Simulado
(Guarde suas respostas. Segunda-feira postaremos o gabarito)Português
1 - (Fuvest-2007) “Para compor um tratado sobre passarinhosé preciso por primeiro que haja um rio com árvores
e palmeiras nas margens.
E dentro dos quintais das casas que haja pelo menos
goiabeiras.
E que haja por perto brejos e iguarias de brejos.
É preciso que haja insetos para os passarinhos.
Insetos de pau sobretudo que são os mais palatáveis.
A presença de libélulas seria uma boa.
O azul é importante na vida dos passarinhos
porque os passarinhos precisam antes de ser belos ser
eternos.
Eternos que nem uma fuga de Bach.”
De passarinhos. Manoel de Barros
No texto, o conjunto de elementos, descrito de forma poética em relação aos passarinhos, pode ser associado, sob o ponto de vista biológico, ao conceito de
Fonte: Revista Veja nº14 de 11 de abril de 2007.
Analise a propaganda e assinale a alternativa INCORRETA.
(Mackenzie-2009) Leia o texto abaixo:
Observado o segundo parágrafo do texto, é correto afirmar:
Aprenda a falar difícil
Em minha empresa, parece que o povo, do gerente para
cima, fala outro idioma. Por que as pessoas ficam inventando
expressões estranhas ou usando palavras estrangeiras,
quando é muito mais fácil falar português?
Lélio, São Caetano, SP
Para impressionar, Lélio. As pessoas que complicam o
vocabulário fazem isso com dois propósitos bem claros. O
primeiro é financeiro. “Falar abobrinha” pode ser sinônimo
de “Verbalizar cucurbitáceas”, mas a segunda turma, via de
regra, ganha mais. Você mesmo confirmou isso, ao dizer:
“de gerente para cima”. O segundo motivo é se proteger.
Através dos tempos, cada profissão foi desenvolvendo sua
maneira particular de se expressar. Economista fala diferente
de advogado, que fala diferente de engenheiro, que fala
diferente de psicólogo, e todos eles falam diferente de nós.
Quanto mais complicado uma pessoa fala, mais fácil ela
poderá depois explicar: “Não foi bem isso que eu disse”. Na
prática, a coisa funciona assim. Se você tiver uma pergunta
– qualquer pergunta — e consultar alguém de Marketing,
ouvirá como resposta que é preciso “fazer um brainstorming
e extrapolar os dados”. Alguém de Recursos Humanos dirá
que, “enquanto seres funcionais, temos de vivenciar parâmetros
holísticos”. Um engenheiro opinaria que a coisa se
deve a fatores inerciais de natureza não-técnica”. E uma
pessoa de Sistemas diria que a empresa está “num processo
de reformulação de conteúdo”. E assim por diante.
Essa foi uma grande lição que aprendi na vida corporativa.
Quando tinha alguma dúvida, perguntava a um Diretor. E
aprendia uma palavra nova. Aí, ia me informar com o Seu
Anísio da Portaria. Porque ele era o único capaz de me
explicar direitinho a situação. “É, vem chumbo grosso por
aí”.
Portanto, Lélio, e para bem de sua carreira, sugiro que você
comece a aprender esses “idiomas estranhos”. Falando de
maneira simples, e sendo entendido por todos, você chegará,
no máximo, a Supervisor. Adotando uma verbalização
direcional intrínseca, poderá chegar a Diretor.
(GEHRINGER, Max. Sua carreira. Época, São Paulo: Editora Globo, n. 411, 3
abr. 2006, p. 67.)
Na pergunta do leitor, há uma concepção de língua portuguesa que
(UFSCar-2009) Leia o texto a seguir para responder a questão:
— Não refez então o capítulo? – indagou ela logo que entrei.
— Oh, não, Miss Jane. Suas palavras abriram-me os olhos.
Convenci-me de que não possuo qualidades literárias e não quero insistir – retruquei com ar ressentido.
— Pois tem de insistir – foi sua resposta (...) Lembre-se do esforço incessante de Flaubert* para atingir a luminosa clareza que só a sábia simplicidade dá. A ênfase, o empolado, o enfeite, o contorcido, o rebuscamento de expressões, tudo isso nada tem
com a arte de escrever, porque é artifício e o artifício é a cuscuta** da arte. Puros maneirismos que em nada contribuem para o fim supremo: a clara e fácil expressão da idéia.
— Sim, Miss Jane, mas sem isso fico sem estilo ...
Que finura de sorriso temperado de meiguice aflorou nos lábios da minha amiga!
— Estilo o senhor Ayrton só o terá quando perder em absoluto a preocupação de ter estilo. Que é estilo, afinal?
— Estilo é ... – ia eu responder de pronto, mas logo engasguei, e assim ficaria se ela muito naturalmente não mo definisse de gentil maneira.
— ... é o modo de ser de cada um. Estilo é como o rosto: cada qual possui o que Deus lhe deu. Procurar ter um certo estilo vale tanto como procurar ter uma certa cara. Sai máscara fatalmente – essa horrível coisa que é a máscara ...
— Mas o meu modo natural de ser não tem encantos, Miss Jane, é bruto, grosseiro, inábil, ingênuo. Quer então que escreva desta maneira?
