terça-feira, agosto 04, 2009

No Enem 2009, português cobrará "gramática aplicada", dizem professores
Ana Okada
Em São Paulo
O que será cobrado de língua portuguesa dentro da divisão de "linguagens, códigos e suas tecnologias" no Enem 2009? Segundo os professores consultados pelo UOL Vestibular, o novo exame abordará o assunto da mesma maneira que os grandes vestibulares, como o da Fuvest e o da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas): as questões pedem que o estudante saiba aplicar a gramática em situações concretas.

"A gramática é o meio e não um fim em si mesma", diz o professor Marcos Rodrigues Sagatio, do colégio Rio Branco, em São Paulo.

No Enem, o que é cobrado do jovem que sai do ensino médio não são nomenclaturas gramaticais, mas a capacidade de ler e entender o que é pedido. Para Sagatio, o simulado divulgado pelo MEC (Ministério da Educação) não mostrou nenhuma novidade em relação a anos anteriores e só confirmou essa tendência.


"A prova pede que o estudante tenha capacidade analítica; ele tem que perceber a relação que existe entre as diversas variedades de texto apresentadas, tem que entender as diferentes visões de mundo que elas veiculam e tem que ter senso crítico para perceber isso e não se deixar influenciar facilmente", diz o professor.

Esse jeito de cobrar os conhecimentos de português, de acordo com o Sagatio, já se reflete no ensino médio: "antes você trabalhava com a palavra 'solta'; agora, o aluno analisa a palavra a partir do texto em que ela está inserida. Por isso, quem só estudar gramática vai acabar se frustrando porque o Enem não vai cobrar nomes", explica.

Veja dicas para as outras disciplinas cobradas no Enem 2009:

Dicas de estudo

Para se preparar, o professor Sagatio recomenda verificar as questões dos exames anteriores e de vestibulares para o estudante verificar o que é cobrado e, a partir daí, consultar uma gramática, caso precise de auxílio para compreender o que é pedido. Segundo ele, o conteúdo do Enem está se aproximando cada vez mais daquele pedido pela Fuvest na primeira fase: "vai ficar mais difícil", conclui o professor.

O professor lista cinco pontos importantes cobrados no Enem:

  • Coesão textual: dentro de um texto pode ser pedido conhecimentos de análise sintática, uso dos conectivos, uso de pronomes relativos e de períodos compostos;
  • variação linguística: o estudante deve ter a percepção de que a língua não é homogênea e que a norma culta é só uma referência; ele deve saber identificar as diferentes formas de falar e saber por que ocorrem;
  • gêneros textuais: o aluno deve saber quais são os mecanismos gramaticais que predominam em cada tipo de texto, como o jornalísitico, o poético etc.
  • uso de tempos e modos verbais: conhecimento essencial para interpretação de textos no Enem;
  • figuras de linguagem: são recurso fundamental da língua, o estudante deve perceber os efeitos de sentido de uma metáfora, de uma ironia etc.

  • A dica da professora Sheila Hallai, do colégio Global, em São Paulo, é ler muito: "leitura é primordial, não só de livros didáticos mas de jornais, revistas, sites de informação. Só assim o aluno adquire habilidade de leitura e nível vocabular", diz.

    Sheila explica que a leitura cobrada no exame pode ir além de textos: "o texto iconográfico, como quando o Enem pede para comparar figuras, também é texto: o estudante tem que interpretar as imagens, identificar seu significado. Tudo isso exige treino", aconselha.

    Para todas as matérias

    Para a professora Sheila, o domínio da língua portuguesa é central para os estudantes pois está por trás dos cinco eixos cognitivos comuns a todas as áreas do Enem 2009; veja quais são:

  • 1. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.
  • 2. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.
  • 3. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.
  • 4. Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.
  • 5. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

  • O domínio da língua portuguesa é a base para o estudante poder desenvolver as habilidades acima e, segundo a professora, a importância da interpretação de texto tende a crescer: "diria que 99,9% da prova vai ser interpretação", diz.

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