseca. Já no que diz respeito aos hospitais, a fase ainda é de projeto. Não há orçamento e nem recurso garantido. A frota do Samu Metropolitano já foi renovada, faltando somente a do Samu Natal.

Segurança

Para a Polícia Militar, o cenário ideal seria contar com 14 mil homens em 2014. Ninguém fala oficialmente que a meta é impossível, mas pessoas do Governo do Estado consideram muito difícil chegar a esse número, tendo em vista que a PM hoje tem pouco menos de 10 mil homens. Em entrevista recente à TRIBUNA DO NORTE, o comandanta da PM, coronel Francisco Araújo, disse que teria de ser incorporado um quantitativo de mil homens por ano. Em 2012, é improvável que o Governo atenda à meta.

O Governo trabalha, por conta disso, com um Plano B, referendado pela Secretaria Extraordinária para Grandes Eventos, do Governo Federal. Seria contar com policiais de estados que não são sede da Copa do Mundo. "Trabalhamos com um plano alternativo, que é o plano da   Secretaria Extraordinária para Grandes Eventos. Esse ano é improvável efetivar mil homens na PM", afirma o coronel Zacarias Mendonça, representante da PM no comitê gestor.

Além disso, a PM espera por qualificação e compra de novos equipamentos. A qualificação já começou. Alguns oficiais estão recebendo treinamento em Brasília no intuito de repassar o conhecimento para os demais policiais. Equipamentos como armas e viaturas só devem ser enviados pelo Governo Federal no próximo ano.

No que diz respeito à Secretaria de Segurança Pública, o secretário Aldair Rocha afirma que há a necessidade de um centro de comando e controle para integrar as ações da PM e da Polícia Civil. O prédio do papódromo pode ser ajustado para receber esse centro. A possibilidade está em estudos.

Mobilidade

Dentre todas as obras assumidas pelo Governo do Estado e pela Prefeitura do Natal na área de mobilidade urbana, a única que saiu do papel até agora foi o prolongamento da avenida Omar O´Grady/Prudente de Morais. Segundo a governadora Rosalba Ciarlini, os túneis do prolongamento estarão prontos no segundo semestre, ao mesmo tempo em que o viaduto do entrocamento entre a Prudente de Morais e a BR-101 começará a ser construído. No mais, todas as obras de mobilidade, tanto da Prefeitura do Natal quanto do Governo do Estado, estão em fases pré-construção, seja em processo de licitação, elaboração de projetos, desapropriações, recapeamento de ruas, etc.

As obras da Prefeitura do Natal têm dois lotes. O primeiro inclui o Complexo da Urbana, a Capitão Mor Gouveia, a BR-226 e a Felizardo Moura depende de uma audiência pública para ter continuidade. A obra foi licitada, mas há uma polêmica relativa às desapropriações e o processo só irá continuar após a audiência, convocada pelo Ministério Público Estadual. O recapeamento do asfalto das ruas que servirão de alternativa aos motoristas quando as obras começarem nas outras vias, que ficarão interditadas. Já o lote dois inclui cinco cruzamentos no entorno da Arena das Dunas está com o projeto sendo elaborado, com expectativa de terminar esse mês.

O Governo do Estado é responsável pela reestruturação da avenida Engenheiro Roberto Freire, as obras do Pró-transporte e pelos acessos do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Todas estão em processo de licitação e de produção dos projetos, mas nenhuma começou de fato. A expectativa é que nos próximos meses a construção seja iniciada.

No que diz respeito aos aeroportos, o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante está em fase de elaboração do projeto executivo. No Aeroporto Augusto Severo, a reforma já começou e deve terminar este ano.

Qualificação

Segundo a governadora Rosalba Ciarlini, o Estado qualifica, em parceria com o Sisetma S e com o Governo, cerca de 17 mil pessoas neste momento. "Não vamos ficar por aí. Teremos a qualificação direcionada para o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que também servirá para a Copa do Mundo". A prioridade é o ensino de línguas estrangeiras.

Divulgado resultado do concurso da UFERSA

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido, por meio da Comissão Permanente de Processo Seletivo, divulgou o resultado final do concurso público para cargos administrativos – nível superior e médio, realizado no dia 29 de abril.
Confira AQUI a relação.

