quarta-feira, junho 29, 2011

Pulseira promete atrair o sexo oposto, especialistas contestam

Fabricante diz que produto contém feromônios e reage com suor, mas não existem provas científicas

 iG


Foto: Divulgação
A pulseira está disponível nas cores rosa (para mulheres) e preta (para os homens)
O mercado de produtos eróticos está sempre cheio de novidades curiosas. E um dos últimos lançamentos no Brasil é a pulseira com feromônios, que promete aumentar a atração sexual. Feita de silicone e parecida com a polêmica pulseira do equilíbrio "Power Balance", a "Pheromone Bracelet Erotic Stimulant Attractant" tem, segundo o fabricante Evolved Novelties, feromônios infundidos na sua fórmula que reagem com as glândulas que produzem suor, liberando uma substância química sem cheiro por 45 dias.
O acessório de atração sexual custa em torno de R$ 25 em sites especializados, mas não ganha confiança dos especialistas. Assim como perfumes de feromônios que já existem no mercado, não há nada que garanta a eficácia desse tipo de produto. “Não tem fundamento científico e não sabemos que substância a empresa colocou no produto. Dizer que tem feromônio é muito vago”, explica Bettina Malnic, professora do Departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo e autora do livro “Cheiro das coisas” (Editora Vieira & Lent).
Carolina Ambrogini, ginecologista e coordenadora do Projeto Afrodite da UNIFESP, concorda que os produtos com feromônios não são confiáveis. “Não temos comprovação que os humanos liberam feromônios porque não temos essa substância isolada no corpo. Muito menos uma substância artificial que colocam em uma pulseira”, diz. Ela explica que só há provas que os animais exalem a substância e tenham sensibilidade para senti-la.
Embora mulheres e homens não exalem cheiros porque estão excitados nem passem por um período de cio, o olfato humano não pode ser descartado como fator de atração. “Se o cheiro de uma pessoa não combina com o cheiro da outra, dificilmente elas vão se relacionar sexualmente. Causa uma repulsa, é uma questão química”, diz Ambrogini. Uma pesquisa recente chegou a mostrar que o período fértil deixa mulher mais atraente aumentando seu tom de voz e seu odor corporal.
Se não funcionam quimicamente, é possível que acessórios eróticos para aumentar o desejo ou a atração tenham efeito placebo, dando uma força na confiança de quem usa. Segundo Ambrogini os odores exalados pelos produtos podem ser apenas relacionados com erotismo: “cheiro é importante, é afetivo”, diz.

