Opinião: Confiança em si mesmo faz a diferença na época dos vestibulares
Sob pressão, estudantes devem falar sobre angústias com família e amigos.
Pais e professores devem dar apoio.
Ele significa não só ter que fazer valer o tempo vivido na escola, cobrando dos alunos o conhecimento de no mínimo doze anos de estudos. Mas também fazer valer o futuro deles. É para isso que o vestibular realmente serve – possibilitar que a pessoa consiga entrar num curso de graduação para então seguir uma profissão que vá fazê-lo feliz.
De preferência, numa faculdade de qualidade e pública, que além de ser considerada melhor, é gratuita. Desejo compartilhado por pais e filhos. Uma instituição assim vem atenuar a angústia permanente dos pais de pagarem uma escola. São mais de uma dezena de anos coçando a cabeça para cumprir com essa obrigação para garantir educação formal de qualidade. Muitos sentem que é chegada a hora de ver o investimento render frutos.
Claro que, além disso, estão preocupados com a felicidade dos filhos na profissão. De preferência, numa carreira que lhes confira certo status, como medicina, engenharia ou direito. Nada dessas bobagens modernas.
A solução menos desejada por todos é o cursinho, que chega a ser abominado. Consideram-no tempo e dinheiro perdidos, que nada poderá recuperar. Para que o cursinho?, podem questionar alguns pais. Afinal, na concepção deles, deixaram boa parte de seus ganhos para uma escola cara, considerada de ótima qualidade, garantia de ingresso numa grande universidade pública.
E assim é. Fica fácil de compreender por que os estudantes ficam tão estressados com o vestibular: ter que saber, escolher corretamente uma profissão que o agrade e que agrade os pais, recompensá-los pelos gastos, entrar numa boa instituição, evitar o cursinho. Isso tudo sendo resolvido apenas em algumas provas. Qualquer um ficaria nervoso tendo que resolver várias coisas importantes de uma vez, numa tacada só.
Sem contar o peso que as escolas dão para o vestibular. Até porque, elas também são cobradas pelos pais que querem ver como resultado o ingresso do filho numa boa faculdade.
E os professores puxam daqui, esticam dali e tudo vai ficando muito pesado. Tão pesado que alguns alunos considerados como certos de entrarem numa boa instituição de ensino superior, não conseguem o desempenho esperado. É muita pressão para uma pessoa tão jovem.
Cobrança
Tanta cobrança só serve para atrapalhar os estudantes. O que não quer dizer não dar importância alguma por esse momento da vida dos jovens. O momento é crucial e eles precisam ser cuidados por seus pais e professores. E cobrados naquilo que é possível eles darem, na cobrança que inspira confiança no desempenho deles, de que têm muita chance de conseguirem um bom resultado.
Sem se esquecerem que muitos querem aquela mesma vaga, estudaram em bons colégios e se esforçaram muito. Só que não há vagas suficientes para todos os concorrentes. A disputa é acirrada.
Se puderem fazer a prova com a confiança de que estudaram, escolheram o que lhes pareceu o melhor naquele momento, que terão outras chances caso aquela não resulte em sucesso, que contarão com pais e professores para se entristecerem e serem compreendidos, é bem provável que terão maiores chances de fazerem a prova com mais tranquilidade.
Aproveitem o tempo para estudarem, se divertirem e conversarem sobre o assunto, sempre que tiverem necessidade, com alguém de confiança. Quando falamos de nossas angústias com alguém que pode compreendê-las, elas parecerão mais leves.
Confiem em si e no que fizeram. A vida tem muitas oportunidades. Ela não se reduz só a um vestibular.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)
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