Namoros abençoados

Grupo de jovens celebra Dia dos Namorados com fé e espiritualidade em Parnamirim
Júlio Rocha
Juliorocha.rn@dabr.com.br

Enquanto muitos casais procuram no Dia dos Namorados presentes, prazer ou atividades semelhantes que marcam a passagem de mais um ano juntos, um grupo de 60 jovens namorados vivenciaram no último final de semana uma experiência diferente, onde a espiritualidade e o relacionamento sadio através da vivência na fé católica foram apresentados durante dois dias.
Padre Valtair Lira celebra missa com os participantes do Retiro Namorando em Deus. Fotos: Júlio Rocha/DN/D.A.Press
A Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus, uma nova comunidade da Arquidiocese de Natal realizou o 2º Retiro Namorando em Deus, que atraiu jovens casais com média de idade entre 15 e 28 anos, de várias cidades como Natal, Parnamirim, Santa Cruz e Currais Novos.

A organizadora do evento, Bruna de Maria, explicou que o objetivo do retiro é apresentar o namoro com uma perspectiva de busca de santidade para a estruturação de uma futura família. "O namoro é o tempo de preparação para o matrimônio, por isso precisa ser vivido de uma maneira saudável com a presença de Deus, preservando a castidade e a intimidade do casal", disse Bruna.
Lamonier Gomes e Hammina Nunes: participação no evento pelo segundo ano.
O casal Felix Emanuel, 25, e Luiza Santos, 23, enfrentaram a distância de 180 km entre Currais Novos e Parnamirim, em um microônibus com mais 15 casais que participaram pela primeira vez do evento, para eles uma experiência de crescimento e maturidade do namoro.

"Nós namoramos há pouco mais de um ano, ficamos felizes neste retiro onde pudemos encontrar com outros casais que também lutam para viver um namoro santo, através de um aprofundamento espiritual e de orientações sobre como viver uma sexualidade à luz dos ensinamentos da Igreja", enfatizou Felix Emanuel.

A programação do evento contou com formações sobre namoro, momentos de oração, missa, celebrada pelo padre Valtair, mas também com momentos de romantismo através de sessão de cinema, jantar romântico, talk-show; além de lazer para a integração dos casais.

"Através de atividades formativas e dinâmicas apresentamos o respeito que se deve ter à castidade e pureza do casal, já que hoje em dia é comum namoros com infidelidade, sexualidade desregrada e superficialidade", afirmou Bruna de Maria.

Namoro a três

Um dos conceitos mais difundidos pelos padres e pregadores do Namorando em Deus, é o "namoro a três", ou seja, além do namorado e da namorada, a presença de Deus no relacionamento, através do respeito aos mandamentos, da vivência na fé e do exemplo da sagrada família.

O militar Lamonier Gomes, 24, e a estudante Hammina Nunes, 18, participam pelo segundo ano do retiro e mostram a necessidade de um namoro santo para o alicerce do relacionamento.

"Quando eu disse às amigas que viria para um retiro de namorados, todas acharam estranho, mas aqui aprendemos a verdadeira necessidade de um namoro em Deus, principalmente neste momento em que muitos jovens começam a descobrir a sexualidade e precisam de orientações para construir um relacionamento seguro", afirmou Haminna.

Para Lamonier Gomes, a oportunidade de viver um namoro santo é um caminho para a formação de uma família, através da lealdade e respeito entre o casal. "Apesar de muitas vezes no início sermos criticados por viver um namoro de forma sagrada, somos espelhos para outros casais de amigos, mostrando que através de momentos de intimidade com Deus, rezando junto, partilhando nossas dificuldades e tendo Ele como centro, damos passos para um futuro matrimônio santo", contou o militar.

RN entre os piores

No dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, estado exibe dados preocupantes
Paulo Nascimento // Especial para o Diário de Natal
paulonascimento.rn@dabr.com.br


