quinta-feira, outubro 27, 2011

Procurador do Ceará é especialista em processar vestibular

Oscar Costa Filho tenta anular o Enem 2011 no País inteiro. No Ceará, ele mira vestibulares há décadas. "Sou um professor", diz

 iG
A suspeita de que o colégio e cursinho pré-vestibular Christus – um dos principais grupos educacionais do Ceará – distribuiu aos seus alunos apostilas com questões idênticas ou muito parecidas com as do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) uma semana antes das provas deixou estudantes de todo o País apreensivos. Afinal, a possibilidade de fraude pode levar, como em 2010, a uma batalha jurídica sobre a anulação ou não do exame, que impacta a vida de quase 4 milhões de candidatos que realizaram as provas no último fim de semana. Mais uma vez, o Ministério Público entrou na Justiça. E com o mesmo promotor: o procurador da República no Ceará, Oscar Costa Filho, 55 anos

Procurador da República há 20 anos, Costa Filho é conhecido pelos seus pares como teimoso e um tanto vaidoso. Essa não é a primeira vez que questiona um concurso público em âmbito nacional. Em 2010, ele também pediu a anulação do Enem – sem sucesso. No Ceará, já conseguiu invalidar vários vestibulares. “Sempre tive compromisso enraizado com a educação”, justificou. Oscar lecionou língua portuguesa em escolas particulares e economia em universidades. “Sou fundamentalmente um professor. É até por isso que falo assim com esse tom e sempre gesticulando muito”, observou.

Vestindo calça jeans, camisa de botão aberta e tênis, o procurador cearense atendeu o iG no final da tarde de quarta-feira (26) em seu escritório na sala 707 do prédio da Procuradoria Geral da República no Ceará. Enquanto a reportagem aguardava na ante-sala, ele despachava com a presidenta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman.
Os cinco ramais da sala do escritório, os dois celulares institucionais e o pessoal do procurador não pararam de tocar ao longo da entrevista de uma hora concedida ao iG – boa parte desse tempo foi consumido pelas conversas ao telefone. Eram jornalistas de todo o País em busca de informações sobre o que o procurador faria diante da decisão de cancelar as provas dos 639 estudantes do Colégio Christus.

Em um alguns momentos, Oscar falou para várias pessoas ao mesmo tempo. Em um deles, atendeu quatro ligações de uma só vez – isso sem contar o repórter do iG. “Vou falar e vocês vão me escutando aí”, recomendou com um telefone em cada orelha e dois celulares na mesa diante dele. Assim, explicou que iria ingressar com uma ação civil pública na Justiça Federal nesta quinta-feira (27) para invalidar o certame.
Histórico

Nos 20 anos de atuação como procurador da República, Oscar já colocou em xeque diversos concursos tanto em âmbito federal como estadual – boa parte na área de educação. Ele é conhecido antigo da mídia. Na polêmica mais recente em que se envolveu antes de pedir ao MEC que o Enem 2011 fosse anulado, o alvo também foi o exame. O procurador questionou a segurança do processo de aplicação das provas e pediu para invalidar o concurso devido ao vazamento da redação. A iniciativa não surtiu resultado e ele sequer recebeu algum documento do MEC informando sobre a apuração dos fatos.
Início da carreira
No início da carreira, em 1991, a primeira disputa em que se envolveu foi com o então governador do Ceará, Ciro Gomes – na época no PSDB e hoje no PSB. Naquele ano, o governo institui por decreto um “provão” para medir o desempenho dos professores do Estado. “O educador que se recusasse a ter os conhecimentos testados teria o ponto cortado”, relembrou.
Oscar acionou a justiça e conseguiu derrubar a avaliação, mas acabou ganhando um desafeto. “Eu me lembro do Ciro me esculhambando e me chamando de exibicionista” contou. “Exibicionista, no caso, é o que desagrada quem está no poder para fazer justiça”, alfinetou.
Durante toda a década de 1990, o procurador federal foi o terror das coordenadorias de concurso da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece). “Por diversas vezes eu pedi a nulidade de vestibulares e nulidade de questões. Não se podia recorrer da correção de redação. Nós passamos dez anos lutando para mudar isso”.

Na última década, não foi muito diferente. A última vez que a coordenação de concursos da Uece teve que se entender com Oscar foi em dezembro de 2009. Ele apontou indícios de que as respostas certas das questões estavam sendo indicadas de forma cifrada para beneficiar vestibulandos. “As respostas certas tinham um ponto e vírgula ao final. Disseram que era uma atecnia, mas estava claro o que era”.
De olho no Itamaraty

Nascido em 1956, em Nova Russas, município localizado no sertão cearense, distante 300 quilômetros da capital Fortaleza, tem 11 filhos com quatro mulheres diferentes. “Mas nunca fui acionado judicialmente por não pagar pensão”, avisou. O rebento mais novo é uma menina de apenas três anos. Agora, ele começou a pensar no fim da carreira de procurador, mas lamenta ainda não poder se aposentar. “Quando vejo essas coisas, entendo que tenho de continuar”.

Nem por isso Oscar deixa de fazer planos. Quando largar os embates jurídicos, ele pensa em se dedicar a uma nova profissão. “Meu sonho é ir estudar no Instituto Rio Branco”, diz referindo-se a instituição responsável pela seleção e treinamento dos diplomatas brasileiros. “Quero ser um diplomata”.

O procurador já está buscando “vitaminar” sua formação acadêmica com vistas nisso. Recentemente, começou a se dedicar com mais esmero ao estudo das Ciências Humanas. Na estante de seu escritório, ele ostenta uma coleção de livros com a obra de Sigmund Freud. Também passou a se debruçar sobre a Filosofia. Começou uma graduação, depois entrou no mestrado da UFC, fez todas as disciplinas exigidas, mas não obteve o título porque não apresentou dissertação. “Exige um tempo maior que não tenho”, justificou o procurador obcecado com o Enem.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Estudo afirma que maconha causa "caos cognitivo" no cérebro

Consumo da droga causa alterações no cérebro que podem gerar problemas neurofisiológicos e de conduta, segundo pesquisa inglesa

EFE
Foto: Getty Images
Homem fuma cigarro de maconha em manifestação na Alemanha: em ratos, a droga alterou partes do cérebro ligadas à memória e tomada de decisões
O consumo de maconha está associado a alterações na concentração e na memória que podem causar problemas neurofisiológicos e de conduta, indicou nesta terça-feira um estudo publicado pela revista Journal of Neuroscience.
Os pesquisadores descobriram que a atividade cerebral fica descoordenada e inexata durante os estados de alteração mental com resultados similares aos observados na esquizofrenia.

