Saudades. A palavra oficialmente conhecida somente nos idiomas galego e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, falta, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar". Saudade, foi o que sentiu o público convidado ao assistir a primeira apresentação do Projeto Concertos Sinfônicos Clássicos do Baião - Tributo a Gonzagão, na noite do domingo passado no Teatro Municipal Dix-Huit Rosado, em Mossoró.
Alcimar MendesUnindo
Orquestra Sinfônica da UFRN e artistas potiguares, Sesc põe na estrada o
projeto Concertos Sinfônicos Clássicos do Baião - Tributo a Gonzagão.
Estreia foi sábado e termina em 2013.
O concerto, promovido pelo Sesc/RN em parceria com a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), encantou crianças, adultos e idosos que rememoram clássicos de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, rearranjados numa envolvente sinfonia de cordas, instrumentos de sopro e, por que não, zabumba, triângulo e sanfona? Se estivesse vivo, Luiz Gonzaga completaria, no dia 13 de dezembro deste ano, 100 anos. "É uma justa homenagem que fazemos a maior figura da cultura nordestina no ano do seu centenário de nascimento. Não houve escolha melhor para o projeto", relatou o diretor regional do Sesc/RN, Laumir Barreto.
Alcimar MendesPúblico se emocionou com repertório do Rei do Baião
E
quem chamou o público ao espetáculo foi o ator/cantor Caio Padilha, que
parecia conversar com Gonzagão através de imagens exibidas em telões,
contendo entrevistas que o maior ícone da cultura nordestina concedera
no passado. No vídeo, Luiz Gonzaga explicava como um cantor do sertão
nordestino se montava: com um gibão, uma sanfona e chapéu de couro. Já
na primeira seleção de músicas tocadas pela orquestra sob a regência do
maestro André Muniz, a emoção da platéia era evidente e os músicos
foram aplaudidos de pé.
Visivelmente emocionada, a cantora Khrystal foi a primeira a subir ao palco e interpretou o clássico "Baião". Em seguida, o dramático "Assum Preto" ganhou um tom ainda mais melancólico proporcionado pelos instrumentos da orquestra e com uma emocionante performance de Valéria Oliveira. Como uma espécie de coringa, atuando e cantando, Caio Padilha interpretou "Que nem jiló", seguido pelo tímido, mas não menos talentoso, Widger Valle com a canção "Danado de bom".
Visivelmente emocionada, a cantora Khrystal foi a primeira a subir ao palco e interpretou o clássico "Baião". Em seguida, o dramático "Assum Preto" ganhou um tom ainda mais melancólico proporcionado pelos instrumentos da orquestra e com uma emocionante performance de Valéria Oliveira. Como uma espécie de coringa, atuando e cantando, Caio Padilha interpretou "Que nem jiló", seguido pelo tímido, mas não menos talentoso, Widger Valle com a canção "Danado de bom".
Alcimar MendesA junção música erudita e popular é a proposta do projeto
A
esta altura, a orquestra e os cantores já tinham arrebatado a emoção da
platéia e Luiz Gonzaga parecia estar ali, a cada novo vídeo projetado.
Nem menina, nem mulher, num vestidinho branco esvoaçante, Camila Masiso
embalou o "Xote das Meninas", uma das mais conhecidas do Gonzagão.
"Esta música reflete de alguma forma, o momento pelo qual estou passando
neste momento. Não que eu só pense em namorar, mas me sinto mais
madura, mais mulher", brincou a intérprete.
A noite parecia ter caído com as imagens do luar e do céu estrelado projetadas nos telões. O sanfoneiro Zé Hilton, acompanhado por músicos da Orquestra, tocam "Luar do Sertão" enquanto o público se encarrega de cantarolar a canção.
Em alguns momentos, a cumplicidade da orquestra com as imagens de Luiz Gonzaga era tão intensa que em "Dança Mariquinha", o passado e o presente se uniram numa comunhão complexa e harmoniosa de sons: era como se Luiz Gonzaga chamasse a orquestra para o acompanhar naquela canção. Para o professor Alípio Neto, que ao longo do concerto cantou quase todas as músicas, aquele foi um momento único. "Eu lembrei do meu pai e das músicas que ele cantava para mim e para meus irmãos. Estou muito emocionado", relatou. Os olhos marejados do professor mossoroense pareciam navegar pelos mares da saudade. No encerramento, todos os cantores se uniram à orquestra e cantaram "Asa Branca", acompanhada em coro pelo público. O concerto foi encerrado com "Vida de Viajante", que em seus versos descreve o que pode ter sido a vida do "Rei do Baião", feita de alegria e saudade.
A noite parecia ter caído com as imagens do luar e do céu estrelado projetadas nos telões. O sanfoneiro Zé Hilton, acompanhado por músicos da Orquestra, tocam "Luar do Sertão" enquanto o público se encarrega de cantarolar a canção.
Em alguns momentos, a cumplicidade da orquestra com as imagens de Luiz Gonzaga era tão intensa que em "Dança Mariquinha", o passado e o presente se uniram numa comunhão complexa e harmoniosa de sons: era como se Luiz Gonzaga chamasse a orquestra para o acompanhar naquela canção. Para o professor Alípio Neto, que ao longo do concerto cantou quase todas as músicas, aquele foi um momento único. "Eu lembrei do meu pai e das músicas que ele cantava para mim e para meus irmãos. Estou muito emocionado", relatou. Os olhos marejados do professor mossoroense pareciam navegar pelos mares da saudade. No encerramento, todos os cantores se uniram à orquestra e cantaram "Asa Branca", acompanhada em coro pelo público. O concerto foi encerrado com "Vida de Viajante", que em seus versos descreve o que pode ter sido a vida do "Rei do Baião", feita de alegria e saudade.
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