Não só de boas lembranças é marcado o dia 12 de junho. Enquanto no Brasil comemora-se o Dia dos Namorados, em todo o mundo um assunto muito mais "pesado" é tratado: trabalho infantil. Nesta terça é lembrado o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. E no Rio Grande do Norte, apesar dos avanços registrados nos últimos anos, a situação ainda preocupa os envolvidos no combate à exploração de crianças e adolescentes. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), aproximadamente 13% das crianças nordestinas estão envolvidas em situação ilegal de trabalho. E o RN ocupa a 8ª pior colocação entre os estados brasileiros entra faixa etária dos dez aos 14 anos de idade são 27.399 potiguares em condições de trabalho ilícito. Já na faixa entre cinco e nove anos, o estado é o 7º colocado, com 2.936 crianças em trabalho ilegal. Estes números deixam o RN, em relação ao restante da região Nordeste, atrás de Bahia, do Ceará e do Piauí.
Muitas crianças acompanham familiares em seu trabalho nas feiras livres. Fotos: Fábio Cortez/DN/D.A Press
Com 19 anos de atuação, o Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho da Criança e de Proteção ao Adolescente Trabalhador (Foca-RN) - o primeiro a ser criado no Brasil - trabalha em conjunto com vários órgãos em defesa das crianças e adolescentes, mas ainda registra inúmeros casos ilegais por todo o Estado. Segundo a coordenador do fórum potiguar, Marinalva Cardoso, vários pontos já foram melhorados, mas a luta ainda continua. "Inúmeros tópicos foram debelados e as melhoras foram substanciais nos últimos anos, mas ainda estamos em um momento preocupante.

Casos como as quebras das castanhas em João Câmara, feiras livres, matadouros e casas de farinha em todo o Estado", pontuou Marinalva. Dentre os casos, a fabricação de farinha de mandioca é considerada a de enfrentamento mais complicado, pois as "casas de farinha" são quase sempre instaladas em locais distantes e as crianças são levadas para trabalhar pelos próprios pais, para aumento de renda e também pela falta de estrutura para abrigar as criançasenquanto os mesmo trabalham, como escolas infantis e creche.

A ELEGÂNCIA NO OFÍCIO E NO TRAJE



 Jair Eloi de Souza (*)

Os deuses da elegância serão meus coadjuvantes nessa empreitada de resgatar não só uma artífice do bem vestir, mas um estilo de vida cuja vocação era dar lordeza e luxo aos que dela se serviram. Sua tenda de passar ou engomar roupa era um “chão-cabana” de taipa, adereçado de uma latada rústica, que albergava a trepadeira mimo do céu. Adornavam seu terreiro fileiras de boas-noites, crotes, rosas dálias. Na retaguarda uma quinta com juazeiro centenário e uma cajaraneira de era, onde criava galinhas caipiras. A conheci nos meus tempos de infância. Tinha uma silhueta esguia, andar compassado, elegante, sutil, pele macerada pelo tempo e pela crueza do seu ofício em brasa, engomando roupas dos mais abastados do tempo. À tarde dava-se a entrega em domicílio da roupa passada durante todo o dia. Fazia desse gesto um ritual de beleza cênica, quando punha no seu rosto o rouge e em seus lábios grossos batom de cor vermelha.

Assim era Maria de Fia. Reguei muitas vezes o seu jardim, e sempre me pagava pontualmente. Gostava de flores e de canto. Tinha uma voz alongada, sedosa, límpida. Fazia dos seus solfejos a forma mais prazerosa de cumprimentar o velho ferro de engomar e, porque também não, a sua solidão, já que era solteira e não tinha filhos, vivendo nos cuidados e companhia de sua mãe, Fia velha. Maria de Fia é irmã de Cheirim, mulher do caboclo puxado na cor, o mestre de obra  Joel, e de Vinô, esposa de Chico Onça, que prazerosamente se dizia cabra de Quinca Saldanha quando na puberdade dos tempos e dera corretivos a muitos elementos ruins. Que ensinamentos!... cabra ruim,  anoiteciam e não amanheciam, era a regra naqueles tempos de coronéis.

Meu sentimento de escriba verseja no bem-querer a minha Jardim, aos seus personagens, dos mais simples, tangidos pelo anonimato, apesar de consumirem uma vida inteira de ofício laboral sob as vestes da dignidade, da honradez, mas esquecidos pela memória, pela lembrança, pelo reconhecimento até de sua vizinhança. Maria de Fia não era só uma simples passadeira de roupa da urbe jardinense. Era um personagem, que gostava de flores, que cantarolava em sua melancolia, alimentava em sua quinta concrizes em reprodução, canários da terra, ralhava com os gaioleiros que investiam no aprisionamento desses pássaros, cena a que assisti muitas vezes, mesmo sem entender aquela defesa do encantador mundo dos bichos.