O estudo, produzido por cientistas da Universidade de Farmacologia de Bristol (Inglaterra), analisou os efeitos negativos da maconha na memória e no pensamento, o que pode provocar redes cerebrais "desorquestradas".


O doutor Matt Jones, um dos autores da pesquisa, equiparou o funcionamento das ondas cerebrais ao de uma grande orquestra na qual cada uma das seções vai estabelecendo um determinado ritmo e uma afinação que permitem o processamento de informações e que guiam nosso comportamento.


Para comprovar a teoria, Jones e sua equipe administraram em um grupo de ratos um fármaco que se assemelha ao princípio psicoativo da maconha, a cannabis, e mediram sua atividade elétrica neuronal.


Embora os efeitos nas regiões individuais do cérebro tenham sido muito sutis, a cannabis interrompia completamente as ondas cerebrais através do hipocampo e do córtex pré-frontal, como se as seções de uma orquestra tocassem desafinadas e fora de ritmo.


Jones indicou que estas estruturas cerebrais são fundamentais para a memória e a tomada de decisões e estão estreitamente vinculadas à esquizofrenia.


Os ratos se mostravam desorientadas na hora de percorrer um labirinto no laboratório e eram incapazes de tomar decisões adequadas.


"O abuso da maconha é comum entre os esquizofrênicos, e estudos recentes mostraram que o princípio psicoativo da maconha pode provocar sintomas de esquizofrenia em indivíduos sãos", explicou Jones.

Supremo julga o exame da OAB

STF pode extinguir o exame hoje.

iG
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta quarta-feira o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), prova que confere aos bacharéis em direito aprovados o registro de advogados. A corte avalia se o exame é constitucional. Caso decida que não, pode extingui-lo.

O julgamento começou por volta das 14h30 com o relator Marco Aurélio Mello lendo o recurso extraordinário do bacharel em direito João Volante, de 56 anos, vice-presidente do Movimento Nacional dos Bacharéis em Direito (MNDB), que luta pela extinção do exame. O recurso afirma que o Exame de Ordem vai contra a Constituição ao não permitir o livre exercício da profissão de advogado.
O advogado de Volante, Ulisses Vicente Tomazini, iniciou a sustentação contando a história de seu cliente, que ingressou com a ação, e não pode exercer sua profissão. Para ele, o exame é inconstitucional, porque limita o exercício livre da profissão. Tomazini chamou o exame de arrecadatório, pois levanta mais de R$ 72 milhões ao ano com inscrições, além de estimular cursinhos e materiais didáticos específicos para a prova. "A Ordem não tem legitimidade para exigir uma prova de quem já se formou", afirmou. Para a defesa, "a educação é que qualifica, não uma prova imposta pela organização de classe".

Colégio Christus confirma ter questões do Enem em banco próprio

Em nota, escola que aplicou itens antes do exame, diz que questões pré-testadas podem cair em domínio público

iG
O colégio e cursinho pré-vestibular Christus, do Ceará, que aplicou questões do Exame Nacional do Ensino Médio realizado no fim de semana em simulado anterior à prova, informou em nota que mantém vasto banco de questões no estilo da Enem, que são feitas a partir da colaboração de professores e das sugestões de alunos ou ex-alunos.
No texto, explica que as perguntas do Enem, por serem da metodologia Teoria de Resposta ao Item (TRI), são pré-testadas, e por isso “existe a possibilidade de que essas questões caiam no domínio público antes da realização oficial do exame”. A direção do colégio nega que tenha tido contato prévio com o exame em si, mas diz que o banco de questões do Christus pode ser integrado também por questões provenientes de sugestões dos alunos que realizaram o pré-teste, sem o conhecimento da escola no que diz respeito à origem desses dados.
A denúncia de que alunos do colégio de Fortaleza haviam tido contato com questões do Enem antes da prova foi realizada por estudantes e se espalhou pelas redes sociais.
O Ministério Público do Ceará irá encaminhar uma recomendação ao Ministério da Educação (MEC) de anulação do Enem 2011. O Ministério da Educação diz que não há registro de vazamento da prova e pediu que a Polícia Federal investigue o caso. O governo estuda ainda excluir os 639 alunos do colégio Christus do exame e oferecer a eles a possibilidade de refazerem o Enem nos dias 28 e 29 de novembro, quando será aplicado nos presídios. Se a escola tiver mesmo responsabilidade na antecipação das questões, o MEC diz que o diretor poderá ser responsabilizado civil e criminalmente.
Leia a íntegra da nota:
"O COLÉGIO CHRISTUS, considerando as notícias correntes a respeito das questões do último ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, vem apresentar publicamente os seguintes esclarecimentos:
1. Nos anos 2010 e 2011, o COLÉGIO CHRISTUS não foi responsável pela aplicação do ENEM, sendo, assim, impossível que mantivesse qualquer tipo de contato prévio com o exame;
2. Como é do conhecimento de todos, a metodologia utilizada pelo ENEM é baseada na TRI – Teoria de Resposta ao Item, necessitando, assim, do pré-teste das questões, realizado em diversas escolas de ensino médio do Brasil;
3. Como há o pré-teste de questões utilizadas no ENEM, existe a possibilidade de que essas questões caiam no domínio público antes da realização oficial do exame, as quais eventualmente podem compor o banco de dados de professores e de outros profissionais da área de educação;
4. O COLÉGIO CHRISTUS mantém vasto banco de questões, construído a partir da colaboração de professores e das sugestões de alunos ou ex-alunos, tendo como única exigência que as questões estejam no estilo próprio do ENEM;
5. O banco de questões do COLÉGIO CHRISTUS pode ser integrado também por questões provenientes de sugestões dos alunos que realizaram o pré-teste, sem o conhecimento da escola no que diz respeito à origem desses dados;
6. O COLÉGIO CHRISTUS verificou que há evidências de que as questões em discussão foram objeto de pré-testes efetivados para o ENEM entre os anos 2009 e 2011;
7. As questões da base de dados do COLÉGIO CHRISTUS provêm de diversas outras fontes, inclusive da própria rede mundial de computadores (internet) – mensagens de e-mail, simulados, fóruns de discussão e mídias sociais –, assim como da conversão de questões clássicas em questões “estilo ENEM”, dentre outras origens;
8. Uma instituição de ensino que tenha profundo conhecimento da TRI – Teoria de Resposta ao Item – e possua vasto banco de questões originadas das mais diversas fontes, poderá ter boa margem de acertos nas avaliações do ENEM e de outros vestibulares;
9. No que se refere à redação, por exemplo, foi abordado o lógico no exame: o tema das redes sociais. No eixo temático do COLÉGIO CHRISTUS, durante a preparação dos alunos para o ENEM, focou-se a capacidade das redes na mobilização popular, considerando os últimos acontecimentos no Oriente Médio. O ENEM, por sua vez, focou as redes sociais considerando os limites entre o público e o privado nas relações inter-pessoais. A abordagem do tema “redes sociais” pelo COLÉGIO CHRISTUS, na preparação dos alunos, decorreu de uma avaliação contextual, mediante pesquisas e consultas a diversas fontes;
10. De resto, desafia a lógica e agride o bom senso alguém imaginar que, tendo de alguma forma conseguido previamente questões que seriam aplicadas no ENEM, fosse o COLÉGIO CHRISTUS torná-las públicas, entre os seus alunos, dez dias antes do exame.
11. O COLÉGIO CHRISTUS afirma, por fim, que agiu em estrita conformidade com os princípios da ética e da licitude que vêm pautando sua conduta ao longo de 60 anos de história.
COLÉGIO CHRISTUS
A Direção"

