Decisão sigilosa efetivou 82 servidores do Senado sem concurso, diz jornal
Desde 1988, contratações de servidores exigem concurso público.
Entretanto, ex-estagiários foram secretamente nomeados em 1992.
Na época, Agaciel Maia era o diretor-executivo do chamado Centro Gráfico. A manobra ocorreu três anos antes de ele assumir a diretoria-geral, cargo que deixou em março.
Dezessete anos depois, esses funcionários cresceram profissionalmente, muitos viraram chefes, outros foram trabalhar em gabinetes de senadores e alguns até já se aposentaram, segundo a relação de servidores obtida pelo jornal. Alguns aceitaram conversar, sob condição de anonimato, e confirmaram a efetivação em 1992.
Ofício sem número
A reportagem localizou ainda nos arquivos do Senado um ofício (sem número), assinado pelo então presidente e hoje deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) no dia 1º de novembro de 1991, autorizando Agaciel a efetivar esses estagiários a partir de janeiro seguinte.
Benevides diz não se lembrar da medida. Na sexta à tarde, a reportagem procurou Agaciel Maia, mas ele não atendeu aos telefonemas. Um recado foi deixado, mas nenhuma resposta foi dada até o fechamento da edição.
Essa transformação de vaga de estágio em cargo efetivo permaneceu até hoje nas gavetas do Senado. Sua descoberta ocorreu na sexta-feira e causou espanto no primeiro escalão administrativo. A revelação é fruto de investigação interna aberta depois que o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), levantou a suspeita da tribuna no dia 6.
"Há denúncias de nomeações ilegais que teriam sido praticadas pelo então diretor da gráfica", disse o tucano, que apresentou naquele dia um requerimento à Primeira Secretaria, pedindo explicações. A resposta será entregue ao primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), até terça-feira (21) e confirmará que 82 estagiários foram transformados em servidores públicos em janeiro de 1992.
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