No Dia do Índio, uma comunidade de descendentes descreve a rotina no RN
Hoje, comemora-se o Dia do Índio. Melodias já foram escritas para uma biografia que muitos conhecem, seja pelos livros de história ou pelas datas comemorativas. Mas, passada a semana de celebrações e contestações em torno dessa pequena parcela da população que, um dia, foi dominante no Brasil bem antes de 1500, a história se torna mais uma vez esquecida. No Brasil, ainda podemos encontrar tribos que buscam perpetuar elementos culturais como manda a tradição. Um exemplo no Rio Grande do Norte é a tribo Potiguara, da comunidade de Catu, que fica entre os municípios de Goianinha e Canguaretama (cerca de 85km de Natal).
É importante lembrar que os Potiguara habitavam a costa brasileira entre os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, em uma extensão de aproximadamente 2,4 mil quilômetros, tendo sido, portanto, os nossos primeiros habitantes. Ainda hoje, um dos hábitos tem sido acordar às 5h e participar de um café da manhã coletivo. Logo após, os homens saem para pescar e cuidar da colheita durante o dia, e as mulheres cuidam das refeições e dos animais. Já as crianças ficam na escola em tempo integral, onde estudam disciplinas durante a manhã, banho e almoço ao meio-dia e atividades diversas à tarde, como aulas de Tupi Guarani, flauta e dança, artesanato indígena e costumes indígenas.
À noite, a comunidade se reúne em rodas de amigos para conversar, às vezes sobre histórias do passado da própria tribo. Em casa, a maioria dos índios tem televisão, outros geladeira e fogão. "Precisamos da televisão pra ficarmos informados do que acontece por aí", explica Vamdregefson Costa, 20 anos, descendente de índio da tribo, que conversou com a reportagem pelo telefone celular, outro elemento adotado da sociedade capitalista. Assim mesmo, a comunidade mantém seus ritos, como o Ritual da Lua, realizado em maio, e o Ritual da Jurema, a cada dois meses, quando é servida uma bebida à base de Jurema. "Seu corpo fica aberto para receber espíritos", explica Vamdregefson, reforçando que os índios perderam muito com a chegada do homem branco.
"Perdemos privacidade, perdemos a beleza do lugar. E, sinceramente, não ganhamos quase nada com essa convivência", desabafa. Outro descendente de índio da tribo, José Luís Soares, 33, também frisa que manter a tradição é difícil, mas a comunidade tenta manter as memórias deixadas pelos antepassados. "Pescamos, caçamos, enfim, sobrevivemos de tudo que vem da mata atlântica. Nos esforçamos para que tudo seja 100% da natureza. Nós agradecemos todas as conquistas recebidas", explica.
Assistência social
Atualmente, a tribo conta com cerca de 1,3 mil habitantes, que recebem assistência na área da educação pelo programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal. As aulas incluem Tupi Guarani, com o objetivo de resgatar a língua nativa. Já a assistência médica ainda é bastante precária. Os índios recebem ajuda através do Programa Saúde da Família (PSF), do município de Canguaretama. "Já aconteceu de fazermos partos com parteiras daqui porque a ajuda não chegoua tempo", lembra José Luís. Buscando prezervar as raízes da tribo, Jussara Galhardo, coordenadora do projeto de extensão Paraupaba: a questão indígena no Rio Grande do Norte, vem lutando para que as raízes indígenas não se percam no tempo.
A equipe de Jussara desenvolve desde 2000, Museu Câmara Cascudo, um estudo que demonstra a existência ainda hoje de índios no território potiguar. "Nós ajudamos a resgatar as crenças e tradições de cerca de três mil índios que ainda existem no estado", afirma. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), só existem índios sem contato com o homem na Amazônia.
Por Bárbara Hanna, especial para o Diário de Natal
É importante lembrar que os Potiguara habitavam a costa brasileira entre os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, em uma extensão de aproximadamente 2,4 mil quilômetros, tendo sido, portanto, os nossos primeiros habitantes. Ainda hoje, um dos hábitos tem sido acordar às 5h e participar de um café da manhã coletivo. Logo após, os homens saem para pescar e cuidar da colheita durante o dia, e as mulheres cuidam das refeições e dos animais. Já as crianças ficam na escola em tempo integral, onde estudam disciplinas durante a manhã, banho e almoço ao meio-dia e atividades diversas à tarde, como aulas de Tupi Guarani, flauta e dança, artesanato indígena e costumes indígenas.
À noite, a comunidade se reúne em rodas de amigos para conversar, às vezes sobre histórias do passado da própria tribo. Em casa, a maioria dos índios tem televisão, outros geladeira e fogão. "Precisamos da televisão pra ficarmos informados do que acontece por aí", explica Vamdregefson Costa, 20 anos, descendente de índio da tribo, que conversou com a reportagem pelo telefone celular, outro elemento adotado da sociedade capitalista. Assim mesmo, a comunidade mantém seus ritos, como o Ritual da Lua, realizado em maio, e o Ritual da Jurema, a cada dois meses, quando é servida uma bebida à base de Jurema. "Seu corpo fica aberto para receber espíritos", explica Vamdregefson, reforçando que os índios perderam muito com a chegada do homem branco.
"Perdemos privacidade, perdemos a beleza do lugar. E, sinceramente, não ganhamos quase nada com essa convivência", desabafa. Outro descendente de índio da tribo, José Luís Soares, 33, também frisa que manter a tradição é difícil, mas a comunidade tenta manter as memórias deixadas pelos antepassados. "Pescamos, caçamos, enfim, sobrevivemos de tudo que vem da mata atlântica. Nos esforçamos para que tudo seja 100% da natureza. Nós agradecemos todas as conquistas recebidas", explica.
Assistência social
Atualmente, a tribo conta com cerca de 1,3 mil habitantes, que recebem assistência na área da educação pelo programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal. As aulas incluem Tupi Guarani, com o objetivo de resgatar a língua nativa. Já a assistência médica ainda é bastante precária. Os índios recebem ajuda através do Programa Saúde da Família (PSF), do município de Canguaretama. "Já aconteceu de fazermos partos com parteiras daqui porque a ajuda não chegoua tempo", lembra José Luís. Buscando prezervar as raízes da tribo, Jussara Galhardo, coordenadora do projeto de extensão Paraupaba: a questão indígena no Rio Grande do Norte, vem lutando para que as raízes indígenas não se percam no tempo.
A equipe de Jussara desenvolve desde 2000, Museu Câmara Cascudo, um estudo que demonstra a existência ainda hoje de índios no território potiguar. "Nós ajudamos a resgatar as crenças e tradições de cerca de três mil índios que ainda existem no estado", afirma. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), só existem índios sem contato com o homem na Amazônia.
Por Bárbara Hanna, especial para o Diário de Natal
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