Colégio é acusado de aplicar questões do Enem antes da prova

Ministério Público pedirá anulação do Enem 2011. Escola apura as denúncias

 iG
O colégio e cursinho pré-vestibular Christus, um dos principais grupos educacionais do Ceará, é acusado nas redes sociais de ter distribuído aos seus alunos apostilas com questões idênticas ou muito parecidas com as do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) uma semana antes das provas. De acordo com relatos de estudantes e denúncias recebidas pelo iG, 14 questões são iguais ou muito parecidas com as do Enem.

O Ministério Público do Ceará irá encaminhar uma recomendação ao Ministério da Educação (MEC) de anulação do Enem 2011. Após ser procurado na terça-feira (25) por candidatos do exame, o procurador da República Oscar Costa Filho constatou irregularidade ao analisar o material e encontrar 13 questões idênticas às aplicadas no Enem. As questões com conteúdo antecipado, segundo o MPF, foram as seguintes: no 1º dia, prova amarela, nº 87, 46, 50, 74, 57, 34, 33, 32 e 2º dia, prova amarela, 113, 180, 141, 173 e 154.
Para o procurador da República Oscar Costa Filho, o problema de vazamento de provas se repete assim como nos anos anteriores. "É necessário que se imponha, de uma vez, a constitucionalidade no Enem, que significa o direito de recorrer em caso dos candidatos se sentirem prejudicados", explica o procurador em nota.
Foto: Reprodução 
Colégio Christus teve nota alta no Enem 2010 (reprodução do site)
O MEC declarou que está monitorando as referências ao Enem nas redes sociais desde a realização do exame e, assim que apareceram as denúncias envolvendo o colégio Christus, revisou todas as medidas de segurança e não encontrou nenhum registro de que a prova tenha sido violada. No entanto, nesta quarta-feira, em função da grande repercussão do caso, acionou a Polícia Federal para investigar a origem e a procedência das informações.

Se confirmado o vazamento da prova, o governo estuda excluir os 639 alunos do colégio Christus do exame e oferecer a eles a possibilidade de refazerem o Enem nos dias 28 e 29 de novembro, quando será aplicado nos presídios. O MEC ainda informou que, se a escola tem mesmo responsabilidade na antecipação das questões, o diretor poderá ser responsabilizado civil e criminalmente.
O diretor do Christus, Davi Rocha, afirmou que a escola apura as denúncias e irá se pronunciar ainda nesta quarta-feira (26). Em entrevista ao iG, Rocha não negou nem confirmou a distribuição das apostilas, disse apenas que o banco de questões do colégio é “muito vasto”. “Soubemos disso ontem à noite e estamos examinando”, afirmou.
Segundo o iG apurou, alunos de outra grande escola de Fortaleza, a Farias Brito, souberam por meio de colegas do Christus sobre o suposto favorecimento e começaram a divulgar o assunto nas redes sociais. Jorge Cruz, diretor de uma das unidades do Colégio Farias Brito, disse que a instituição não tem relação com a denúncia. Segundo ele, a maioria de seus alunos que fizeram o exame estava satisfeita com o resultado que obteve. Mas os estudantes ficaram indignados quando souberam do suposto vazamento. "A gente viu isso por meio das redes socias. Nossos alunos se sentiram prejudicados, apesar de a maioria ter se saído muito bem. Não queríamos que a anulação", disse Cruz.
Em sua página na internet, o colégio Christus comemora ter obtido a nota mais alta no Enem 2010, considerando todas as sedes.

terça-feira, outubro 25, 2011

MEC divulga gabarito oficial do Enem

São quatro provas de múltipla escolha, com 45 questões cada.
Cerca de 4 milhões de estudantes fizeram o exame nos dias 22 e 23.

Do G1, em São Paulo
Cadernos de provas do Enem (Foto: G1) 
Cadernos de provas do Enem (Foto: G1)
O Ministério da Educação (MEC) divulgou, na tarde desta terça-feira (25), o gabarito oficial da edição 2011 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado neste sábado (22) e domingo (23). Os documentos estão disponíveis para download no site do Enem.
Na segunda-feira (24), o Inep havia divulgado os cadernos de provas utilizados pelos candidatos, divididos por cor.

