Aulas em horário integral, programas de reforço escolar e melhora a autoestima, após professores ficarem "engasgados" com resultado levaram a evolução de 45%, diz diretor
Após ter o pior desempenho entre todas as escolas
públicas da cidade do Rio de Janeiro no Ideb (Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica) em 2009, o Ciep João Goulart melhorou sua nota na
avaliação em 45% em 2011, no resultado divulgado nesta terça-feira (14).
A média subiu de 3,1 para 4,5, em dez pontos possíveis nas séries
iniciais do Ensino Fundamental.
Entretanto, nas séries finais, em que o colégio teve
desempenho ainda pior em 2009, com a nota 1,8, não foi avaliado. Segundo
o diretor Roberto Emygdio, na função desde o meio de 2011, não houve
alunos suficientes.
Como o iG
revelou em 2011, a
escola fica no Complexo Rubem Braga, no Cantagalo, que abriga o Espaço
Criança Esperança, o Afroreggae e o projeto Dançando para Não Dançar,
mas é administrada pela Prefeitura do Rio
.
O Cantagalo recebeu R$ 71 milhões em obras do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento), um elevador que virou ponto
turístico e uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), instalada em
2009. Porém toda a projeção, infraestrutura e as visitas de personagens
célebres da política e da arte ao local não resultavam em bom
aproveitamento escolar dos alunos.
Nesta avaliação, a nota do Ciep João Goulart foi superior
à meta imposta pelo MEC à escola, 3,5, e ultrapassou até a projeção
para 2017, 4,4. Entretanto continua a ser uma nota baixa, ainda muito
inferior à meta do Rio de Janeiro, 5,1 - também não atingida pelo
Estado.
De acordo com o diretor, Roberto Emygdio, o mau resultado mexeu com todos os funcionários
. "Ficamos engasgados. Os professores se manifestaram fortemente pela
escola e decidimos juntos mudar, reverter, e os funcionários abraçaram a
ideia", disse ao iG
.
Desde que assumiu passou a direcionar parte do trabalho
de professores e monitores à preparação dos estudantes para a Prova
Brasil, que integra a nota do Ideb, junto com a taxa de aprovação.
Para ele, vários fatores levaram à evolução da nota dos
alunos, mas "os méritos são dos professores da escola", os mesmos de
antes, da Coordenação Regional de Educação, da Secretaria de Educação e
de todos os funcionários, "do ascensorista ao cozinheiro".
Horário integral, explicadores e até elevador novo ajudaram
Após receber uma UPP, o Ciep funciona desde 2009 como
"Escola do Amanhã", em período integral, com sete horas mais duas horas
de reforço, com estagiários. São servidos almoço e jantar. Mais dois
programas passaram a atuar no local, o "Mais Educação" - do governo
federal, com aulas extras de Português e Matemática - e a atuação de
"explicadores" bancados pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado
do Rio de Janeiro) no reforço escolar.
Outros fatores menos tangíveis também influenciaram o
resultado, na opinião do gestor: a autoestima dos alunos melhorou entre
outras razões, com a chegada de elevadores novos - o colégio fica no
alto do morro, e os antigos, precários, só funcionavam em parte do dia.
"O mérito não é só meu. Tenho professores de primeira
linha e parceiros maravilhosos. Eu acreditei, e o diretor tem de
acreditar nos professores. Minhas crianças têm capacidade e vão ser
profissionais de futuro, como médicos e advogados", afirmou.
Após a reportagem do iG
, o Criança Esperança anunciou que ofereceria "imediatamente" aulas de reforço escolar
. O professor negou que aconteçam. "A atuação do Criança Esperança é
mais com a Educação Infantil. Participação com os alunos (que fizeram o
Ideb) não teve. Os méritos são dos professores", disse.
Em agosto de 2011, Roberto Emygdio, professor de matemática, prometera ao iG
melhora no Ideb e que trabalharia para elevar a autoestima dos alunos e professores
.
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