quinta-feira, agosto 18, 2011

'Sexo não é só bacanal. É muito mais profundo', diz Erasmo Carlos

Tremendão lança CD 'Sexo' nesta sexta-feira (19) por 'gostar da muvuca'.
CD tem parcerias com Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto e Nelson Motta.

Braulio Lorentz Do G1, em São Paulo
O cantor Erasmo Carlos, 70 anos, lança o disco 'Sexo' (Foto: Divulgação) 
Erasmo Carlos, 70 anos, lança o disco 'Sexo'
(Foto: Divulgação)
Com 50 anos de carreira e 70 de idade, Erasmo Carlos ainda tem algo a dizer. No disco "Sexo", que chega às lojas na sexta-feira (19), o Tremendão cerca a temática que batiza o álbum por todos os lados.
Há o momento certo para enumerar posições sexuais, em "Kamasutra" ("No meia-nove a gente deu nosso primeiro beijo"), parceria com Arnaldo Antunes enfeitada com solo de cítara de Liminha, que produz o CD.
Em outras passagens, o "contorcionismo" na cama dá lugar à ternura. É assim na cândida "Homem mulher", composta com Adriana Calcanhotto, na qual canta que quer ser "seu homem mulher, seu patrão, seu bebê". Em entrevista ao G1, Erasmo fala de sexo, amor e rock n' roll.
G1 - O disco tem suavidade e ternura para falar do tema, mas também aborda a parte carnal. Como foi esse equilíbrio?
Erasmo Carlos -  Quando eu encomendei aos parceiros [Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto e Nelson Motta], mandei as músicas e pedi as letras. Eu falei que o tema era "Sexo", mas não queria pornografia. Todos remetem a isso. Queria que pensassem no sexo como uma instuição suprema. O big bang foi o primeiro sexo. Sexo é uma coisa profunda, a verdade. No entanto, é tratado como mito, tabu. Todos fazem em suas casas, mas não falam em lares e escolas.
G1 - Além dos parceiros, você continua tocando com a banda de indie rock Filhos da Judith. O que eles trouxeram de novo para seu som?
Erasmo - Eles vestem a camisa, estão comigo desde o "Rock n' roll" [disco lançado em 2009]. Eu adoro minha banda, eles tocam com vontade e estão felizes com o que estão fazendo. Não tocam só por dinheiro.

Após 'Sexo', Erasmo Carlos prepara o disco 'Amor' para fechar trilogia iniciada com 'Rock n' roll' (Foto: Divulgação) 
 Após 'Sexo', Erasmo Carlos prepara o disco 'Amor' para fechar trilogia iniciada com 'Rock n' roll' (Foto: Divulgação)
 
G1 - Na sua opinião, um trabalho autoral, uma vida criativa efervescente aos 70 anos é algo raro na música brasileira? Você precisa disso, certo?
Erasmo - É, bicho. Eu respeito o que os outros pensam... Eu poderia estar vivendo dos sucessos da jovem guarda. Mas gosto da muvuca, de estar na discussão. Tenho netos e filhos de várias idades, e isso me integra ao mundo. O novo me fascina, não saberia ficar acomodado. É uma tendência mundial, uma coisa antiga, tipo aconteceu com o Sinatra. Você chega a um ponto e não faz mais nada novo. Tudo bem ser assim, mas não sigo isso. Aposentadoria seria uma morte. Se eu não puder andar mais e fazer shows, com certeza vou compor.
Eu poderia estar vivendo dos sucessos da jovem guarda. Mas gosto da muvuca. O novo me fascina, não saberia ficar acomodado. É uma coisa antiga, tipo aconteceu com o Sinatra. Você chega a um ponto e não faz mais nada novo. Tudo bem ser assim, mas não sigo isso."
Erasmo Carlos
G1 - Essa sua inquietação serve só para a música ou para tudo?
Erasmo - Serve para tecnologia, para sexo... Quero estar sempre "nas bocas". Eu tenho que aprender sobre internet para falar com os fãs. Tenho que mandar e-mails, usar twitter. Minha gravadora [Coqueiro Verde] não paga jabá, então não conto com rádio. Hoje, conto com internet e shows. Há pouco espaço na TV também. Cada um tenta uma fórmula, há até leilão por músicas.
G1 - Depois do CD 'Rock n' Roll', veio 'Sexo'. Muitos esperavam que o próximo fosse 'Drogas'. O fim da trilogia vem mesmo com 'Amor'?
Erasmo - Seria uma coisa anos 60 [sexo, drogas e rock n' roll]. Os tempos mudaram. São outras cabeças, outras propostas. As pessoas escravizadas aos anos 60 seguem essa trilogia até hoje. Hoje droga não é novidade, sabemos dos efeitos. Perdi milhões de amigos com drogas. Droga não é merecedora de um disco. Tudo indica que será "amor"... Seria maravilhoso.
G1 - A música 'O rosto do rei' seria a única que escapa mais da temática?
Erasmo - Não acho que escapa... Tem a ver com sexo. Eu canto: "Vivo só eu sei, mas sozinho jamais. Eu tenho alguém". Se eu tenho alguém, tem sexo junto. É só ler na entrelinha... Sexo não é só bacanal. É muito mais profundo, é uma coisa sagrada.

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