Cerca de 4 milhões de pessoas fizeram as provas no sábado (22) e no domingo (23). No total, mais de 5,3 milhões de estudantes se inscreveram no exame, mas a abstenção média, segundo o MEC, foi de 26,4%, o que representa mais de 1,4 milhão de candidatos. O número bateu recordes neste ano.
Segundo o edital do Enem, o resultado individual das provas, que inclui a correção e nota da redação, será divulgado em 4 de janeiro de 2012.
Entenda o sistema de pontuação do Enem
O Enem usa um sistema de pontuação diferente dos vestibulares. A correção é feita com base na Teoria da Resposta ao Item (TRI), na qual cada questão tem um valor específico de acordo com seu grau de dificuldade. Isto significa que dois candidatos que tenham acertado o mesmo número de questões do Enem não terão necessariamente a mesma pontuação.
O Enem é composto por quatro provas objetivas (ciências humanas, ciências da natureza, matemática e linguagens), cada uma com 45 questões cada, e mais uma redação.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza o Enem, a TRI reduz as chances de acerto por "chute" das respostas do Enem. Na TRI, o foco é no item, como é chamada cada questão, e não no total de acertos. Aluno que mostra padrão de resposta médio ao longo da prova, se acerta uma questão de padrão mais difícil pode aparecer uma resposta aleatória.
Imagens do primeiro dia de provas do Enem 2011 (Foto: G1)Imagens do primeiro dia de provas do Enem 2011 (Foto: G1)
A TRI é o conjunto de modelos que relacionam uma ou mais habilidades com a probabilidade de a pessoa acertar a resposta. Cada item/questão é construído um modelo representado por três parâmetros: a discriminação (que ajuda a diferenciar a habilidade dos alunos), o grau de dificuldade e o acerto casual. Já o vestibular, como da Fuvest, por exemplo, utiliza a Teoria Clássica dos Testes (TCT). Quem acertar mais perguntas, soma mais pontos.
De acordo o sistema usado pelo Inep para cada item/questão é construído um modelo representado por três parâmetros: a discriminação (que ajuda a diferenciar a habilidade dos alunos), o grau de dificuldade e o acerto casual.
A TRI é usada desde 1995 nas provas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que mede o desempenho de estudantes do ensino fundamental e médio. A teoria começou a ser aplicada no Enem em 2009, para garantir a possibilidade de comparação das notas de diversos anos.
Prova bem feita e cansativaOs professores de cursinho ouvidos pelo G1 consideraram que as provas de ciências da natureza e de ciências humanas, aplicadas no primeiro dia do Enem, no sábado (22), mostrou uma evolução em relação aos anos anteriores. Eles destacaram que as provas de ciências da natureza e de ciências humanas apresentaram temas relevantes e cobrou mais conteúdo em relação a 2010.
Edmilson Motta, coordenador geral do Etapa, disse que o MEC trouxe um Enem mais aprimorado. “Houve uma evolução considerando os exames anteriores”, disse. Para Motta, a prova apresentou um aumento da exigência do conteúdo, mas o maior foco ainda estava no texto, que é parte decisiva do exame. “Sobre o grau de dificuldade não vejo nenhuma grande mudança em relação ao ano passado. É uma prova média que se dificulta mais pela extensão do que pelo nível das questões”, afirmou.
Luis Ricardo Arruda, coordenador geral do Anglo, afirmou que de modo geral, o Enem abordou temas relevantes, mas pecou com imprecisões em questões de biologia. “Em algumas perguntas [como a de número 52, da prova branca] o texto não dialoga com a pergunta, torna-se desnecessário, o que atrapalha o candidato, já que o tempo é um fator relevante.”
Enem - mosaico - dia 2 (Foto: G1) 
Imagens do segundo dia do Enem (Foto: G1)
O segundo dia foi considerado cansativo tanto para os estudantes quanto para os alunos. O exame reuniu 90 questões de linguagens, códigos e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, além da redação.

Simone Ferreira Gonçalves Motta, professora de português do Etapa, afirmou que ao tema da redação - "viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado" - permitiu que o aluno pudesse trabalhar em profundidade com a argumentação. "Não existe nada fácil quando se fala de elaboração de ideias, mas o tema é muito próximo do aluno e isso pode ter facilitado o processo."
Luis Ricardo Arruda, coordenador Anglo, disse que de modo geral a prova estava bem elaborada, porém em literatura, os professores do cursinho reclamaram que a banca se limitou a autores recentes. Em português, segundo ele, o maior problema para os candidatos foi o tempo. "Três minutos foram insuficientes para responder cada questão."
A prova de matemática trouxe muitas questões com gráficos e tabelas para buscar dos alunos a interpretação das imagens apresentadas. Também foram abordadas questões de geometria plana e geometria espacial.
Segundo o professor Felipe Rossi, do cursinho de A a Z, do Rio, as questões mais fáceis da prova de matemática são as relacionadas à conversão de medidas (como, por exemplo, a pergunta sobre o carro em miniatura e a mecânica do pistão), além da questão sobre o guarda-chuva, que pedia apenas o nome da figura geométrica do cone. Errar essas questões simples compromete o resultado final, por causa do sistema de correção do Enem.

Confira o gabarito oficial do Enem 2011

Alternativas corretas são divulgadas pelo Inep

O Instituto Nacional do Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divugou nesta terça-feira o gabarito oficial do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011. Confira as alternativas corretas:
É importante ressaltar que o número de acertos ainda não define a nota final do participante. Isso porque o Enem é elaborado a partir da Teoria de Resposta ao Item (TRI), um modelo complexo de avaliação que dá pesos diferentes às questões de acordo com o de dificuldade de cada uma delas. Portanto, o número de acertos serve apenas como um indicativo do desempenho do participantes no exame. A nota final só poderá ser conhecida no dia 4 de janeiro, quando o Inep divulgar os desempenhos individuais.
Avaliação - O Enem 2011 foi aplicado neste final de semana para mais de 5 milhões de candidatos. No sábado, os participantes responderam a 90 questões de ciências humanas e ciências da natureza. No domingo, foi a vez de testarem seus conhecimentos em liguagens e matemática, além de uma redação, cujo tema foi "Viver em rede no século 21: os limites entre o público e privado"
Neste ano, o Inep registrou abstenção média de 26,4%, nos dois dias de avaliação, ou seja, 1.416.912 candidatos não fizeram as provas. Segundo o Ministério da Educação (MEC), a percentagem foi menor do que a média do ano passado, de 28%. A abstenção do domingo foi de 27,6%; e a do sábado, 25,2%. A ausência desses estudantes custou 61 milhões de reais aos cofres públicos.
As unidades federativas onde a média de faltosos foi maior são Distrito Federal (34,12%), Amazonas (32,86%) e Roraima (32,43%). Os menores índices foram registrados no Piauí (21,41%), Santa Catarina (22,41%) e Acre (22,78%). A edição de 2011 do Enem teve número recorde de inscritos: 5.367.092.
Segundo o MEC, não houve incidentes durante a realização das provas. Apesar da afirmação, várias ocorrências foram registradas. No sábado, um jornalista conseguiu se credenciar, instantes antes do exame, como fiscal da avaliação - a promessa do Inep é que esses seriam profissionais previamente selecionados e treinados. No domingo, o tema da redação vazou na internet menos de uma hora após o início da prova, ou seja, antes mesmo que os participantes pudessem deixar as salas de avaliação. A assessoria do Inep minimizou o caso dizendo que o vazamento ocorreu depois da entrega das provas e que, portanto, não causou prejuízos aos candidatos.

