segunda-feira, março 08, 2010

Ponto de vista deles

A propósito do Dia Internacional da Mulher, comemorado amanhã, eles refletem e opinam sobre o sexo oposto

UM EX-MULHERENGO

Por Roberta Sampaio

O produtor musical, letrista, escritor e jornalista Nelson Motta é pai de três filhas, avô de duas netas (e um neto), único filho homem - tem duas irmãs - e está no quinto casamento. Foi um "mulherengo patológico" (palavras dele) até os 40. Hoje, aos 65 anos, desfruta da família, da companhia da atual mulher, Andréa Jordão, e da sabedoria acumulada sobre a espécie feminina.

Quais são as referências femininas mais fortes na sua vida?

Minha avó Elza, que era austríaca, e minha mãe Xixa, de 89 anos, como referências amorosas. Sempre fizeram me sentir muito amado. E minhas filhas, Joana, Esperança e Nina Morena, com quem aprendi mais do que ensinei, experimentei um amor incondicional, companheiro e cheio de alegria. Com minhas netas, Antonia e Marina, estou experimentado uma outra referência amorosa maravilhosa. Sempre vivi num mundo feminino. Meus únicos concorrentes são meu pai, de 89 anos, e meu neto Joaquim, de 13.

Do seu primeiro casamento ao último, o que mudou na forma de você se relacionar com elas?

Tudo. Não se pode comparar um moleque de 24 anos, que sai da casa dos pais para casar com uma mulher quatro anos mais velha, como foi meu primeiro casamento, com o que vivo hoje: avô, em busca de paz, amor e sossego.

Quem se transformou: você ou as mulheres?

Posso ser meio louco, mas não sou burro. Então, aprendi bastante com meus erros, ciúmes, controles, desconfianças, paranoias, carências, traições... todo esse lixo. Acho que mereço a paz em que vivo hoje. Paz em movimento, é claro!

É difícil conviver com uma mulher?

Muito. Sabe aquela história do Freud de "nunca se sabe o que quer uma mulher"? Pois é...

O MÉDICO DAS EMOÇÕES

Paulo Serafini vive de braços dados com a ciência - mas não só isso. Médico associado à Clínica Huntington, é também professor e pesquisador no Brasil e Estados Unidos. No exercício da profissão, busca fazer com que mulheres com problemas de infertilidade realizem o sonho de serem mães. É aí que tem contato privilegiado com a natureza humana - especialmente a feminina.

Pela sua vivência, qual o significado de ser mãe para a mulher ?

Apesar de toda a evolução, a maternidade ainda é uma "imposição social". Algumas mulheres convivem bem com isso. Mas, para outras, ser mãe é imprescindível. Creio que a maternidade é o modo inconsciente de uma mulher extravasar um amor único, que, se aprisionado, mata uma parte dela. Por isso, é tão doloroso para a mulher que almeja ser mãe, e sonha com isso, não conseguir realizar esse desejo. Ela não tem para onde direcionar esse amor. Por mais que tente, o vazio a acompanha.

O que representa ajudá-las a realizar esse desejo?

É muito bom ser capaz de proporcionar uma felicidade dessa imensidão. Sentir no agradecimento dessas mulheres e desses casais o mesmo amor que têm guardado para a criança é uma sensação que não é passível de descrição.

FOTÓGRAFO DO BELO

Por Roberta Sampaio

Mulher bonita é fichinha para o fotógrafo catalão J. R. Duran, acostumado a clicar beldades no seu dia a dia, quando vende sonhos e glamour em campanhas publicitárias, editoriais de moda e nas principais capas de revistas do País - inclusive a Playboy. Na sua opinião, porém, o conteúdo é o que mais importa. Diz que a melhor modelo é a que tem personalidade.

O que é uma mulher bonita?

Segundo Voltaire, a beleza é aquilo que mexe com nossos sentimentos e emoções. Assim, uma mulher bonita é aquela que mexe com os sentimentos e emoções de quem a observa. Só que a percepção difere de uma pessoa para outra. É claro que tem aquelas que tocam um maior número de pessoas. Mas não diria que essas são mais bonitas que outras, apenas que satisfazem um público maior.

PALAVRA DE GALÃ

Por Ciça Vallerio

Raí está com 44 anos e solteiro. Ex-jogador, empresário, palestrante e criador da ONG Gol de Letra, o eterno (e reservado) bonitão tem duas filhas do primeiro casamento - Emanuella, de 26, que lhe deu uma neta, e Raíssa, de 21 - e mais uma do segundo, Noah, de 4. Pelas ex- mulheres, nutre amizade, admiração e respeito.

Qual foi a maior lição que você teve de uma mulher?

No período da minha pré-adolescência, quando morava em Ribeirão Preto, meu pai ficava muito tempo fora, viajando a trabalho, e o convívio com minha mãe se intensificou. Como era muito carinhosa, tive a oportunidade de desenvolver meu lado afetivo com ela.

Passou a valorizar mais a sensibilidade feminina?

Aprendi com minha mãe e também com minhas três filhas e minhas ex-mulheres como a emoção feminina complementa e equilibra a relação com o homem, geralmente mais racional. Admiro a força dos seus sentimentos, ricos e conflituosos. Amam e sofrem ao mesmo tempo. Deixam-se levar muitas vezes pelas emoções, o que as torna adoravelmente complicadas.

De que outra forma a figura feminina marcou a sua vida?

Casei-me cedo, aos 17 anos. Sou um ano mais velho do que a minha ex-esposa, mas ela já era mais madura do que eu - aliás, essa é outra característica das mulheres, que amadurecem sempre antes de nós. Isso foi muito importante para o meu crescimento.

O NOVELEIRO E SUAS HELENAS

Por Cristiana Vieira

Manoel Carlos leva temas do universo feminino para o horário nobre da Rede Globo. No seu terceiro casamento, que já dura 30 anos, ele teve, além da mãe, irmãs e amigas, escritoras como Virgínia Woolf, Katherine Mansfield, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Ligia Fagundes Telles e Hilda Hilst como referências de mulher.

As personagens das suas novelas são inspiradas em vidas reais?

São inspiradas e conservam características de pessoas reais, que conviveram ou convivem comigo, mas são trabalhadas na ficção.

Você já disse em outras entrevistas que escolheu o nome Helena para muitas das suas personagens por ser forte, mas tem alguma Helena na sua família?

Desde que li o romance de Machado de Assis, que adaptei para a TV nos anos 50, gosto do nome. Mas sempre achei mais nome de personagem do que de pessoa real. Por isso nunca lembrei de dar esse nome a nenhuma das minhas filhas. Na minha família, existe uma única Helena, que tem 10 anos.

O que a Helena dos anos 50 tem em comum com a Helena negra do século 21, personagem da sua atual novela "Viver a vida"?

A Helena atual está amparada em características de independência, e não de conformismo. Não por ser negra, que foi circunstancial, mas por ser uma mulher antenada com as conquistas que se somaram nos últimos 50 anos.

As jovens de hoje são mais fortes do que as de antigamente?

Criar uma Helena mais jovem era meu desejo há bastante tempo. Queria muito transitar por esse território, tão distante da minha juventude. As jovens de hoje são mais fortes, não apenas por impulso próprio, mas pelos impulsos que a própria sociedade acabou por lhes conceder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário