quinta-feira, outubro 06, 2011

Sueco Tomas Tranströmer é o ganhador do Nobel de Literatura

Considerado o maior poeta vivo da Suécia, escritor sofreu um derrame em 1990 que afetou sua fala, mas não o impediu de escrever

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Foto: Reuters Ampliar
O poeta Tomas Tranströmer em março, fotografado em sua casa em Estocolmo
O poeta sueco Tomas Tranströmer, de 80 anos, foi anunciado na manhã desta quinta-feira (6) como ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2011. A justificativa dada pela Academia sueca responsável por conceder a honraria foi que "por meio de suas imagens condensadas, translúcidas, ele nos dá um novo acesso à realidade". É a primeira vez em mais de 30 anos que um sueco vence o prêmio.
Tranströmer teria demonstrado "felicidade" e "emoção" ao ser informado do prêmio. "Ele não acreditava que iria viver para isto", afirmou sua mulher, Monica Tranströmer, à imprensa sueca. Segundo ela, o casal ficou "muito surpreso" quando o secretário da Academia sueca, Peter Englund, ligou minutos antes de anunciar o prêmio para dar a notícia.
O peruano Mario Vargas Llosa foi o ganhador do Nobel de Literatura do ano passado, pondo fim a uma seca de duas décadas para autores de língua espanhola. O valor do prêmio é cerca de R$ 2,66 milhões.
Tomas Gösta Tranströmer nasceu no dia 15 de abril de 1931 em Estocolmo, capital da Suécia, filho de um jornalista e de uma professora. Começou a escrever com 13 anos. Sua primeira coletânea de poesias publicadas na Suécia foi "17 Dikter" ("17 poemas", em tradução livre), em 1954.
Estudou literatura, história da religião e psicologia na Universidade de Estocolmo, onde se formou em 1956. Se casou com Monica Bladh em 1958.
A poesia de Tranströmer traz características marcantes de movimentos artísticos como o Modernismo e o Surrealismo. Sua obra é marcada pelo interesse na natureza e na música. O poeta sofreu críticas durantes os anos 70 por não ter uma posição política em seus escritos. Nos últimos anos, tem escrito obras mais concisas e densas.
Em 1987, o poeta norte-americano Robert Bly, amigo íntimo de Tranströmer, traduziu todo seu trabalho para o inglês, no livro "New Collected Poems", lançado na Inglaterra. Em 1997 e em 2011, a edição foi revista e atualizada. Ao todo, o poeta possui 15 coletâneas publicadas na Suécia e 24 livros publicados em inglês. Sua obra foi traduzida para mais de 60 línguas, mas não possui nenhum trabalho em catálogo no Brasil.
Foto: Reuters
Tranströmer, que sofreu um derrame há mais de 20 anos, apresenta sua biblioteca em Estocolmo
O poeta escreveu duas vezes sobre sua infância. 'Östersjöar" ("Báltico"), publicado em 1974 na Suécia, fala sobre as férias de verão que passava na casa do avô materno na ilha Runmarö. Em "Minnena ser mig" ("As memórias me veem", em tradução livre), de 1993, Tranströmer reflete sobre como foi crescer durante os anos 30 e 40.
Como psicólogo, Tranströmer atuou na prisão juvenil Roxtuna entre 1960 e 1966, trabalhando com dependentes de drogas. Em 1990, o poeta sofreu um derrame, que afetou suas capacidades de fala. Mesmo assim, não parou de escrever ou de tocar piano, outra de suas paixões.
A rodada de anúncios de ganhadores começou nesta segunda (3), com o de Medicina, concedido a Bruce Beutler, Jules Hoffmann e Ralph Steinman. O trabalho dos três trouxe novas compreensões sobre o funcionamento do sistema de defesa do corpo humano.
Na terça-feira (4), o Nobel de Física foi concedido aos norte-americanos Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess, que descobriram que a expansão do universo está acelerada. Nesta quarta, foi revelado o ganhador do Nobel de Química, o israelense Daniel Shechtman, que descobriu os quase-cristais.
O ganhador do Nobel da Paz, o único que se concede e se entrega fora de Estocolmo, será tornado público em Oslo nesta sexta-feira (7). Três dias depois, o de Economia fechará a rodada dos prêmios, que serão entregues em 10 de dezembro, aniversário da morte de seu criador, o magnata sueco Alfred Nobel.
Veja a lista com os ganhadores do Nobel de Literatura nos últimos 10 anos
2011 - Tomas Tranströmer (Suécia)
2010 - Mario Vargas Llosa (Peru)
2009 - Herta Müller (Alemanha)
2008 - Jean-Marie Gustave Le Clézio (França)
2007 - Doris Lessing (Inglaterra)
2006 - Orhan Pamuk (Turquia)
2005 - Harold Pinter (Inglaterra)
2004 - Elfriede Jelinek (Áustria)
2003 - John M. Coetzee (África do Sul)
2002 - Imre Kertész (Hungria)
2001 - Sir Vidiadhar Surajprasad Naipaul (Trinidad e Tobago)

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