No domingo, o MEC eliminou três candidatos que faziam as provas. Eles acessaram o Twitter pelo celular dentro da sala de realização do exame. Os fiscais viram que os estudantes estavam usando o celular e retiraram os candidatos da sala. Os casos ocorreram em Salvador (BA), São José dos Pinhais (PR) e Parauapebas (PA).
No sábado, primeiro dia de provas, oito participantes foram eliminados porque acessaram o Twitter. O Inep, que monitorou o microblog em busca de candidatos infratores, identificou os casos em Arari (MA), Foz do Iguaçu (PR), Guaíba (RS), Itararé (SP), Rio de Janeiro (RJ), Sananduva (RS), Santarém (PA) e Santo André (SP).

segunda-feira, outubro 24, 2011

domingo, outubro 23, 2011

Confira abaixo o gabarito do primeiro dia do Enem 2011 (sábado, 22/10)

ENEM 2011
1º DIA: 22/10: 

AMARELA:
1E 2B 3E 4E 5C 6B 7D 8D 9A 10B 11A 12A 13E 14A 15E 16E 17D 18E 19C 20E 21D 22C 23A 24E 25B 26B 27C 28C 29D 30A 31A 32E 33B 34D 35D 36A 37D 38D 39B 40B 41A 42E 43A 44C 45A 46A 47D 48C 49E 50B 51D 52E 53B 54A 55B 56C 57C 58E 59A 60B 61B 62C 63E 64C 65A 66E 67D 68E 69A 70B 71E 72A 73E 74D 75B 76B 77D 78D 79B 80E 81D 82C 83D 84A 85C 86B 87B 88C 89A 90D

AZUL:
1E 2B 3E 4B 5C 6E 7A 8E 9D 10B 11D 12A 13A 14C 15A 16C 17E 18E 19D 20B 21B 22C 23A 24E 25E 26D 27C 28D 29C 30B 31A 32E 33A 34D 35A 36D 37B 38B 39D 40D 41E 42A 43A 44E 45A 46D 47C 48E 49A 50B 51D 52B 53E 54C 55B 56C 57A 58E 59B 60A 61C 62B 63E 64A 65E 66C 67E 68D 69E 70D 71A 72A 73B 74E 75B 76E 77D 78B 79B 80D 81D 82D 83C 84A 85B 86C 87B 88D 89C 90A

BRANCA:
1E 2E 3B 4B 5E 6C 7E 8A 9D 10A 11A 12B 13D 14C 15A 16C 17E 18E 19D 20C 21E 22D 23B 24B 25A 26E 27C 28D 29E 30C 31B 32A 33A 34D 35A 36D 37B 38D 39D 40B 41A 42A 43E 44A 45E 46A 47C 48E 49B 50D 51D 52C 53A 54B 55E 56C 57B 58E 59C 60B 61B 62A 63C 64A 65E 66E 67E 68D 69A 70B 71E 72E 73D 74A 75D 76D 77B 78B 79E 80B 81D 82B 83C 84B 85A 86D 87C 88A 89D 90C

ROSA:
1B 2E 3E 4C 5E 6B 7A 8B 9A 10A 11D 12D 13E 14E 15A 16E 17C 18D 19E 20A 21E 22E 23D 24C 25B 26B 27E 28B 29C 30D 31C 32A 33A 34D 35B 36A 37D 38D 39D 40B 41A 42E 43A 44C 45A 46C 47E 48B 49D 50D 51A 52C 53B 54C 55A 56E 57B 58E 59B 60B 61A 62C 63E 64E 65D 66C 67A 68E 69B 70E 71A 72E 73D 74A 75D 76B 77E 78B 79B 80D 81D 82A 83D 84C 85B 86C 87B 88A 89C 90D

sexta-feira, outubro 21, 2011

Após 12 anos, destaques contam como Enem de 99 marcou suas vidas

iG encontrou "dois campeões" do primeiro Exame Nacional do Ensino Médio que teve estudantes com melhores notas divulgadas

 iG
Em 1999, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda dava seus primeiros passos. Havia sido criado no ano anterior, quando 115 mil jovens fizeram as primeiras provas. Naquele ano, 315 mil pessoas participaram da avaliação e, pela primeira vez, o Ministério da Educação divulgou os nomes dos estudantes que mais se destacaram.
O iG conversou com dois dos dez alunos com melhores desempenhos na prova. Vinicius e Edson brilharam no Enem de 1999. A segunda edição do exame que hoje se tornou critério de seleção para mais de 80 mil vagas em universidades federais marcaria a vida desses estudantes para sempre.

Os dois participaram da novidade com a esperança de aproveitar os resultados no vestibular. Não imaginavam tirar notas tão altas quando fizeram o exame, apesar de conhecerem bem o próprio potencial. “Eu certamente esperava um desempenho bom, mas não estar entre os primeiros lugares”, analisa Vinicius Cifú Lopes, que obteve a nota mais alta do Enem de 1999.

 Vinicius e Edson se tornaram professores. O primeiro, de universidade. O segundo, de ensino médio. Como dica aos estudantes que participarão do Enem neste fim de semana eles elencam investir na prova, conferir o local antes de ir, se alimentar bem, prestar atenção aos enunciados, mapas e textos disponíveis. E confiar no que estudaram até lá.

O primeiro


Vinicius Cifú Lopes, 29 anos, começou a se destacar bem cedo. Então morador de São Paulo, começou a ser treineiro no vestibular da Fuvest aos 13 anos. Passou em todos a partir dos 14. Quando fez para valer, em 2000, ficou em primeiro lugar. Diante disso, ele admite que já esperava um bom desempenho no Enem – “mas não estar entre os primeiros lugares”, conta. Vinicius tirou nota máxima na redação e 98,4 na prova de conhecimentos gerais. Ficou com a média mais alta no exame.


O então futuro professor não precisou da ajuda do Enem para entrar na Universidade de São Paulo (USP), onde cursou Matemática. E com tantos louros, especialmente o destaque na Fuvest, o sucesso no Enem ficou ofuscado. Vinicius acredita, porém, que seus destaques auxiliaram a trilhar seu caminho acadêmico. “Serviu-me como cartão de visitas à faculdade”, diz.
Além do vestibular, Vinicius queria contribuir para avaliar o ensino do País. “Era mais ‘fácil’, menos impactante (a prova) que um vestibular, porque seu propósito não era diferenciar estudantes, mas já era séria”, avalia. Doutor em Matemática pela Universidade do Illinois, dos Estados Unidos, hoje ele leciona na Universidade Federal do ABC.

Sobre a importância de fazer o Enem, ele é enfático. “É claro que vale a pena! O Enem tornou-se o vestibular de muitas instituições e um componente decisivo em outros; então, quem deseja cursar o nível superior dará grande atenção a essa prova”, afirma.
Foto: Arquivo pessoal 
Edson Didoné, de candidato a professor: o Enem rendeu segurança para o vestibular e intercâmbio
Dica de professor
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não deixou de fazer parte da vida de Edson Roberto Didoné Júnior nem na vida adulta. Destaque na prova em 1999, ele gabaritou a prova de conhecimentos gerais e ficou com 95 na redação. Estudante de uma escola técnica estadual em Americana, no interior de São Paulo, Edson queria usar a nota no vestibular da USP. Mas, segundo ele, o bom desempenho no Enem lhe deu muito mais.

“Não imaginava tirar uma nota tão boa. Isso me deu muita segurança para passar onde eu queria: o curso de Geografia da USP. Depois, uma série de outros eventos surgiu”, conta. Edson foi selecionado para participar de um intercâmbio de um mês, viajando pelo Brasil e Portugal, em uma comemoração de 500 anos do descobrimento do Brasil. O critério de seleção foi a nota no Enem. Ele diz que portas profissionais também se abriram depois.