Hoje, os canários não existem mais, os concrizes não fazem mais aquela sinfonia em bolandeira, colhendo os frutos do melão-de-são caetano no feudo de Maria de Fia. Esta não solfeja mais as modinhas de época, o outono chegara. A primavera em canto se fora nas dobras do tempo. Os colarinhos engomados não têm mais sua arte, as pregas de calças sociais em linho branco S-120 são relíquias em desuso, o cênico sanfonado das saias plissadas jaz na prateleira do esquecimento.   

Paleando com Joaquim, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, este me informou que Maria de Fia, atualmente, reside em companhia de uma parente na Cidade de Patos, recebendo o meneio do velho Espinharas. Daí, imaginar-se que, embora ausente da urbe jardinense onde vivera,  a velha passadeira não deixa de embalar sua grande saudade da nossa Jardim, pois espera que, mesmo abotoado no seu abraço com o seu coirmão, o Piranhas, o Espinharas presenteia sua terra natal com lembrança de uma cidadã que, no seu ofício de passadeira de roupa, fez o bom cênico da lordeza em tempos idos.

Em lua cheia e festejos juninos/2012.

(*) Professor de Direito e escriba da cena sertaneja.
Fonte: Blog de Alcimar

UM CAMPÔNIO E MESTRE ESCOLA!... MANOELZINHO DE MANOEL ANTÔNIO.


MANOEL ANTÔNIO, ESPOSA, FILHOS E NETOS - NATAL DE 1972

Jair Eloi de Souza (*)

Grassava a estação outonal da era cinquenta. Precisamente seu último ano, 1959. O sertanejo, estraçalhado pela travessia da grande seca do ano anterior, perdera seus gados, criações, seus haveres, restando minguados teréns para um lento e difícil recomeço. Havia uma esperança vinda das bandas do Piauí. Chuvadas caíam no semiárido desse Estado e já atingiam o noroeste do Ceará. A quadra chuvosa nos sertões do Seridó era uma questão de tempo. E assim se fez. Os povos do cinzento da Ribeira meã do Piranhas já se antecipavam, quebrando os batumes das lagoas, destorroando-os para o plantio do arroz. Os gringos[1] já atendiam seus fregueses com o caroço do algodão mocó para a semeadura renovadora dos algodoais e despachavam o crédito para a compra do algodão na folha[2].

Eis que numa tarde, em mês de Carnaval, nevoeiros esparsos se agregaram e, num toque de mágica, redemoinhos desembestados prenunciaram chuvas rápidas. Telhas em cumeeiras soltas espatifaram-se no chão, para assombração e alegria dos povos daqueles Sertões do Seridó. Começava ali um decênio mais dadivoso em invernada até o ano de l969, pois que l970 revelou-se seca recrudescente e de penosa travessia. Naquele ano do pós-seca, l959, nos preparos dos campos de algodão, medidos em correntes, conheci Manoelzinho do velho Manoel Antônio. Manco no cênico, brioso e inteligente nos quadrantes da faina agropastoril, em que reunia rapidez nos cálculos, na aritmética, regra de três, proporção e ilustrado permeio na gramática e leitura. Inteligência rara, cubava as áreas no olho e comprovava na prática. Raramente errava.   
   
Um ser de múltiplas aptidões. Sua deficiência somática gerava a exuberância de desenvoltura no trato com qualquer empreitada que lhe fosse confiada. No transcorrer dos mutirões de semeadura, de limpa, de construção de açude em couro de boi, tinha leveza de antílope nas planícies dos descampados do tempo. Homem de traquejo junto ao rebanho, naquilo que dizia respeito à vacinação, aplicação de medicamentos, ferra de gado, sinalização da miunça. Seu pai, o generoso e incansável Manoel Antônio, tinha-o como um gerente. Nos tempos de hoje, um executivo de qualquer empresa do agronegócio.

Manoelzinho figura na galeria dos melhores mestres-escolas nas terras e cercanias do Riachão de Baixo, Flores, Braz, Assembleia dos Bau, Amparo. Onde também tivemos o saudoso Professor Bernardo, Dona Evilásia, Bárbara Rodrigues. Quão orgulho de ter sido seu aluno, mesmo já matriculado na escola pública. Suas aulas eram um baita reforço, principalmente na hora vesperal de prestar o exame de admissão com o saudoso João Bangu, na freguesia de Santana. Dinâmica da sabatina coletiva semanal, o famoso argumento, que tinha a presença da intimidadora palmatória, distribuindo quinau[3],  geralmente, na quinta-feira à tarde.

