terça-feira, agosto 03, 2010

Pontuação e construção

Por Thaís Nicoleti

“O máximo que aconteceu foi atletas palmeirenses serem lembrados para duelos menos importantes. Ou, ainda, ex-jogadores do clube serem convocados. Como, por exemplo, Vagner Love.”

O fragmento chama a atenção, à primeira vista, pela escolha da pontuação, um tanto fora dos padrões. Ao tentar ajustá-la, percebe-se que há outros elementos a examinar.

Do ponto de vista da pontuação, os gramáticos recomendam evitar as conjunções coordenativas (como o “ou”) em início de oração. Explica-se: as orações são coordenadas, isto é, têm o mesmo valor sintático e, juntas, constituem o período composto por coordenação. Não há, portanto, fim do período antes da conjunção (um período simples não começa com conjunção).

Essa lição, todavia, não costuma ser seguida à risca nos textos da imprensa, exceto pelos jornalistas mais preocupados com questões estilísticas. A respeitar essa regra, a oração iniciada pelo “ou” deveria seguir-se à anterior sem a quebra indicada pelo ponto final. Mais grave, porém, parece ser o ponto final colocado antes do exemplo, coisa difícil de justificar, pois “Vagner Love” é um aposto de “ex-jogadores”. O aposto deve vir imediatamente depois do termo a que se refere, o que não se viabiliza nessa construção.

Pode-se, então, transformar o elemento “Vagner Love” em uma oração conformativa (algo como “como ocorreu com Vagner Love”), de modo que ele deixa de ser um “exemplo” de ex-jogador para ser mencionado como um caso de ex-jogador convocado.

O período inicial é aberto com a construção “O máximo que aconteceu foi...”. A expectativa do leitor é que haja uma só informação (algo como “O máximo foi isso”), mas o redator acrescenta outra informação (“ou ainda...”), criando a estrutura “o máximo foi isso ou aquilo”, o que sugere hesitação.

Abaixo, uma sugestão para resolver esses pequenos problemas e tornar o texto mais fluente (e menos quebrado). Veja:

O máximo que aconteceu, além da convocação de ex-jogadores do clube, foi atletas palmeirenses serem lembrados para duelos menos importantes, como ocorreu com Vagner Love.

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