Hoje, aos 30 anos, Edson dá aulas em turmas de ensino médio e de cursinho no interior de São Paulo, perto de Americana. O Enem voltou a fazer parte da sua rotina. “Apesar do Enem ter mudado, ainda me sinto seguro para falar da minha experiência com os alunos. O fundamento em competências e habilidades ainda é o mesmo”, diz. Na opinião dele, é possível “aprender durante a prova, com os enunciados”. “Acho isso fabuloso”, define.


Professor orgulhoso do que faz, diz que os estudantes devem prestar atenção às informações colocadas nas provas, devem cuidar do texto, prestar atenção aos mapas. São dicas universais, segundo ele.


Gabarito oficial do Enem 2011 será divulgado na terça-feira

Inep promete prova e respostas corretas no dia 25. No sábado e domingo iG fará correção logo após a prova

iG
O gabarito oficial do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011 será divulgado na terça-feira. As provas realizadas neste final de semana, 22 e 23 de outubro, também estarão disponíveis respondidas pelo órgão aplicador, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) no mesmo dia 25.

Os gabaritos das provas objetivas serão divulgados na página do Inep. Os participantes poderão acessar os resultados individuais do Enem 2011, a partir de 4 de janeiro de 2012, mediante inserção do número de inscrição e senha ou CPF e senha no mesmo endereço eletrônico.
Para a prova deste final de semana, o candidato não pode levar lápis, régua, caneta sem tubo transparente e relógio. O gabarito deve ser marcado em caneta preta. O exame começa às 13h e o candidato deve chegar com pelo menos uma hora de antecedência.

Leitura para o Enem: conteúdo para cada possível tema da redação

Reportagens com os principais aspectos de cada um dos assuntos mais cotados pelos candidatos

iG São Paulo


Na véspera do Exame Nacional do Ensino Médio, cresce a ansiedade para saber qual será o tema da redação. Internautas sugeriram assuntos atuais que são bons candidatos. Abaixo conteúdos com o essencial para cada um dos mais cotados (clique nos títulos em azul para ser direcionado):
Primavera Árabe
Especial Mundo Árabe


Guia Enem 2011: conheça as regras e prepare-se para as provas

Saiba o que fazer nos dias que antecedem o Exame Nacional do Ensino Médio e o que não pode esquecer nos dias de provas

iG
DATAS DE PROVAS
22 e 23/10
Dicas para revisar conteúdos e testar conhecimentos
- Conheça todas as competências cobradas no Exame. A Matriz de Referência apresenta os conteúdos que aparecem nas provas
- Faça provas de anos anteriores para conhecer o exame e os seus próprios conhecimentos
- Na última hora, escolha apenas poucos temas que não domina para revisar. Não dá tempo de rever todas as competências do Enem
- Assista aos vídeos com dicas do colunista do iG Mateus Prado e leia as colunas com questões comentadas
- Acompanhe notícias por portais, rádio, TV e jornais. Estar bem informado ajuda na compreensão da prova. Conheça temas atuais que podem cair na prova e revise

Na mochila
O que precisa levar para a prova e o que é proibido
Foto: GUILHERME LARA CAMPOS/GUILHERME LARA CAMPOS Ampliar
Lpis, celular e relógio não podem ser levados para o exame
O que levar
- Caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente
- Cartão de Confirmação da Inscrição (enviado pelos Correios para a residência do candidato e disponibilizado no site do Enem)
- Documento de identificação original com foto (RG, carteira de motorista, passaporte, carteira de trabalho). Protocolos de identificação, como certidão de nascimento, casamento e título de eleitor não serão aceitos. Em caso de perda ou roubo dos documentos, o candidato deve apresentar um Boletim de Ocorrência expedido por órgão policial e emitido há no máximo 90 dias
- Água
- Lanche (biscoito, chocolate, barra de cereais)
O que não levar
- Lápis, borracha, apontador, lapiseira, grafite
- Livros, manuais, impressos, anotações,
- Nenhum tipo de eletrônico, como calculadoras, telefones celulares, pagers, bip, walkman, gravador, mp3 ou similares, relógio
- Qualquer receptor ou transmissor de dados e mensagens
Na prova
Dicas para preencher a prova corretamente e não correr o risco de ser eliminado
Caderno de Questões/Prova
- Não esqueça de marcar a cor do seu Caderno de Questões no seu Cartão-Resposta. Se essa opção não for assinalada, a prova será invalidada

- Os candidatos só poderão levar o Caderno de Questões se deixarem a sala depois de decorridas quatro horas desde o início da aplicação, nas provas do sábado, 22/10/2011, e decorridas cinco horas do início das provas do domingo, 23/10/2011
- Confira seus dados em todos os documentos do exame (Caderno de Questões, Cartão-Resposta, Folha de Redação, lista de presença) e não se esqueça de assinar no local indicado
Inglês/Espanhol
- Todas as provas terão questões de inglês e de espanhol, com numeração idêntica e gabaritos distintos. O estudante deve se atentar ao idioma escolhido e transferir para a folha de resposta apenas as alternativas referentes ao idioma pelo qual optou na inscrição
Foto: Robertson Cesar Luz/Fotoarena 
Para evitar atrasos, visite o local de prova antes e programe seu deslocamento
Horário
Quando começa e termina a prova nos dois dias de exame
- Atrasos não são tolerados. Recomenda-se chegar uma hora antes do início da prova, às 12h (horário de Brasília – atente-se para o horário de verão brasileiro)
- Os portões dos locais de prova fecham às 12h55 (horário de Brasília)
- A prova começa às 13h (horário de Brasília)
- O tempo mínimo de permanência na sala de provas é de duas horas, a partir do início do exame. No sábado, o tempo total é de 4h30min e no domingo, de 5h30min.
 