Meu avô, o velho matuto comboieiro contador de história, Chico Eloi, dizia aos quatro cantos do mundo: O aleijado de compadre Mané Antônio é um dos homens mais inteligentes que conheci na face da terra. Dançarino, gostava de frequentar os toques[4], não havia mistério para desfilar com cabrocha em som de um xote jineteado. A ciência era tomar a primeira talagada de aguardente ou queimado de conhaque de alcatrão São João da Barra. Manoelzinho é desses personagens que talhou as adversidades de sua época, foi doutor em seu feudo rurícola, padrão de raciocínio e reflexão. Puxador de incelências[5] que varava as noites, de quadrilhas, prosador jocoso em debulhamento de feijão. E, para não esquecer nem fugir à regra, era um senhor ator quando comandava as zombarias e encenações na Semana Santa, na serração e malhação do velho traidor, o Judas Iscariotes.

Manoelzinho era meu parente, pois, sendo neto do incansável Caboclo Antônio, uma saga honrada que vivera no coice da burrarada e na faina agropastoril, tendo este entre suas esposas duas irmãs (em razão de falecimentos), primas do meu avô. Era Manoelzinho casado com Inês, também minha parente, e gerara ao lado desta uma prole exuberante, com os quais fui colega de desasnamento. Sem exagero, esse personagem tem lenho para merecer dos escribas telúricos uma obra completa, pois marcara época em nossa Jardim.

Ainda é outono em lua minguante/ano 2012.

(*) Professor de Direito e escriba da tenda sertaneja.



[1] Gringos: Ingleses que possuíam usinas de beneficiamentos de algodão mocó e monopolizavam o comércio. Quando configurada a quadra chuvosa, já adiantavam empréstimos sem cobrança de juros aos seus intermediários nas terras do Seridó.
[2] Vender o algodão na folha; adiantamento de certa quantia na estação da limpa e cultivo, para ser deduzida na entrega da safra, a partir da lua setembrina.
[3] Quinau: ato ou efeito de corrigir, corretivo, dar lição de conhecimento no colega.
[4] Toques: assim se denomina antigamente o forró-pé-de-serra, samba puxado a concertina ou fole de oito baixos, igualzinho ao do velho Januário, tão decantado pelo seu filho Luiz Gonzaga.
[5] Incelências ou excelências: cantigas de velório em uníssono. Sem instrumento musical.
 
Fonte: Blog de Alcimar

IMAGENS DE NOSSA SENHORA DOS AFLITOS CHEGANDO A JARDIM DE PIRANHAS TOTALMENTE RESTAURADA






















1ª MARCHA DA JUVENTUDE CONTRA AS DROGAS EM JARDIM DE PIRANHAS

Jardim de Piranhas parou na manhã de hoje, para dizer não as drogas. Centenas de jovens se reuniram no Clube Atlético Piranhas (CAP) no quarto evento social do Partido Social Democrático (PSD) direcionado para a juventude. Com o tema “Crack, tire essa pedra do seu caminho”, a mobilização, considerada a maior já realizada no município, reuniu grupos de jovens, escoteiros, desportistas, artistas e comunidade em geral, num grande grito de alerta contra um dos maiores problemas sociais da atualidade.
Hoje também foi realizada a 1ª marcha da Juventude contra as drogas, organizada pelos próprios jovens com apoio do comércio local. As ruas ficaram tomadas pelos manifestantes que seguravam faixas e cartazes com frases de conscientização contra as drogas. A mobilização saiu da Praça Padre João Maria em direção ao CAP onde o PSD realizava o Encontro da Juventude.
Diversos grupos artísticos apresentaram atividades relacionadas com o tema. Para os organizadores, o evento não poderia ter sido melhor, sobretudo pela participação maciça da juventude, pais e escolas. O presidente da Comissão Provisória do PSD, Elídio Queiroz, disse que, com esse evento, o partido cumpre sua função social, assim como já faz em nível de Brasil, através da sub-relatoria da Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas e ao Crack da Câmara dos Deputados.