Redundância e ordem inadequada reduzem fluência do texto
"Dos 10 presidentes do Senado nos últimos 14 anos, 5 deles pertencem ao PMDB e mantiveram o então diretor-geral Agaciel Maia no cargo, acusado de mandar esconder atos administrativos."
O fragmento selecionado hoje apresenta pequenos problemas que, em conjunto, reduzem a fluência do texto. O leitor vai compará-lo com a sugestão posta no fim desta coluna.
Em primeiro lugar, aparece um pronome redundante (a forma "deles"). Dado que o texto se inicia com "dos 10 presidentes", não há por que dizer "5 deles", afinal, são "5 dos 10 presidentes" - houve uma inversão sintática, somente isso. Ao eliminar esse pronome inútil, temos o primeiro ganho em fluência.
Em segundo lugar, vale lembrar que a palavra "então" é um advérbio de tempo de valor dêitico (seu sentido não é fixo, como ocorre com "hoje", "ontem" etc.), que remete à época mencionada no texto. Assim, ao dizermos "o então diretor-geral do Senado", estamos aludindo ao diretor-geral nos últimos 14 anos, segundo o contexto. Até aí, nenhum problema. A questão é apenas de pontuação: o então diretor-geral só pode ser Agaciel Maia, gramaticalmente um aposto explicativo, portanto entre vírgulas.
Em terceiro lugar, temos uma questão de ordem dos termos. Não haveria nenhum problema em dizer que "mantiveram fulano no cargo", nessa ordem, se não houvesse em seguida uma oração reduzida de particípio ("acusado de mandar...") ligada à pessoa, não ao cargo.
Do modo como está construída a frase, a ideia é que o cargo é acusado de mandar esconder atos administrativos. Absurdo? Sim, é claro, mas a compreensão do texto depende do conhecimento universal do leitor, não da arrumação dos termos. Seria simples mudar a posição da expressão "no cargo" e aproximar o particípio "acusado" do termo a que se refere (Agaciel Maia). Assim: "...mantiveram no cargo o então diretor-geral, Agaciel Maia, acusado de...".
Abaixo, o texto reformulado:
Dos 10 presidentes do Senado nos últimos 14 anos, 5 pertencem ao PMDB e mantiveram no cargo o então diretor-geral, Agaciel Maia, acusado de mandar esconder atos administrativos.
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