sexta-feira, julho 30, 2010

Infinitivo impessoal dispensa índice de indeterminação do sujeito

Por Thaís Nicoleti

"O congresso foi uma oportunidade para se ouvir o que acontece no mundo."

O infinitivo impessoal é considerado uma forma nominal do verbo, ou seja, não se conjuga. Essa forma, por si só, já exprime a ausência de um sujeito determinado, dispensando, portanto, a partícula “se”, que carregaria a mesma informação.

Em frases como “Navegar é preciso”, “Viver é bom”, “Comer muito faz mal à saúde”, “É importante beber dois litros de água por dia” etc., o infinitivo é atribuído genericamente à totalidade das pessoas, a nenhuma em particular, portanto. Vemos que em nenhuma dessas construções sentimos falta do pronome “se”, índice de indeterminação do sujeito, o que se deve à presença do infinitivo impessoal.

Na frase em epígrafe, o redator empregou “oportunidade para se ouvir” – na verdade, o “se” é redundante, pois nada acrescenta à ideia (impessoal) de “ouvir”. Tratava-se de uma oportunidade para qualquer pessoa ouvir algo. Talvez ficasse melhor substituir o verbo “ouvir” por “saber” ou equivalente, já que acontecimentos não são propriamente “ouvidos”. É importante aqui, todavia, fixar que não se emprega o “se” com o infinitivo.

É claro que, se o verbo for pronominal ou reflexivo, o “se” permanecerá na construção – o que não se usa com o infinitivo é o índice de indeterminação do sujeito. Assim: “É bom orgulhar-se dos filhos”, “É importante nunca se arrepender” etc.

Abaixo, a frase reformulada:

O congresso foi uma oportunidade para saber o que acontece no mundo.

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