Conselhos para jovens escritores








Escritores iniciantes são como sementes jogadas em um jardim. Quais crescerão? Isso ninguém sabe. Quem será o autor iniciante hoje, mas reconhecido em 2030 ou 2045?
O caminho do escritor é, como dizia, Hemingway, um caminho solitário. O escritor é individualista, precisa de introspecção para encontrar sua própria voz, mas também precisa ser curioso, pesquisar, percorrer rotas externas.
Solicitei a escritores, editores e poetas, conselhos para os iniciantes. Claudio Daniel, poeta, jornalista e doutorando em Literatura Portuguesa pela USP, só disse o seguinte: "meu conselho é leitura, leitura, leitura, leitura e leitura".
Uma visão semelhante é a do escritor e também professor universitário Miguel Sanches Neto: "Que nunca deixem de ler muita literatura, pois não há outro caminho para a construção de um estilo, de uma voz, de uma visão do mundo, do que lendo a literatura que nos antecedeu. Escrever deve ser sempre um subproduto da leitura, uma forma de unir nosso nome a uma tradição, nem que seja negando-a".
Plínio Martins, escritor e diretor da Edusp, disse: "Leia. Leia muito. Quanto mais uma pessoa lê, melhor ela domina sua linguagem e torna-se capaz de transmitir melhor suas próprias ideias. É importante também ter cuidado ao analisar sua própria produção criticamente. Vale a pena pedir opinião de terceiros ou até mesmo um parecer de outros autores que já tenham publicado obras similares".
Paulo Tadeu, jornalista, dono da editora Matrix e escritor de livros infantis: "Meu conselho é escrever sobre o que se gosta, e ler muito. Esse amor pela palavra escrita vai gerar frutos uma hora ou outra".
Patrícia Vence Castilla, dona a editora Ruínas Circulares, de Buenos Aires deu algumas sugestões: "Leitura, muitíssima leitura contemporânea de autores consagrados de cada país. Capacitação. Aproximar-se das oficinas literárias que contam com bons coordenadores, de preferência escritores, porque penso que nenhum artista ― escultor, artista plástico, ator etc. ― jamais duvidaria em procurar um mestre para ser orientado no ofício escolhido. Então, para escrever bem, a primeira coisa a fazer, segundo o meu critério, seria capacitar-se".
Para o escritor e jornalista José Castello "Toda grande ficção precisa despertar, antes de tudo, um sentimento de estranheza. Aquela sensação que nos leva a dizer: 'Nunca li uma coisa assim!', ou 'De onde esse autor tirou isso?'. A literatura é o terreno do singular. Sempre que alguma coisa se repete, nos decepcionamos um pouco. Portanto, não dá para dizer que isso, ou aquilo, me impressiona mais. Eu me impressiono mais com o susto, o espanto de encontrar uma coisa que eu não pensava que pudesse existir".
Outros profissionais da área do livro assinalaram caminhos diferentes. Isso me fez lembrar das palavras de Borges, que falou que sempre havia lido, nunca existiu uma época em que ele não lesse. E não falava só de livros, logicamente, mas de realizar uma leitura do mundo. O bebê lê alegria ou a tristeza no rosto materno. Crianças aprendem a ler a linguagem dos olhares e dos gestos. Escutei dizer que o jovem fala o que vive e os velhos vivem do que falam, fabulam, renovam biografias, enfim, reestruturam o passado para manter uma autoimagem positiva.
Alguns entrevistados falaram um pouco desse caminho de descobertas. Perguntei ao jornalista e escritor, autor de Meu nome não é Johnny, Guilherme Fiúza, quais conselhos poderia dar para os novos escritores que desejam escrever biografias. Ele respondeu: "Acho que não tenho autoridade para tal. De qualquer forma, arriscaria dizer a eles que tão importante quanto a vida do biografado é o olhar do autor sobre ela".
Wanderlino Teixeira, escritor e poeta, membro da Academia Niteroiense de Letras, aconselhou: "estar atentos ao que os rodeia, não se fiem apenas na inspiração. Escrever é trabalho de carpintaria".
Roberto Araújo, do Conselho editorial da Editora Europa, deu sua visão: "Livros não surgem por mágica. O conteúdo, que é sempre o que efetivamente interessa, tem que ser trabalhado cuidadosamente na cabeça do autor. O conselho mais prático que posso dar é que um livro é sempre fruto de um trabalho disciplinado. Algumas horas por dia devem ser separadas exclusivamente para este trabalho. E repetidos todos os dias. A verdade é que a concentração sempre demora. Para ela chegar ao ponto é necessário reler os capítulos anteriores, refletir sobre a nova cena, elaborá-la na cabeça e então partir para a escrita. Não há regras rígidas, já que este é um trabalho artístico, mas eu tenho a forte convicção que sem disciplina não é possível escolher com sabedoria as milhares de palavras que compõem um livro. Também acho inútil o uso de álcool ou qualquer tipo de droga. Com a consciência alterada, as palavras parecem ter uma força que não será compreendido por mais ninguém a não ser o autor. Se a intenção for publicar, o trabalho fica todo perdido. O certo é que é preciso garra e determinação. Nada está acima em termos de realização intelectual do que escrever e publicar um livro. É um esforço que vale a pena".
Depois escutamos os conselhos de Reinaldo Polito, autor de livros de oratória que já venderam mais de 1.000.000 de exemplares: "Minha sugestão, portanto, aos jovens escritores é que estudem muito bem essa arte. Aprendam os pilares básicos de como escrever livros. Comecem publicando textos menores em blogs e sites. Abram suas obras para a crítica de amigos, conhecidos e até desconhecidos. Aprendam que é melhor receber críticas antes de publicar definitivamente seus livros. Saibam que depois de publicados os livros não lhe pertencerão mais. Serão de propriedade dos leitores. Conheço pessoas que escreveram sem se preocupar com pesquisas, sem se aprofundar nos temas que abordaram, sem analisar as características de suas personagens. Foram tão criticadas que se sentiram desestimuladas a continuar. Escrever é uma arte que se aprende fazendo. Quanto mais a pessoa escrever mais competente se tornará. Tem de saber também que depois que o livro estiver pronto não será fácil publicar, que depois de publicado também não será fácil vender. Entretanto, o prazer de escrever irá compensar todos esses desafios. Vale a pena".
Quando a jornalista Luana Gabriela me pediu "dicas" para os novos escritores eu fiquei pensando que é muito mais fácil perguntar do que responder, mas falei:
Escrever um livro é uma tarefa empolgante. Se for de ficção, o autor deve desenvolver o enredo passo a passo, alguns mestres do oriente falam que qualquer arte deve ser iniciada com cuidado, com leveza, como quem caminha pisando sobre papel de arroz. Acontece que o caminho do escritor é longo ― e não é tão charmoso como as pessoas pensam. Escrever é um trabalho solitário. Então, a primeira dica é ter disciplina, escrever diariamente, ainda que seja uma página. E no mínimo uma vez na semana reler as páginas escritas procurando aprimorar o texto. Outra "dica" é estar sempre atento aos detalhes, caminhar pela rua, ouvir as pessoas. Observar gestos, atitudes, comportamentos e tomar notas daquilo que foi mais interessante. E depois, ao escrever um conto, um romance, analisar se algumas dessas notas podem servir para completar a construção de nossos personagens ou do cenário. Escrever é também aprimorar a leitura do mundo.

Isabel Furini mantém o blog Literatura de Isabel Furini.

sexta-feira, junho 24, 2011

Médico de 'ER' volta às séries em produção alienígena de Spielberg

Noah Wyle, o dr. Carter, estrela a ficção científica 'Falling skies'.

