Fãs de 'Lost' explicam como o
seriado ajudou a mudar suas vidas
Histórias de amizade e namoro são comuns entre os aficionados pela trama.
Assim como na série, uma rede de contatos foi criada dento e fora da internet.
Casamento de Angy contou com a presença de
amigos que conheceu graças à série (Foto: Arquivo
pessoal)
Em 2004, Juliana Ramanzini era uma historiadora solteira, que vivia em Porto Alegre com a família. Em 2010, ela é uma analista de mídias sociais, que vive no Rio com o namorado, Davi. Nada de muito incomum, levando-se em conta o que seis anos podem representar para a vida de uma pessoa.
O que há de curioso nessa história é a presença de “Lost” nesse período de seis anos. “Minha vida deu giro absurdo graças à série”, explica Juliana, que ao lado do companheiro assina o blog Dude, we are lost!, um dos principais no mundo sobre o seriado.
Os dois se conheceram por comunidades virtuais dedicadas ao programa. Descobriram afinidades, montaram um blog e, quando perceberam, já conversavam todo dia por telefone – sobre assuntos que não necessariamente envolviam o universo de “Lost”.
“Começamos a namorar no final de 2006 e, um ano depois, a Ju se mudou para o Rio”, recorda Davi. “Com o blog ganhei até emprego novo. Um leitor me convidou para ser analista de mídias sociais de sua empresa e aceitei”, comenta Juliana.
“Bem, ‘Lost’ não representou nenhuma mudança profissional em minha vida”, brinca o administrador Davi. “Mas tive a oportunidade de vivenciar um produto diferenciado que foi um verdadeiro agregador de conteúdo coletivo”, completa.
Dharma Day
Existem diversas histórias como a do casal acima. Por ter sido um programa que instigou o telespectador a ir além daquela postura passiva de se ver TV sentado no sofá, desligando-a logo após o final do programa, “Lost” serviu de pretexto para diversos fãs se conhecerem em fóruns, comunidades e blogs sobre a trama.
“Nunca fui interessada por física ou ficção científica, mas depois da série comecei a ler sobre esses assuntos. Ficava tão ansiosa em comentar o final do episódio com alguém que precisei achar um lugar canalizar essa força”, ri a professora Juliana Teixeira, de 28 anos.
“No ano passado eu fui a um encontro sobre ‘Lost’ e me vi em um palco, com um microfone na mão, falando para 120 pessoas. E foi algo natural! Brinco que foi um desejo da ilha”, comenta.
O evento em questão é o Dharma Day, que acontece em São Paulo no próximo domingo (30) e terá em 2010 sua terceira e última edição. Mas se engana quem acha que “Lost” é o único assunto a ser discutido ali.
Detalhe do bolo de aniversário de Juliana Teixeira: o símbolo da Iniciativa Dharma (Foto: Arquivo pessoal)
“Pelo contrário: conheci muita gente com gostos musicais e estilos de vida totalmente opostos ao meu. O que temos em comum, além do gosto por ‘Lost’, é a mesma cabeça aberta”, resume o cineasta Fabio Hofnik, um dos organizadores do evento ao lado de Leandro Leite, o Leco, do blog Teorias Lost.
Assim como Juliana, o professor de 30 anos diz que falar sobre a atração na web (e fora dela) o ajudou a superar sua timidez.
“Sempre fui muito reservado e aprendi com o blog a dar a cara à tapa. Posso dizer que ‘Lost’ mudou muito a minha maneira de me relacionar com as pessoas”, comenta Leco.
Antes do fim
Uma questão pertinente após ouvir essas histórias de amor e de amizade envolvendo “Lost” é sobre como será a vida dessas pessoas após o final do programa, neste domingo (23). Curiosamente, ninguém se mostra muito preocupado.
“Vamos ver se a gente sobrevive sem ‘Lost’, né, Davi?”, provoca Juliana que, ao lado do namorado, irá se dedicar a um outro blog, dessa vez dedicado a mais de uma série.
“Amigos a gente leva para sempre”, afirma Juliana, que costuma levar seus filhos aos encontros entre “losties”. “Não é obrigação falar com alguém todo dia para uma amizade significar alguma coisa”, resume Leco.
O vestido de noiva de Angy recebeu uma inusitada homenagem dos amigos 'losties' (Foto: Arquivo pessoal)
A investigadora carioca Angy Aguilar que o diga. Ao se casar na semana passada, ela foi surpreendida ao ver que vários dos “amigos virtuais” que fez durante os últimos seis anos compareceram ao seu casório. “Veio gente de São Paulo e de Manaus, acredita?”, comenta.
No final da festa, os convidados pegaram canetas e assinaram o vestido da noiva, que ficou repleto de mensagens relacionadas à “Lost”, como a sequência numérica 4, 8, 15, 16, 23 e 42, que o personagem Hurley julga ser um sinal de azar.
Angy não concorda nem um pouco com o "dude". "Que nada, acho justamente o contrário! Os números dão azar para quem acredita: eles só me deram sorte desde que conheci essa galera toda".
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