Divórcio Exercendo a função de porteiro de auditório, já participei de inúmeras audiências de divórcio, e, em uma delas, vários fatores me chamaram a atenção: a idade do casal que estava se divorciando, ele com 70 anos e ela com 69 anos; a motivação do divórcio, “infidelidade”; bem como a obediência ás leis de Deus, demonstrada por aquele senhor em defesa de sua dignidade. O juiz deu início à audiência e, cumprindo a legislação, fez a primeira pergunta ao casal: “Senhor João Batista e dona Severina, existe a possibilidade de reconciliação da vida conjugal de vocês?”. O senhor João Batista pediu a palavra e falou que não tinha entendido o que o juiz perguntou. O MM utilizando um vocabulário mais popular repetiu a pergunta: “Senhor João Batista e dona Severina, tem alguma chance de vocês voltarem a viver juntos?” O senhor João Batista respirou fundo e, novamente, pediu a palavra ao juiz, passando a fazer o seguinte relato: “Doutor juiz, com 70 anos de idade eu nunca fui a uma delegacia e só estou hoje nos seus pés porque a razão do meu divórcio com essa mulher foi motivo de adultério, e essa é a única forma que Deus permite que o homem separe o que ele uniu”. O juiz descrente as leis de Deus, pediu ao senhor João Batista que explicasse o seu relato, e ele, sem titubear, deu a seguinte explicação: “Quando Deus criou o mundo e todas as outras coisas, e entre elas estava o homem e a mulher, ou seja, Adão e Eva, eles deveriam se unir em matrimônio para um ajudar ao outro e, assim, constituir sua família. Já na época de Moisés, aconteceu muito adultério (traição) e Moisés, buscando cortar os abusos da poligamia, criou a primeira lei de divórcio, então o marido ou a mulher que fosse traído (a) tinha por obrigação assinar uma carta deixando seu par livre. Quando Jesus Cristo veio ao mundo, ele colocou o matrimônio na sua antiga forma, tornando-o único e indissolúvel, mas admitindo o divórcio apenas para os casos de infidelidade”. O MM. meio zonzo devido à sabedoria daquele senhor, insistiu na pergunta já formulada: “Seu João Batista, da parte do senhor, existe chance de voltar para dona Severina, ou não?”. Seu João Batista então, respondeu-lhe: “Doutor juiz, quero lhe dizer também que casei com esta mulher há exatos 40 anos, tivemos 05 filhos, ela me deixou por outro homem e foi embora com ele, passando mais de 25 anos sem dar notícia. Aí ela volta querendo ferir minha honra. O pior são as calúnias que um advogado escreveu numas folhas de papel (petição) que o oficial de justiça foi me entregar e leu para eu escutar. O danado do advogado disse que esta mulher só me deixou porque eu bebia cachaça e batia nela, que eu tinha outra mulher e outras coisas que prefiro nem falar. Doutor, depois que essa mulher me deixou, eu nunca mais quis casar em respeito aos meus filhos e à minha fé e obediência a Deus. Me desculpa doutor, o senhor, que tem a idade de ser meu neto, me fazer essa pergunta é falta de respeito”. O MM. tentou justificar que aquela pergunta era apenas formalidade, e que ele não estava querendo induzi-lo a voltar para sua ex-mulher. Dona Severina, que permaneceu o tempo todo calada, pediu a palavra ao MM. juiz e fez o seguinte pedido: “Doutor, eu sei que não existe nenhuma possibilidade de acordo com esse homem, mas eu queria fazer só uma pergunta a ele”. “Pois não, dona Severina, pode perguntar! Mas seu João Batista não está obrigado a responder, certo?”. “Não tem problema, doutor, se ele não quiser responder. João Batista, eu sei que você tem suas razões para não gostar de mim, mas me responda, se eu morrer antes de você, você vai para o meu enterro?”. Seu João Batista, vermelho de raiva, olhou bem sério para o juiz e perguntou: “Doutor, posso responder?”. O juiz o autorizou e, então, ouviu seu João Batista soltar a seguinte pérola: “Ô Severina, quem enterra merda é gato!”. |
(Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte) de 30 de novembro de 2008.)
Fonte: blog ococotaseco.com
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