Alienígenas invadem a Terra, destroem diversas cidades e dizimam a população. Porém, um bravo grupo de pessoas sobrevive. Juntas, elas terão a tarefa de lutar contra os ETs e expulsá-los do planeta. Essa sinopse, tão clichê em filmes de destruição de Hollywood, ainda tem algum apelo popular? Seis milhões de americanos acham que sim – principalmente se a grife Steven Spielberg estiver envolvida.
Estreia nesta sexta-feira (24) no Brasil, às 22h, no TNT, uma das principais séries desta temporada: “Falling skies”, cuja première de duas horas nos EUA registrou no último domingo  5,9 milhões de expectadores, recorde do ano para a TV paga americana.
Noah Wyle lidera milícia de resistência em 'Falling skies' (Foto: Divulgação) 
Noah Wyle, como o professor Tom Malson, lidera milícia de resistência em 'Falling skies' (Foto: Divulgação)
O nome de Spielberg na produção executiva sem dúvida ajuda no sucesso - ainda que sua assinatura venha se tornando cada vez mais comum na TV americana, vide “The pacific”, “United states of Tara” e, futuramente, “Terra Nova”. Mas outro grande atrativo da série é a presença de Noah Wyle, ator que passou 11 temporadas interpretando um dos personagens mais queridos da televisão americana, o dr. Carter de “ER” (“Plantão médico” por aqui).
Por fim, entra a história, que é o mais importante de “Falling skies”. Apesar do mote não ser lá muito original, a série serve para ocupar o buraco de um gênero que não tem dado muito certo. “V” e “The event”, cujas premissas eram semelhantes, foram canceladas neste ano. Quem mais se aproxima do tema “fim de mundo” são os zumbis de “The walking dead”.
Moon Bloodgood vive na série a médica Anne (Foto: Divulgação) 
Moon Bloodgood vive na série a médica Anne
(Foto: Divulgação)
Wyle é o protagonista do programa no papel do professor de história americana Tom Malson. Ele perdeu a esposa e teve um de seus filhos capturado pelos alienígenas há seis meses. Nsse tempo, ele e outros humanos se esconderam em um acampamento, na companhia da médica-e-futura-namorada Anne (Moon Bloodgood).
O seriado foca justamente nas relações humanas desse mundo pós-apocalíptico, o que claramente remete a “The walking dead”. A diferença é que, em "Falling skies", não se sabe exatamente qual o propósito dos aliens (na concorrência, os inimigos querem apenas comer nossa carne).
Só faltam dinossauros
Um trunfo da atração são os efeitos especiais e a produção milionária. Por ter um grande conhecimento teórico sobre estratégia militar, Malson logo fica à frente de uma força-tarefa criada para defender os civis, ou seja, é garantido que em todos os dez episódios da 1ª temporada haverá tiroteios, explosões e ETs correndo de um lado para o outro dentro de um cenário pós-apocalíptico.
Para quem gosta do estilo do cineasta é um prato cheio. Só ficaram de fora os dinossauros de "Jurassic Park", mas esses estarão presentes em “Terra Nova”, que estreia nos EUA em setembro.

Enquete concluída

Em quais destes profissionais você mais tem confiança (leve em consideração apenas o cenário de Jardim de Piranhas)?

Político
 (5%)
 
Padre
  (11%)
 
Professor
  (61%)
 
Médico
   (27%)
 
Juiz
  (5%)
 
Promotor
  (38%)
 
Radialista
  (16%)
 
Policial
  (0%)
Advogado
  (5%)
 
Sindicalista
  (22%)
 
Empresário
  (5%)
 


 

Veja a linha do tempo do forró

Ritmo criado nos anos 1940 se transformou ao longo da história.
Especialistas dividem estilo em três grandes fases.

Do G1
arte da linha do tempo e genealogia do forró - são joão (Foto: Editoria de Arte/G1)

segunda-feira, junho 20, 2011

Ensino público e privado: razões do abismo

Pesquisa do Inep constata diferença exorbitante nos índices de reprovação nas duas redes no RN

Os indicadores mais recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), revelam uma triste constatação: piora o índice de qualidade na rede pública estadual do Rio Grande do Norte. As altas taxas de evasão e a reprovação escolar, em todos os níveis, mostram que existe uma diferença abissal entre o que é ensinado na rede particular e o que é ministrado nas escolas públicas. Em 2010, de acordo com o levantamento que ficou pronto no mês passado, 18,3% dos alunos matriculados no Ensino Fundamental da rede estadual norte-rio-grandense foram reprovados, enquanto a reprovação da rede privada foi de apenas 4,5%. O alento é o nível médio, onde não há diferença tão grande: a reprovação é de 6,4% nas escolas estaduais, e de 6,2% nas particulares.


Repetência atingiu 18,3% dos alunos no nível fundamental do sistema público do RN Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press
Entre os estados do Nordeste, o Rio Grande do Norte aparece em 3º lugar no ranking de reprovação no que diz respeito aos colégios da rede estadual. O menoríndice é o do Maranhão (10%), e o maior de Sergipe (23,5%), que também amarga o pior percentual do país. Para secretária estadual de educação, Betânia Ramalho, parte da explicação sobre esse índice de reprovação reside na passagem do 5º para o 6º ano do Ensino Fundamental. "Com a mudança no sistema pedagógico, há uma dificuldade de acompanhamento, readaptação ao método de ensino. Sai a figura do professor polivalente, entra o professor por área de conhecimento. E, com a fragilidade na base do sistema, torna-se frágil sua continuidade", analisou.

A escola pública, segundo a secretária, ainda não tem atratividade para o aluno. Some-se a isso as condições sócio-econômicas desfavoráveis, a trajetória familiar do alunado e a falta de incentivo governamental. "A escola pública é um reflexo da sociedade brasileira. A rede privada, além de ter uma escola mais bem estruturada, tem a família que acompanha e fatores importantes para elevar os índices de aprovação, como aulas suplementares, de reforço, entre outros mecanismos".

Eleika Bezerra, educadora do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), complementa a informação da secretária, acrescentando que, enquanto o cliente da escola pública não alterar seu nível de exigência, sua qualidade vai ser questionada. "Me convenci de que a apatia, a indiferença dos que frequentam a escola pública é muito grave. A educação pública não é prioridade. Hoje em dia o governo incentiva o crescimento do número de matrículas, mas não adianta o aluno estar na escola se não se sabe o que acontece dentro dela", critica.

Faltam recursos e continuidade administrativa

Não há dúvidas que os recursos da educação pública são insuficientes. O custo-aluno, nas séries onde mais se verificou altos índices de reprovação no estado (6º ao 9º ano) é de R$ 1.899,61. "Com o alto índice de reprovação e repetência, o custo-aluno acaba se configurando custo-desperdício. O investimento somos nós que pagamos", conclui a educadora do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Eleika Bezerra. A secretária estadual de educação, Betânia Ramalho, credita o insucesso da maioria das escolas públicas à falta de foco. "Em 8 anos, foram dez secretários e, nesta situação, não há como haver foco num projeto educativo. Por isso iniciamos, ao assumirmos a Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEEC), uma política centrada no ensino e aprendizagem. Fazer com que haja ensino para que haja aprendizagem".

