Envolver-se com ou em?
“Anteontem, Regina disse que não pretende se envolver com as eleições deste ano.”
O verbo “envolver-se” é largamente usado nos textos da imprensa, mas nem sempre da maneira mais adequada do ponto de vista da regência.
“Envolver” pode significar “cobrir” (“Envolver a criança no cobertor”) ou mesmo “abraçar” (“Envolveu-o nos braços” ou “Envolveu-o com os braços”). O sentido mais empregado jornalisticamente, entretanto, é o de “ter participação em”, já que, mais hora, menos hora, alguém se envolve em negociatas, em escândalos, em situações complicadas.
A preposição indicada, como vemos, é o “em”, não o “com”, tão frequentemente escolhido pelos redatores. Ocorre que, quando o complemento é uma pessoa, de fato se emprega o “com”: “Envolveu-se com más companhias”, “Envolveu-se com um traficante de drogas” etc. Dependendo do contexto, essa construção indica envolvimento amoroso: “Ela envolveu-se com um professor da faculdade”.
No caso em questão, melhor seria dizer que Regina Duarte não pretende envolver-se nas eleições, em questões políticas.
Uma breve observação sobre a posição do pronome átono: o infinitivo impessoal favorece a ênclise (“envolver-se”), mesmo que haja um dos “fatores de próclise” encabeçando a oração.
Abaixo, o texto reformulado:
Anteontem, Regina disse que não pretende envolver-se nas eleições deste ano.
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