Transporte
Dicas para chegar ao local de provas com tranquilidade
- Visite o local da prova antes do Enem. Cronometre o tempo necessário para chegar, descubra quais são as linhas de ônibus que atendem a região e trace o seu itinerário. Atrasos não são tolerados
Alimentação
Como se alimentar bem antes e durante o exame
- Mantenha uma dieta balanceada nos dias em que antecedem o Enem e tome bastante água, para que o corpo fique hidratado
- No dia da prova, tome um café da manhã reforçado com alimentos leves (frutas, sucos, pães). Não é recomendado almoçar, nem comer alimentos pesados, gordurosos, que podem causar sonolência e desconforto estomacal
Foto: flavio torres 
Tomar bastante água antes e durante a prova é importante para manter o corpo hidratado
Sono
Cuidados necessários para não ser prejudicado por cansaço
- Durma bem nos dias em que antecedem o Enem. A prova é logo depois do almoço, esteja preparado para não sentir sono nesse horário 
Proibido
O que não pode ser feito durante o exame
Exclusão
O candidato será excluído se:
- mentir a identidade,
- apresentar documentos falsos
- destratar outros participantes ou a equipe de aplicação da prova
- sair da sala sem o acompanhamento de um fiscal ou antes de decorridas duas horas do início da prova
- se colar ou conversar com outro candidato
- não devolver o Cartão-Resposta e o Caderno de Questões

quinta-feira, outubro 20, 2011

Forró eletrônico: Festa, amor e sexo

Nova roupagem do gênero popularizado por Luiz Gonzaga é fenômeno da indústria cultural no Nordeste

Thalles Gomes,
de Maceió (AL)

Nos primeiros quinze dias de setembro serão doze apresentações em nove estados diferentes, começando por Rio Grande do Norte e passando por Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Acre, Rondônia e Pará, de onde partirão rumo a Alagoas para dois shows numa mesma noite, em Maceió e Anadia. Rotina comum para os integrantes da banda Aviões do Forró que, nos últimos sete meses, realizou 148 apresentações, uma média de mais de 21 espetáculos por mês.
Foto: Thalles Gomes
Não se trata de caso isolado. Se somarmos os compromissos de outras cinco bandas do gênero, ultrapassaremos a casa dos 110 shows somente no mês de setembro. De fato, as apresentações de forró eletrônico ocorrem por todo o território nordestino em todas as épocas do ano. E não é de hoje que vêm avançando para outras regiões e, inclusive, continentes – no início desse ano, a banda Aviões do Forró fez sua segunda turnê européia, com apresentações em Amsterdã, Zurique e Porto. Surgido no início dos anos 1990, o forró eletrônico se propôs a modernizar o universo do forró tradicional difundido e consolidado em todo o Brasil por Luiz Gonzaga, Sivuca, Dominguinhos e Trio Nordestino. Essa modernização buscava aproximar o forró da música pop nacional e internacional.
Para tanto, zabumba e triângulo perderam espaço para baixo, bateria, metais e teclado. A sanfona foi mantida, no intuito de preservar o DNA musical, mas sua importância sonora foi reduzida.
A mudança mais significativa, entretanto, seria na temática. Buscando superar o referencial nostálgico e sertanejo característico do forró tradicional, as letras das bandas de forró eletrônico incorporaram o urbano, o sensual, o duplo sentido, a diversão. “O eletrônico canta o urbano, o jovem e está constantemente em busca de festa, diversão, alegria e sexo, com amor ou sem amor”, completa o professor da UFPE, Felipe Trotta. Para ele, a temática do forró eletrônico pode ser resumida no trinômio festa, amor e sexo.
“Nossas músicas falam mais de amor, não do sertão como os forrós de antigamente, para fazer uma reciclagem do público, acompanhando as gerações e falando a mesma língua da galera”, confirma Carlos Aristides, um dos empresários da Aviões do Forró.
E é justamente no espaço da festa que as bandas de forró eletrônico melhor expressam sua sonoridade e temática, conquistando público cada vez maior. Mesmo com boa vendagem de discos e presença constante nas rádios – são duas músicas do gênero por hora, de acordo com pesquisa feita por Paulo Camêllo nas três maiores emissoras de Recife em 2008 – são nos shows que a experiência musical do forró eletrônico se concretiza e fortalece.
Repletas de brilho e iluminação, com equipamentos de ponta e dezenas de dançarinos reforçando a sensualidade das músicas, as apresentações destas bandas se tornaram cada vez mais disputadas, não perdendo em grandiloquência e público para shows de artistas nacionais e internacionais – até porque, os grandes hits estrangeiros costumam ganhar versão dançante em português. Aviões do Forró, por exemplo, reuniu mais de 70 mil pessoas em Salvador para a gravação de seu DVD lançado em abril deste ano.
Felipe Trotta explica que os empresários e produtores deste nicho investem cada vez mais no que ele chama de economia da experiência e da performance, “um sistema comercial no qual o consumidor paga não para adquirir um produto ou um serviço, mas para passar algum tempo participando de uma série de eventos memoráveis, o que se torna algo único e altamente lucrativo”.

Empresários ao centro

De fato, os empresários têm papel central no universo do forró eletrônico. Controlam não somente o planejamento comercial e as estratégicas de divulgação, mas a própria construção do estilo, a escolha do nome e os integrantes da banda. No forró eletrônico, todos os músicos são trabalhadores contratados, inclusive os cantores.
Desde os primórdios do gênero esse modelo impera – a primeira banda de forró eletrônico, Mastruz com Leite, foi organizada pelo empresário Emanoel Gurgel. Atualmente, a principal empresa do setor é a A3 Entretenimento.
Capitaneada pelos empresários Carlos Aristides, Zequinha Aristides, Isaias Duarte e Cláudio Melo, a A3 Entretenimento surgiu em 2006 no estado do Ceará e, de acordo com informações de seu site oficial, “atua como um conglomerado de empresas que objetiva atuar na promoção de eventos e bandas”. Reúne em seu “casting” as bandas Aviões do Forró, Forró do Miúdo, Forró dos Plays, Solteirões do Forró, Forró Balancear, Chicabana, Boca a Boca, A Comandante e Forró Pé de Ouro. Além disso, fazem parte da empresa cinco casas de show e duas emissoras de rádio.
Esse caráter forjado, somado à temática erotizante e a sonoridade pasteurizada são os principais argumentos dos que criticam o forró eletrônico e veem nele um desvirtuamento da cultura e identidade nordestina.
Nesta linha, causou polêmica a atitude do secretário de cultura da Paraíba, Chico César, ao declarar às vésperas dos festejos juninos deste ano que o estado não iria “contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino”. O secretário paraibano argumentou que “não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco”. E completou: “Nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso”.
Para além da discussão sobre as prioridades do financiamento público, há na atitude de Chico César uma posição implícita acerca da identidade e cultura nordestina, reverberada por outros artistas e intelectuais preocupados com uma possível degeneração e sepultamento de certos valores e tradições regionais.
Entretanto, mais do que aceitar ou negar a legitimidade do forró eletrônico como gênero musical, trata-se de compreender as razões e estratégias de sua ascensão e sucesso. E para isso, é preciso ir mais além dos debates sobre gosto ou qualidade musical e desvendar as mudanças socioeconômicas pelas quais passou a região nas últimas décadas.
Ao construir um universo musical direcionado a um público jovem e urbano, copiando e recriando os elementos do imaginário da cultura pop transnacional, os empresários do forró eletrônico criaram uma resposta da indústria cultural a um processo de urbanização e empoderamento monetário que teve início nos anos 80 em todo o Nordeste.