É preciso mais. "Uma escola tem que ser atrativa, deveria ser o prédio melhor aparelhado, que sirva de referência não apenas ao aluno, mas a toda sociedade. Deveria ser um templo", avalia Betânia,que declarou ter iniciado um projeto de educação para fazer com que os recursos do MEC e do Estado incidam na formação continuada dos professores e na melhoria das escolas públicas do Rio Grande do Norte. "A educação inclui valores, inclui formação para a cidadania, tanto nos direitos quanto nos deveres do cidadão. Sem esse equilíbrio, e um estado forte socialmente, essa equação não fecha", afirma ela.

Quando os resultados são bons

A equipe de O Poti/Diário de Natal fez o teste e visitou duas escolas de Natal que apresentam a diferença em termos de reprovação no Ensino Fundamental II, do 6º ao 9º ano. A equipe de reportagem esteve na Escola Estadual Raimundo Soares, em Cidade da Esperança, que tem 870 alunos matriculados, e índice de reprovação de 29,8%, e no Centro Educacional Integrado - CEI Romualdo Galvão, com 1.982 estudantes, onde o índice de reprovação é de apenas 2,4%.

O CEI tem 120 funcionários, 164 professores e 35 estagiários. A escola investe num programa de complementação ao ensino para dar apoio pedagógico aos estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem. "Esta é uma das estratégias para sanar o problema da repetência. Chamamos de repetição de processos. Cada aluno tem um ritmo diferente de aprendizagem. Nós respeitamos esse ritmo", relata Cristine Rosado, uma das duas diretoras-adjuntas da escola privada cuja principal função é lidar com a relação família e escola.

Um dos pontos fortes da escola é a infraestrutura: salas de aula, corredores, jardins e refeitórios bem cuidados, quadra de esportes, piscina, parque infantil, laboratórios de informática, física, química e biologia, salas de leitura e biblioteca. "Normalmente o aluno faz todo o ensino básico aqui na escola, que vai do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, e também os três anos do Ensino Médio', relatou a orientadora pedagógica Celina Bezerra. "Aqui também cumprimos à risca os 200 dias letivos, e os professores que não correspondem às expectativas são afastados".

No quesito da formação dos professores, a rede privada também sai na frente da escola pública, onde a contratação se dá ou através de concursos públicos, ou contratos temporários ou mesmo seleção de estagiários. Segundo Cristine Rosado, no caso da escola onde atua os professores recebem todas as condições que precisam para desempenhar um bom trabalho. "Eles só são admitidos se fizerem prova teórico-prática, didática, entrevista com psicólogos, com o setor de Recursos Humanos e com a coordenação pedagógica. Após contratado, ele conta com horário extra para elaborar suas aulas, e conta com profissional destinado apenas a pensar a metodologia das aulas e o conteúdo das disciplinas".

O professor de matemática Rubem Uchôa ensina tanto na rede pública quanto em escola particular. "Enquanto na escola pública muitos de meus alunos de Ensino Médio não dominam conteúdos de fração e porcentagem, aqui na particular os que ensino no 6º ano já têm noção desse conteúdo", relata. Glória Santos, professora de Ciências, também percebe diferenças no conteúdo dado aos seus alunos nas redes pública e particular. "Aqui no 9º ano, estou ensinando síntese protéica e ética na clonagem. Na rede pública, quando os alunos vêem esse assunto, estudam no 4º bimestre do 1º ano do Ensino Médio".

A relação professor-aluno na rede particular é outro diferencial. Micheline Medeiros, professora de português, gosta de ensinar tanto na rede pública quanto na particular. "Aqui na escola privada, o retorno do que você ensina vêm mais rápido. Mas é gratificante ver que, na rede pública, você consegue plantar o alicerce dos que querem aprender. Não dá para competir, mas quando os resultados vêem, são gratificantes".

A carência como regra do jogo

Os funcionários da Escola Estadual Raimundo Soares, em Cidade da Esperança, fazem o que é possível para garantir um mínimo de ensino digno aos 870 alunos matriculados nos três turnos. O índice de reprovação, de 29,8%, mostra que essa é uma tarefa hercúlea. Há grande evasão dos alunos do turno noturno, especialmente quando eles mudam de emprego ou de bairro. A escola também sofre com a violência e a falta de infraestrutura adequada.

O lixo e o mato tomam conta da área onde fica a quadra de esportes, as salas são decoradas com motivos juninos apenas com material reciclável, o laboratório de ciências têm equipamentos ultrapassados e o laboratório de informática, que tem 10 computadores, conta com apenas dois funcionando. "Apesar disso, os educadores são comprometidos. Fazemos muitos sacrifícios, mas todos querem uma educação de qualidade", declarou a diretora da escola, Maria Divanilza de Medeiros.

Na última reunião de pais da escola, foram convidados 140 representantes familiares. Apenas 40 compareceram. "Infelizmente as famílias são ausentes, não acompanham a vida escolar dos filhos. As tarefas que encaminhamos para casa normalmente voltam sem ser realizadas", relata a coordenadora pedagógica, Regina Célia do Nascimento.

A Raimundo Soares sobrevive com o pouco recurso que vem dos governos Estadual e Federal. Trimestralmente é destinada uma verba de R$ 2.287,50, do Programa de Autogerenciamento de Unidade Executora (Pague), destinado a despesas como gás, limpeza e reparos necessários, além do dinheiro que advém dos projetos encaminhados pela escola ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDDE). "No último que aprovamos, a escola recebeu R$ 34 mil, destinado a custeio (material didático) e capital (maquinário, computadores, armários)", disse Nazaré Negreiros, coordenadora financeira.

