segunda-feira, agosto 29, 2011

As lições dos campeões do Enem para uma boa prova

Administrar tempo e cansaço e treinar a redação estão entre lições de jovens que foram bem na avaliação e agora cursam as melhores universidades

Nathalia Goulart
Enem: estudar para o exame é fundamental - e manter a calma também Enem: estudar para o exame é fundamental - e manter a calma também (Arquivo)
Dentro de pouco menos de dois meses, os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011 vão enfrentar uma maratona de 180 testes e uma redação, divididos em dois dias de prova: 22 e 23 de outubro. O esforço pode assegurar uma vaga em uma das 73 universidades públicas (federais e estaduais) que, de alguma forma, utilizam a nota da avaliação em seus processos seletivos. Para auxiliar os estudantes nessa tarefa, o site de VEJA conversou com veteranos do Enem que já realizaram a prova – e se saíram muito bem.
Todos concordam que o Enem é uma prova de resistência. "Em relação ao conteúdo, não o considero um exame de alto nível, se comparado aos vestibulares mais exigentes do país, por exemplo", diz Marcela Malheiro, de 17 anos. "Mas a prova cobra organização e agilidade de raciocínio, pois são muitas questões para pouco tempo", complementa Marcela, que participou da edição 2010 do Enem e, com ajuda da nota, conquistou uma vaga no curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU).
Em outro ponto do Brasil, Guilherme Munhoz – que, graças ao desempenho do Enem 2010, foi aprovado para a carreira de biomedicina na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – orienta de forma semelhante os estudantes que farão o exame em outubro. "Digo sem medo de errar: coordenar o tempo é o grande desafio de qualquer candidato", diz Guilherme. "Não se pode investir muito tempo nas questões, especialmente naquelas que tratam de assuntos que o estudante não domina."
À administração do tempo, Mariana Cabride, de 18 anos, adiciona outra orientação. "Os enunciados das questões são muito extensos, e não apenas na área de humanas: em exatas e biológicas acontece o mesmo", diz. "É importante, por isso, manter a paciência e a concentração." De fato, textos de apoio e enunciados longos já são uma marca registrada do Enem.
A redação costuma ser o bicho-papão dos participantes. Compreender o tema proposto, refletir sobre a questão e construir uma argumentação clara e pertinente a respeito estão entre os maiores desafios dos estudantes. Poucos conseguem brilhar nesse quesito. Entre eles, está Nayara Neves Covo, de 17 anos. Ela obteve nota máxima na redação em 2010, 1.000 pontos, o que a ajudou a conquistar vaga no curso engenharia química da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). "A dissertação costuma ser a última prova a ser feita: é preciso mais uma vez administrar o cansaço e principalmente o tempo. A prática ajuda muito nessa tarefa", diz. Ou seja: é preciso treinar a redação várias vezes antes do dia da prova.

Cinco lições para participantes do Enem 2011

Matemática

"A prova não é um bicho de sete cabeças, como costumam pensar os vestibulandos. É um exame simples, que exige cálculos pouco elaborados. Além disso, dois temas distintos não costumam ser tratados em uma mesma questão, o que facilita bastante. No entanto, os enunciados extensos confundem e cansam o candidato. Para driblar esse obstáculo, aconselho o estudante a se concentrar nas questões que têm enunciados mais breves. Assim, você minimiza o risco de se perder nos textos, errar contas simples e ainda ficar cansado para resolver as operações que exigem muita atenção."
Guilherme Munhoz, 22 anos

Redação

"Nos meses anteriores à realização da prova, fiz muitas redações. Mas só praticar não basta: é preciso rever os erros. Isso permitiu que eu identificasse minhas falhas, e não as repetisse. No dia do Enem, fiz uma redação clássica: não inventei nada. Abordei o tema proposto expondo minhas ideias de forma bastante clara. Como os temas quase sempre são ligados à cidadania, é possível recorrer a um repertório bastante abrangente para tratar deles. Ou seja, é possível escrever sobre muitas coisas dentro de um mesmo tema. Essa é a grande diferença do Enem para outros vestibulares."
Nayara Neves Covo, 17 anos

Ciências humanas

"Nada de decoreba. O segredo do Enem está na interpretação de texto. Na área de história, não é preciso decorar datas e eventos. Os textos costumam trazer essas informações. Nosso trabalho é nos concentrar na contextualização: para isso, basta ler atentamente tudo o que a prova traz. Qualquer erro de interpretação pode por tudo a perder. Já na área de geografia, os gráficos e tabelas dominam. Estar antenado com temas da atualidade, aqueles que dominam o noticiário, é uma ajuda valiosa. Geralmente, são tratados temas de importância nacional. É raro que questões regionais ganhem destaque."
Mariana Cabride, 18 anos

Ciências da natureza

"As questões desta área são conceituais e de raciocínio lógico e geralmente estão relacionadas ao cotidiano do aluno. A maior dificuldade é interpretar os textos introdutórios. Por isso, é preciso calma na hora da leitura – mas fique sempre atento ao tempo, que é bastante apertado no Enem. Combinar esses dois elementos, tranquilidade e agilidade, é o grande desafio da prova."
Marcela Malheiro Santos, 17 anos

Linguagens

"Toda a prova do Enem é marcada por textos de apoio. Especificamente no exame de língua portuguesa, isso ajuda bastante. Não raro, a resposta à questão está no próprio texto: basta saber interpretar corretamente as informações. Mesmo as questões de gramática oferecem subsídios para o estudante. Mesmo assim, é importante não descuidar dos conceitos. Apesar de o exame não definir uma lista de obras literárias que o candidato deve ler, literatura é um tema recorrente: questões sobre escolas e estilos sempre aparecem. Minha dica é: leia os livros da lista da Fuvest e Unicamp, que abrange diversos movimentos literários."
Marília Bueno, 18 anos

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