Sem “sofrimento”
De acordo com dados do IBGE, em 1980 a população nordestina estava dividida quase que por igual em urbana (50,7%) e rural (49,3%). Desde então, o ritmo de urbanização da região superou a média das regiões mais desenvolvidas do país. Em 1990, a população urbana já chegava a 60,6%, passando para 69% na virada do século, até chegar aos atuais 73,1%, de acordo com o Censo 2010.
Trata-se, dessa forma, de uma população urbana e jovem - de acordo com o mesmo IBGE, 50% da população nordestina têm menos de 30 anos. Se somarmos essa urbanização tardia ao fato de que nos últimos anos há um aquecimento da economia local, com aumento da renda dos assalariados e elevação de consumo entre as classes C e D, teremos um quadro socioeconômico que ajuda a entender a preferência de boa parte do público pelo estilizado e moderno do forró eletrônico, em detrimento do saudosismo rural do forró tradicional.
Os empresários da A3 Entretenimento parecem ter compreendido e aproveitado como ninguém essas mudanças. Em seu site oficial, ao falar da banda Aviões do Forró, eles explicam que “as letras trazem uma linguagem diferente do forró clássico, se distanciando de temas como o sofrimento do nordestino. Mas não esquecem as raízes do ritmo, tendo como referência músicos como Luiz Gonzaga. O repertório popular atinge um público jovem por falar sobre relações amorosas, sem deixar de lado o ritmo dançante e animado”.
Fonte: Brasil de Fato

Castanhas ao leite

A gente mantém uma relação assim: ela vem vindo pelo corredor, lenta e densa, queimando o ar, e eu vou ficando sem graça.
Nanda Barreto


Mulher de Frente, desenho
a caneta-tinteiro de
Portinari de 1941
Já da primeira vez, notei que ela vinha acarretada de mágoas no peito e uma história estranha na garganta. A testa retesada de quem não sabe mais o que fazer com a dor. A dor de quem se curvou. O corpo curvado de amor retido. De medo de viver. Um balançar inseguro, típico de quem não vai e não faz se não souber pra onde e o porquê. E foi dar logo de cara comigo, que adoro subverter as pequenas estruturas do dia a dia. Muita sorte ou azar.
Pouco importa. Tanto faz se ela me receia, porque sei que é docemente falsa a sua autossuficiência. E eu subverto. Me desfaço de conceitos para chegar mais perto dela. Esta mulher acaba comigo. Há dois meses que não durmo. Ela fica cravada na minha retina. Tenho mil versões dela na minha cabeça. Ela de biquíni, ela de paletó, ela de jardineira, duas dela, duas dela juntas na cama, ela, ela, ela.
A gente mantém uma relação assim: ela vem vindo pelo corredor, lenta e densa, queimando o ar, e eu vou ficando sem graça. Aí ela chega mais perto, num andar para lá de hesitante, e quando passa por mim diz “oi”. Um “oi” tímido, suave, murmurado. Deus! Que “oi” esta mulher tem! Aí eu respondo, “oi”, embasbacado. Todos os dias digo que de hoje não passa. Que dou um jeito de me avizinhar do seu pescoço. Que descubro que negócio é esse que altera todo o movimento dela. O andar dela. O rebolado dela. Ela.
Imagino os cabelos dela brincando no meu rosto. Que rosto! E o gosto? Quero experimentar o gosto de mulher que ela tem. Fantasio ela de calça de moletom cinza, camiseta azul, meias brancas e chinelos havaianas verdes, de manhã cedinho, bebendo leite ou café na minha cozinha. Ela tem um mistério, uma coisa assim encravada na alma, sabe? E eu sei que parece atrevimento, loucura ou petulância mesmo, mas acho que posso fazê-la sorrir mais largo, mais forte, mais sincero.
Todos os dias espero por ela. Busco disfarçar para que não desconfiem, mas não posso mais. Não suporto mais. Tenho bebido muito, embora já não saia mais à noite. Consegui uma foto dela, de minissaia e blusa preta numa festinha de aniversário da repartição. Bebo em casa sozinho e me entusiasmo com as mãos. Extirpo de mim meu desejo por ela. Não posso mais agir assim, sei bem. Ela de biquíni, ela de paletó, ela de jardineira, duas dela, ela, ela, ela.
Me sinto um pouco rústico por desejá-la e não dividir isso com ela. Gosto tanto das suas coxas. Ficaria o dia inteiro ajoelhado beijando as coxas dela enquanto ela trabalha, enquanto ela estuda, enquanto ela fala ao telefone. Era lá que eu gostaria de estar agora, entre suas coxas quentes e firmes. Coxas cor de castanha.
Tarde destas, quando ela veio, veio de um jeito diferente daquele que ela sempre vinha. Me lançou um olhar penitente e tinha a boca entreaberta. Eu fiquei tenso com o que ela diria. Muita língua e saliva, eu pensava, enquanto meu corpo antecipava o suor. Meu corpo todo propenso ao corpo dela, vontade súbita de tirar a roupa e amá-la ali mesmo, no chão do corredor.
Ela vinha vindo daquele jeito que eu nunca vi ela vir. Jogou para cima de mim um olhar de quem arrisca toda dignidade numa confissão e disse “oi, tudo bem”. Ela meu perguntou se estava “tudo bem”! Quase não acreditei. Então, encorajado pela nossa relação de compreensão mútua, baseada no diálogo, eu respondi “sim, e com você?”. Ela respondeu, eu emendei, ela rebateu, eu espirrei.
Um, três, quatro, vinte, trinta e dois espirros. Um atrás do outro. Tentei trancar todos. Dizem que a velocidade do espirro pode chegar a cento e sessenta quilômetros por hora e que ao tampar o nariz a pressão é tanta que pode expulsar os olhos, ou arrombar o tímpano ou romper uma veia importante e aí, babaus, já era.
Mas eu arriscaria a vida por ela outra vez se fosse preciso. E então, as mulheres! Meu Deus! As mulheres. Quem vai entendê-las? Então ela me lançou um sorriso muito leve e, antes de chegar mais perto do meu ouvido, exatamente naquela proximidade que deixa o corpo sentindo o calor um do outro, o hálito um do outro, então ela disse “posso te contar um segredo?”.
E me segredou coisas sobre aquele corpo hesitante, aquele corpo curvado e, para meu sobressalto, um corpo praticamente sem dor, para não dizer um corpo de pleno prazer. Ela se enredou no meu ouvido e eu tremi. Chegou mais perto ainda. Me olhou de um jeito de quem arrisca toda a dignidade numa confissão e me contou coisas que eu, à noite, sozinho e bêbado no meu quarto, jamais pude imaginar.

Nanda Barreto é jornalista e escritora