Do dinheiro que veio do PDDE, a escola conseguiu promover um curso de capacitação para os professores. Pouco se pode fazer, no entanto, no que se refere a itens essenciais para elevar os percentuais de aprovação. Contratar professores, por exemplo, é uma atribuição da Secretaria de Educação, e não da escola. "Temos déficit de professores. Os alunos só não estão sem aulas porque vieram alguns temporários e estagiários, e porque a maioria não aderiu à greve", destacou a diretora Divanilza.

Cledna Dias, professora de Ciências, disse que outra triste realidade da rede pública é o desvio idade-série. "Tenho uma aluna, no 5º ano, que tem 14 anos de idade e que engravidou. Ela deixou de vir à escola porque ficou com vergonha. Entramos em consenso e percebemos que não poderíamos entrar em greve por medo da fuga dos alunos. Temos muito poucos e não podemos perdê-los". Rafael Anderson, professor voluntário de xadrez na Escola Raimundo Soares, também não perde o ritmo de ensino, apesar da falta de estrutura para suas aulas, dadas no refeitório. "Alguns estão bem adiantados. Não a nível de competição, mas aos poucos estamos tentando chegar lá".

Entre o público e o privado

Gestão

Escolas estaduais

Quase sem planejamento, sem clareza de metas e resultados. Foco massificado

Escolas particulares

Planejamento e monitoramento de resultados. Foco na escola

Custo-aluno

Escolas estaduais

Não há clareza. Não há orçamento nem política de investimento por escola

Escolas particulares

Em geral é feita, com medidas cabíveis para aqueles que não respondem positivamente

Avaliação de desempenho

Escolas estaduais

Pouca avaliação de desempenho dos profissionais

Escolas particulares

Definido valor da anuidade escolar e o orçamento, tendo em vista os investimentos necessários

Contratações

Escolas estaduais

Os concursos públicos são massificados. As contratações são aleatórias, sem possibilidade de avaliar a prática do profissional

Escolas particulares

Profissionais selecionados de acordo com o perfil que a escola necessita. Seleção envolve prática

Família

Escolas estaduais

Em geral há apatia, acomodação das famílias dos alunos

Escolas particulares

Famílias cobram resultados, qualidade dos serviços

Infraestrutura

Escolas estaduais

Falta de professores e infraestrutura adequada. Tecnologia obsoleta

Escolas particulares

Pouco risco de faltar professores. Infraestrutura é objeto de atenções permanentes, inclusive modernização tecnológica

Dias letivos

Escolas estaduais

200 dias letivos, quase sempre com um percentual comprometido

Escolas particulares

Não há greves. Os 200 dias letivos são cumpridos

Fonte: Diário de Natal

Professora corajosa envia resposta à Veja

RESPOSTA À REVISTA VEJA
 
 
Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS  razões que  geram este panorama desalentador.

Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas  para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira. Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que  pais de famílias oriundas da pobreza  trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos  em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola. 
 
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê?  De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida. Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina. 
 
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos,  há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos,  de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução),  levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero. E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”,  elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;
 
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados.. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Não temos, ou seja não existe.    Há de se pensar, então, que  são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que  esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia,  até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares. 
 
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite. E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
 
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante É QUE HÁ DISCIPLINA. E é isso que precisamos e não de cronômetros.  Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.. 
 
Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade!  E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo
 
Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões  (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!!
 
Passou da hora de todos abrirem os olhos  e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores  até agora  não responderam a todas as acusações de serem despreparados e  “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO. Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.

sábado, junho 18, 2011

Dicas para espantar a preguiça e ter mais disposição

Do G1, em São Paulo
No frio, após as refeições e à noite são ocasiões em que a preguiça atinge o nível máximo. No inverno, as pessoas ficam mais quietas e recolhidas, em uma tentativa do organismo de não perder tanto calor e conseguir manter a temperatura. Por conta disso, academias, parques e outros locais ficam mais vazios. Mas é justamente nesta época que se perde menos água e se queima mais gordura. Ou seja, é o momento ideal para se mexer.
A meia hora de recomendação diária de exercícios pode ser intercalada: 15 minutos pela manhã e mais 15 à noite. E quem faz atividade regular acostuma o corpo e sente cada vez mais vontade.

Preguiça (Foto: Arte/G1)
Com a atividade física, a disposição, o tônus muscular e a energia melhoram, motivados pela ação da endorfina, um neurotransmissor associado à sensação de prazer e bem-estar. Além disso, uma dieta balanceada, com pratos coloridos e alimentos ricos em potássio, confere todos os nutrientes necessários para os exercícios e ainda evita cãibras.
Os exercícios estimulam a capacidade do corpo de se adaptar frente a uma exigência: ele se esforça e sofre alterações até encontrar um novo equilíbrio. E o grande objetivo da orientação física é fazer com que as pessoas não ultrapassem seus limites. Depois de um certo tempo, o indivíduo sente uma sobrecarga, mas que não atrapalha na hora de dormir, não tira o apetite, não dá ansiedade nem prejudica o rendimento físico e mental. Isso é normal: é o organismo se adaptando.
Um certo grau de desconforto após um exercício intenso é comum. Mas uma dor que dura mais de 24 horas pode ser sinal de que aquele esforço foi exagerado. Trabalhar sob orientação profissional até que se conheça bem os limites do organismo é fundamental.
Antes de levantar pela manhã, os especialistas recomendaram respirar profundamente, espreguiçar-se e bocejar. Durante a tarde, a siesta pós-almoço pode ajudar a despertar mais. Já na hora de dormir, é indicado ficar em um ambiente silencioso e escuro, para ativar a melatonina.
Dicas do D’Elia:
Exercite-se – O corpo humano é uma máquina que precisa ser aquecida para ter energia. O exercício funciona, inicialmente, para acordá-lo e tirá-lo do estado de "preguiça". Como outras máquinas (carro, computador, etc), é necessário aquecimento para começar a funcionar.
Determine um prazo rápido para agir – De 5 a 15 minutos é um tempo adequado, que evita o adiamento constante.
Visualize os benefícios da ação – Quando temos claro o que vamos ganhar, obtemos força para mandar a preguiça embora.
Divida a tarefa em partes – Muitas vezes, a preguiça toma conta das pessoas quando a tarefa é grande e difícil. Dividi-la em etapas, com prazos possíveis para cada fase, facilita a execução. Além disso, cada etapa concluída atua como reforço à motivação de seguir em frente.
Parabenize-se e dê prêmios a você – Estabeleça alguns bônus para si mesmo a cada etapa cumprida no prazo. Essa atitude aumenta a autoestima e mantém o foco na continuidade.
 

