terça-feira, março 02, 2010

Sul-americanos brigam pelo Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010

iG São Paulo

Sem ter conseguido emplacar mais uma vez um representante no Oscar, uma opção para os brasileiros em 2010 é torcer para os dois sul-americanos que entraram na disputa de melhor filme estrangeiro: o peruano "A Teta Assustada", de Claudia Llosa, já disponível em DVD no Brasil, e o argentino "O Segredo dos Seus Olhos", de Juan José Campanella, que entra em cartaz nesta sexta-feira (26). E a torcida vai precisar ser mesmo grande: o alemão "A Fita Branca", de Michael Haneke, é o franco favorito a levar a estatueta para casa.

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"A Teta Assustada": filme garantiu primeira indicação do Peru ao Oscar

O filme de Campanella é o último concorrente da categoria a estrear por aqui antes da cerimônia, marcada para 07 de março. Permanecem inéditos o francês "O Profeta", de Jacques Audiard, marcado para 30 de abril, e o israelense "Ajami", sem qualquer previsão.

É a segunda edição em que dois longas-metragens da América do Sul concorrem juntos ao prêmio: a primeira foi em 1998, com "Central do Brasil" e o argentino "Tango", de Carlos Saura. Ambos perderam para Roberto Begnini em "A Vida É Bela". O único sul-americano a ganhar o Oscar foi "A História Oficial", do argentino Luis Puenzo, estrelado por Norma Aleandro – como se pode notar, a Argentina é escolada no Oscar, com um total de seis indicações.

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Ricardo Darín: astro argentino

E desta vez o representante do país não deixa por menos. "O Segredo dos Seus Olhos" chega na competição com aval da crítica e público – é o filme nacional mais visto na Argentina em 35 anos – e tem a direção do talentoso Campanella ("O Filho da Noiva", outro indicado), que se divide entre Buenos Aires e Hollywood, para dirigir ocasionalmente seriados norte-americanos. Quase da casa.

Não é o caso de "A Teta Assustada". Vencedor do Urso de Ouro, em Berlim, no começo do ano passado, o filme garantiu ao Peru sua primeira indicação na Academia de Hollywood. A história retrata a agonia da jovem Fausta (Magaly Solier), vítima de uma maldição, um mito local: como sua mãe foi estuprada na época da ditadura, diz-se que ela transmitiu todo o medo à filha na amamentação, a tal "teta assustada". O temor constante faz com que Fausta adote outra solução do imaginário popular: mantém uma batata na vagina, para afastar homens mal-intencionados.

A premissa bizarra não impede que o longa faça um retrato sincero da cultura indígena andina, repleta de cores, música e devoção religiosa. "É algo muito importante para nós", confessou a diretora Claudia Llosa, sobrinha do escritor Mario Vargas Llosa. "É como se nosso país estivesse mostrando sua memória ao mundo. Este filme mostra que, de algum modo, conseguimos arrancar algo de belo das trevas."

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O israelense "Ajami": cinco histórias em bairro de miscigenação religiosa

Alemanha, França e Israel

Depois de uma carreira internacional repleta de prêmios, parece que só falta o Oscar para "A Fita Branca". Grande vencedor do Festival de Cannes, o filme do austríaco Michael Haneke ("Caché", "Professora de Piano") não saiu mais da vitrine depois disso, colecionando honrarias pela Europa e América do Norte, sendo o Globo de Ouro a mais recente.

A forma econômica e ao mesmo tempo dura que Haneke escolheu para ilustrar o espírito embrionário do nazismo vem na forma de um microcosmo. Em um pequeno povoado da Alemanha, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, uma série de crimes cruéis começa a preocupar a população. Intriga a presença constante de um grupo de crianças nos arredores. Tudo na belíssima fotografia preto e branco de Christian Berger, também indicada ao Oscar.

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"O Profeta": 35º representante da França

Apesar do favoritismo, Haneke fica com o pé atrás, até porque o prêmio de filme estrangeiro sempre reserva algumas surpresas, como no ano passado, no qual o japonês "A Partida" foi o vencedor. "Sou supersticioso, então prefiro não cantar vitória antes da hora", afirmou o cineasta. Outro fator importante é que, ao contrário dos prêmios principais, para votar na categoria é preciso comprovar ter visto todos os concorrentes. Por isso, as chances de alguém votar em um filme só porque ele foi bem falado caem bastante.

O que não é o caso aqui, nem do francês "O Profeta", de Jacques Audiard ("De Tanto Bater Meu Coração Parou"). Responsável por dar à França sua 35ª indicação ao Oscar – é o país que mais concorreu ao prêmio –, o longa ganhou justamente de "A Fita Branca" no Bafta, o Oscar britânico, e no National Board of Review. Sem contar que também foi lembrado em Cannes, com o Grande Prêmio do Júri. Boa parte do sucesso do filme é atribuído ao estreante Tahar Rahim, que interpreta um jovem presidiário muçulmano que usa a inteligência para sobreviver à prisão.

O quinto concorrente é o israelense "Ajami", dirigido por Yaron Shani e pelo palestino Scandar Copti, que também atua no filme. Surpresa entre os indicados, "Ajami" é o nome de um bairro em Tel Aviv onde vivem muçulmanos, cristãos e judeus. A história aborda cinco histórias de pessoas que vivem na região. "Com a indicação, as pessoas terão a chance de entender como é a vida de um palestino em Israel. Isso vai nos colocar no mapa", comemorou Copti, em entrevista à Associated Press.

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