— Pois perfeitamente! Seja como é, e tudo quanto lhe parece defeito surgirá como qualidades, visto que será reflexo da coisa única que tem valor num artista – a personalidade.
*Gustave Flaubert (1821–1880), escritor realista francês considerado um dos maiores do Ocidente.
** planta parasita.
(Monteiro Lobato, O presidente negro.)
De acordo com o texto,
(Unemat-2007/1) A Rua
A rua mastiga
os homens: mandíbulas
de asfalto, argamassa,
cimento, pedra e aço.
A rua deglute
os homens: e nutre
com eles seu sôfrego, omnívoro esôfago.
A rua digere
os homens: mistério
dos seus cabos
subterrâneos
com cabos e canos.
A rua dejecta
os homens: o poeta,
o agiota, o larápio,
o bêbado e o sábio.
Guilherme de Almeida.
O sentido de deglutir no verso “a rua deglute os homens é”:
"S. Paulo, 13-XI-42
Murilo
São 23 horas e estou honestissimamente em casa,
imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno.
Tomei com uma gripe na semana passada, depois,
desensarado, com uma chuva, domingo último, e o
resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou
mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz
quinze dias que não faço nada, com o desânimo de apósgripe,
uma moleza invencível, e as dores e tratamento
atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e
andei trabalhandinho por aí. (...)
Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe
mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos
“propositais”. Sim senhor, seu poeta, você até está ficando
escritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar
do “nariz furão”, de “comichona”, etc. Mas lhe juro que o
gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente.
As palavras são postas de propósito pra não gostar,
devido à elevação declamatória do coral que precisa ser
um bocado bárbara, brutal, insatisfatória e lancinante.
Carece botar um pouco de insatisfação no prazer estético,
não deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as
palavras que você recusou só uma continua me
desagradando “lar fechadinho”, em que o carinhoso do
diminutivo é um desfalecimento no grandioso do coral."
Mário de Andrade, Cartas a Murilo Miranda.
No texto, as palavras “sinusitezinha” e “trabalhandinho” exprimem, respectivamente,
01 Quando não sei o que sinto
02 sei que o que sinto é o que sou.
03 Só o que não meço não minto.
(...)
04 De ponto a ponto rabisco
05 o mapa de onde não vou,
(...)
06 penetrável labirinto
07 em cujo centro não estou
08 mas apenas me pressinto
09 mero signo, simples mito.
“Pessoana” - Paulo Henriques Britto - poeta brasileiro contemporâneo
Assinale a alternativa correta.
Aprenda a falar difícil
Em minha empresa, parece que o povo, do gerente para
cima, fala outro idioma. Por que as pessoas ficam inventando
expressões estranhas ou usando palavras estrangeiras,
quando é muito mais fácil falar português?
Lélio, São Caetano, SP
Para impressionar, Lélio. As pessoas que complicam o
vocabulário fazem isso com dois propósitos bem claros. O
primeiro é financeiro. “Falar abobrinha” pode ser sinônimo
de “Verbalizar cucurbitáceas”, mas a segunda turma, via de
regra, ganha mais. Você mesmo confirmou isso, ao dizer:
“de gerente para cima”. O segundo motivo é se proteger.
Através dos tempos, cada profissão foi desenvolvendo sua
maneira particular de se expressar. Economista fala diferente
de advogado, que fala diferente de engenheiro, que fala
diferente de psicólogo, e todos eles falam diferente de nós.
Quanto mais complicado uma pessoa fala, mais fácil ela
poderá depois explicar: “Não foi bem isso que eu disse”. Na
prática, a coisa funciona assim. Se você tiver uma pergunta
– qualquer pergunta — e consultar alguém de Marketing,
ouvirá como resposta que é preciso “fazer um brainstorming
e extrapolar os dados”. Alguém de Recursos Humanos dirá
que, “enquanto seres funcionais, temos de vivenciar parâmetros
holísticos”. Um engenheiro opinaria que a coisa se
deve a fatores inerciais de natureza não-técnica”. E uma
pessoa de Sistemas diria que a empresa está “num processo
de reformulação de conteúdo”. E assim por diante.
Essa foi uma grande lição que aprendi na vida corporativa.
Quando tinha alguma dúvida, perguntava a um Diretor. E
aprendia uma palavra nova. Aí, ia me informar com o Seu
Anísio da Portaria. Porque ele era o único capaz de me
explicar direitinho a situação. “É, vem chumbo grosso por
aí”.
Portanto, Lélio, e para bem de sua carreira, sugiro que você
comece a aprender esses “idiomas estranhos”. Falando de
maneira simples, e sendo entendido por todos, você chegará,
no máximo, a Supervisor. Adotando uma verbalização
direcional intrínseca, poderá chegar a Diretor.
(GEHRINGER, Max. Sua carreira. Época, São Paulo: Editora Globo, n. 411, 3
abr. 2006, p. 67.)
Resumindo-se os motivos apresentados no texto para explicar a complicação do vocabulário, “falar difícil” funciona como
gostei
ResponderExcluirbem legal
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