Especialistas explicam sintomas e tratamento da síndrome do pânico

Bem Estar desta terça (14) teve o psiquiatra Luiz Vicente de Mello, do HC. Cardiologista Roberto Kalil falou sobre taxas de frequência cardíaca.

Do G1, em São Paulo
Uma situação desesperadora em que a pessoa sente tontura, falta de ar, taquicardia, medo e suor frio – entre vários outros sintomas. Essa tensão toda, se for recorrente e diagnosticada por um médico, é chamada de síndrome do pânico, que pode ser provocada por um episódio de limite ou desafio, em que o indivíduo tem dificuldade de “dominar” o ambiente em que vive.
Durante as crises, que duram até meia hora (com picos entre 5 e 10 minutos) e são três vezes mais comuns em mulheres, o cérebro envia sinais para o corpo fugir ou lutar – mas esse alarme está desregulado. Pode ser no meio de uma multidão, no engarrafamento, metrô, elevador, shopping, supermercado ou na fila do banco.
O humor, nesse período, parece uma montanha-russa: os picos de ansiedade, pressão e respiração atingem, depois, um estado de exaustão e sonolência, como se fosse o fim de uma guerra.
Síndrome do pânico (Foto: Arte/G1)
Para falar sobre como identificar essa doença e qual o tratamento disponível, o Bem Estar desta terça-feira (14) contou com a presença do psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, do Hospital das Clínicas. Ao lado dele, o cardiologista e consultor Roberto Kalil explicou o que é uma frequência cardíaca normal, alta e baixa.

Essa mudança brusca e completa do metabolismo, em que a vítima demonstra uma reação desproporcional – como se estivesse diante de uma ameaça real –, causa um aumento tão grande da pressão arterial, que a pessoa muitas vezes acha que está tendo um infarto e vai morrer. Mas, segundo Kalil, o risco cardíaco é mínimo se o paciente for diagnosticado corretamente.
A primeira manifestação pode ser desencadeada por algum acontecimento traumático ou estressante, que desestabiliza o indivíduo – mas isso não é regra.
Nas ruas de São Paulo, a repórter Marina Araújo foi conhecer a história de alguns portadores de síndrome do pânico, como a secretária Vanessa Grandolpho Lopes e o bancário João Paulo de Souza. Eles tentam controlar as crises, entender a doença e recuperar o controle de si. Vanessa recorre a exercícios de respiração, terapias alternativas e remédios para vencer o medo.

É importante destacar que ter um ataque de pânico ou uma crise específica não caracteriza a síndrome. Antes de procurar um médico específico (cardiologista ou psiquiatra), observe seus sintomas com atenção. Se você estiver passando por um ataque de pânico ou ver alguém em um, procure se acalmar e tranquilizar a pessoa, além de ter consciência de que a situação tem prazo de validade.

Segundo o psiquiatra Figueira de Mello, as crises também podem incluir fraqueza, desorientação e lesão de memória a longo prazo. Além disso, às vezes elas estão associadas a depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), que ocorrem paralelamente, sem relação de causa e efeito. Nesse momento, respirar devagar pode ajudar, principalmente com a ajuda de um saquinho de papel.

O especialista ressaltou, ainda, que sentir medo é necessário, pois se trata de uma proteção da vida que contribui para a evolução da espécie. Mas, quando se torna doença, tem controle – apesar de a cura total ser mais difícil de obter.

Frequência cardíaca

Um coração normal bate de 50 a 100 vezes por minuto. Quando a criança nasce, fica acima de 150 batimentos; no adulto gira em torno de 180 e, no idoso, de 60 a 70.
Quando o músculo cardíaco bate mais de 100 vezes por minuto, ocorre a taquicardia. Se for abaixo desse nível, chama-se bradicardia. Segundo Kalil, um coração acelerado constantemente pode ser sinal de várias doenças, como hipertireoidismo, diabetes, febres infecciosas, fibrilação atrial (o coração se desregula e bate como um telégrafo), insuficiência cardíaca e arritmias.
Já em um atleta ou esportista, a bradicardia pode ser apenas uma adaptação fisiológica. Se não for nada relacionado com a atividade física, pode ser algum problema no sistema elétrico do coração, como a doença de Chagas ou a doença do nó sinusal, que é como se a bateria do coração "descarregasse".

sexta-feira, junho 17, 2011

Oito estados ficam abaixo do piso para professor sugerido pelo MEC

G1 levou em conta cálculo do MEC e conceito de piso fixado pelo STF.
Maioria afirma que espera acórdão do Supremo para cumprir piso.

Maria Angélica Oliveira Do G1, em São Paulo*
Marcelo Santana, professor da rede estadual do Rio de Janeiro (Foto: Patrícia Kappen/G1) 
O professor Marcelo Santana enfrenta tripla jornada
em escolas municipal, estadual e particular no Rio
de Janeiro para completar renda (Foto: Patrícia
Kappen/G1)
Professores da rede pública estadual estão com braços cruzados em seis estados, em protesto por melhores condições de trabalho. Em três deles - Amapá, Rio Grande do Norte e Santa Catarina -, o salário está abaixo do piso nacional estabelecido pelo Ministério da Educação. Levantamento feito pelo G1 com governos e sindicatos mostra que outros 5 estados - Bahia, Ceará, Goiás, Pará e Rio Grande do Sul - também não atingem o valor.
A lei do piso foi promulgada pelo governo federal em julho de 2008. O valor atual é de R$ 1.187 (válido desde janeiro) para professores com formação de nível médio que trabalham até 40 horas por semana.
A obrigatoriedade do piso foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que entendeu que o valor se refere a uma remuneração básica, ou seja, não leva em conta acréscimos pagos de formas diversas pelos estados, como gratificações e abonos.
A decisão foi tomada em abril, mas até agora não foi publicada no Diário Oficial. Segundo o STF, não há data prevista para que isso ocorra.
Como nem todos os estados utilizam a mesma carga horária semanal, a reportagem fez cálculos proporcionais para comparar o valor pago por todos os estados e chegar àqueles que estão abaixo do piso recomendado pelo ministério.
Veja na tabela abaixo os salários-base e as remunerações totais de professores com nível médio em início de carreira:
Estado Salário-base de nível médio Remuneração total (com gratificações) Jornada semanal
AC* R$ 890,25
 
R$ 890,25
 
30 horas
AL* R$ 1.187 R$ 1.187
 
40 horas
AM R$ 679,09
 
R$ 952,51
 
20 horas
AP R$1.053,83
 
R$ 2.254,96
 
40 horas
BA R$ 1.105,56 R$ 1.450,27
 
40 horas
 
CE R$ 739,84
 
R$ 813,79
 
40 horas
DF R$ 1.701,16 R$ 3.121,96
 
40 horas
 
ES não foi informado não foi informado  
GO R$ 1.006,00
 
R$ 1.006,00
 
40 horas
MA* não informou
 
R$ 854,98
 
20 horas
MG* R$ 1.122,00
 
R$ 1.122,00
 
24 horas
MT* R$ 1.248,68
 
R$ 1.248,68
 
30 horas
MS R$ 1.325,92
 
R$ 1.856,29
 
40 horas
PA R$ 1.093,20
 
R$ 1.859,12
 
40 horas
PB R$ 926,17 R$ 1.156,17 30 horas
PE* R$ 1.187,97 R$ 1.187,97 200 horas mensais*
PI R$ 1.187,08
 
R$ 1.417,08
 
40 horas
PR* R$ 853,46 R$ 1.392,90
 
20 horas
RJ* R$ 1.220,76
 
não foi informado
 
40 horas
RN* R$ 664,33
 
R$ 768 30 horas
RO não foi informado não foi informado  
RR R$ 1.399,64
 
R$ 2.099,47
 
25 horas
RS R$ 868,90
 
Há gratificações, mas valor final não foi informado
 
40 horas
SC R$ 609,46
 
 R$ 1.185,24 40 horas
SE R$ 1.187
 
R$ 1.662,05 40 horas
SP* R$ 1.438,33 R$ 1.606,85 40 horas
TO R$ 1.239,31
 
R$ 1.239,31 (não há gratificações)

 
40 horas
*AC: governo diz que não há gratificações
*AL: governo diz que não há gratificações
*ES: governo diz que não há professores em início de carreira com nível médio
*MA: governo não informou o salário-base
*MG: governo incorporou gratificações e implantou subsídio; o sindicato discorda do valor (veja abaixo)
*MT: governo informou que valor é subsídio e que não há gratificações sobre o salário
*PE: governo não informou se valor se refere a salário-base ou remuneração
*PR: sindicato informou que valor-base é de R$ 577,64; governo diz que não realiza mais concursos para professor com nível médio (veja abaixo)
*RJ: o cargo está extinto no RJ, mas ainda há professores de nível médio na rede
*RN: valor de remuneração total foi informado pelo sindicato; governo afirma que cumprirá o piso nacional imediatamente, aumentando os valores para R$ 890 neste mês
*SP: o governo informou que não contrata professores com nível médio
O G1 partiu do valor de piso calculado pelo MEC e seguiu o conceito fixado pelo Supremo em julgamento para analisar os salários pagos.
O levantamento mostra ainda que dois estados que não pagam o valor mínimo definido em lei para professores de nível médio – Santa Catarina e Pará – nem sequer pagam esse valor para profissionais de nível superior.
Veja abaixo o que dizem os estados:
Amapá
No Amapá, o professor de nível médio tem salário-base de R$ 1.053,83 por uma jornada de 40 horas semanais, segundo dados fornecidos pelo governo. Os profissionais estão em greve há 28 dias pela aplicação do piso nacional. O G1 procurou o Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá (Sinsepeap), mas não localizou nenhum dirigente para dar detalhes da paralisação e das negociações.
O governo afirmou que "tem interesse de acabar com a greve, afinal os alunos não podem ser prejudicados, porém assumimos o estado cheio de dívidas e o Governo do Estado não pode se comprometer com algo que no momento não pode cumprir. Um dos pontos fortes dessa gestão é a valorização do servidor e isso passa pelo pagamento do piso também.”
Bahia
Na Bahia, o professor de nível médio tem salário-base de R$ 1.105,56 para uma jornada de 40 horas semanais. Procurada pelo G1, a Secretaria de Administração disse que menos de 10% do quadro de professores estão nessa faixa. O governo informou que aguarda a publicação do acórdão do STF para aplicar o piso de R$ 1.187,08.
Ceará
No Ceará, um professor de nível médio tem salário-base de R$ 739,84 por uma jornada de 40 horas semanais, segundo informações da Secretaria de Planejamento. De acordo com a coordenadora de gestão de pessoas da Secretaria de Educação, Marta Emília Silva Vieira, a lei atualmente diz que o piso é formado por vencimento e gratificações e que os professores dessa classe recebem R$ 1.025 no total.
Em nota, o governo informou que seguirá a decisão do STF assim que o acórdão for publicado e reajustará o piso para R$ 1.187. “Neste momento, encontram-se em estudo as propostas para um novo plano de cargos e carreiras, fundamentado na lei do piso nacional do magistério”, informou o texto.
Segundo o governo, desde 1998 os concursos são realizados apenas para professores com nível superior e não há mais professores de nível médio em sala de aula. Os docentes de nível médio são cerca de 150 e estão em processo de aposentadoria, afirma a secretaria de Educação. Haveria um “pequeno número” destes professores em funções de apoio, ou seja, fora de sala de aula, segundo a secretaria.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, é abordado por professores da rede estadual em greve em Criciúma (SC) (Foto: Ulisses Job/Futura Press) 
O ministro da Educação, Fernando Haddad, é
abordado por professores da rede estadual em
greve em Criciúma (SC)
(Foto: Ulisses Job/Futura Press)
No total, a rede estadual tem 16 mil professores com nível superior em sala de aula, sendo 70% com especialização. “A remuneração média dos professores da rede, considerando uma carga de 40 horas semanais, é de R$ 2.240,30”, afirmou a secretaria de Educação.
Goiás
Em Goiás, os professores com formação de nível médio recebem um salário-base de R$ 1.006 por uma jornada de 40 horas semanais. Existem 1.109 professores nesta situação, de acordo com o governo.
A Secretaria de Educação afirma que a intenção é contemplar o piso nacional “e até mesmo ultrapassá-lo”, mas alega que, se a medida fosse tomada hoje, seria preciso gastar todo o orçamento da educação apenas com pagamento dos professores e faltaria dinheiro para pagar despesas de escolas e dos alunos.
O governo destacou que a maior parte dos professores recebe acima do piso: 12,6 mil docentes têm salários-base de R$ 1.525,18 e 14,9 mil recebem R$ 1.719,64 como salário-base. Além disso, há gratificações por tempo de serviço e qualificação.
A secretaria afirma que tem articulado junto ao governo federal a liberação de recursos para complementar os salários dos professores.
Pará
No Pará, professores de nível médio e de nível superior têm salário-base de R$ 1.093,20 e R$ 1.096,44 por uma jornada de 40 horas, respectivamente. Considerando abonos e gratificações, o professor de nível médio recebe R$ 1.859,12 no total, e o de nível superior, R$ 2.971,21.
No estado, 5.834 professores têm formação de nível médio e 17.658 possuem nível superior.
O governo argumenta que o piso não está sendo aplicado porque até antes da decisão do STF “havia uma liminar que garantia o entendimento de que o piso do professor corresponderia ao valor da remuneração (total de vantagens e gratificações) e não ao vencimento-base”.
Segundo a Secretaria de Educação do estado, até então isso significava “que o Pará vinha praticando valores acima do piso nacional do professor.” O governo afirma que vai aplicar o piso assim que o STF publicar o acórdão com a decisão.
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, a tabela atual dos salários de professores de nível médio fixa R$ 664,33 de salário-base por uma jornada de 30 horas semanais. Para estar enquadrado dentro do piso nacional de 40 horas, o salário-base do professor de nível médio deveria de R$ 890 para a jornada de 30 horas. O governo afirma que cumprirá o piso imediatamente e diz que aplicará o valor neste mês.
Diante da greve da categoria, iniciada no dia 2 de maio - o governo propôs equiparar o salário de nível médio ao piso nacional a partir de junho e dar aumento para os outros níveis a partir de setembro, mas de forma dividida até dezembro. A cada mês haveria aumento de 7,6% até chegar a 34%.
De acordo com José Teixeira da Silva, um dos coordenadores gerais do sindicato, os professores não aceitam a proposta do governo e defendem que a secretaria pague o aumento de forma única aos profissionais de todos os níveis pelo menos a partir de julho.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, um dos estados que questionaram no STF a aplicação da lei do piso, os professores de nível médio recebem R$ 868,90 de salário-base para uma jornada de 40 horas semanais.
“A primeira medida do governador Tarso Genro foi pedir a retirada da assinatura do governo do Rio Grande do Sul da Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade). Isso não tinha efeito jurídico, mas teve efeito político, ficando claro para a sociedade gaúcha que o governo pagaria o piso”, diz a secretária-adjunta de Educação Maria Eulália Nascimento. O governador foi ministro da Educação e assumiu a administração do estado no início do ano.
Segundo a secretária-adjunta, o governo precisaria de R$ 2 bilhões para pagar o piso a todos os professores. Ela diz que um reajuste de 10,91% foi dado em maio e que será feita uma programação para complementar o restante, de 50%. “A constituição do Rio Grande do Sul determina que o mínimo a ser aplicado na Educação é de 35% da receita líquida. Recebemos um orçamento de 26% [para a educação]”, justifica.
De acordo com ela, cerca de 7 mil professores têm formação de nível médio na rede estadual. Mas a maior parte – 75% - possuem ao menos o nível superior.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, o salário-base é de R$ 609,46 para um professor de nível médio e de R$ 993,12 para professores de nível superior, segundo dados informados pela Secretaria de Educação. Nos dois casos, a jornada é de 40 horas semanais.
Os professores entraram em greve no dia 18 de maio. Eles pedem a aplicação do piso, a realização de concurso público e a regularização da situação dos ACTs, que são professores admitidos em caráter temporário. Também pedem investimentos em infraestrutura nas escolas.
O governo calcula que 65% das escolas tenham aderido à greve e que 70% dos alunos tenham sido atingidos. Ainda segundo o governo, as aulas serão repostas. Já o sindicato que representa os professores, afirma que 92% das escolas estão paralisadas.
Em entrevista ao G1, o secretário-adjunto da Secretaria de Educação de Santa Catarina, Eduardo Deschamps, disse que a defasagem no piso foi corrigida com uma medida provisória enviada à Assembleia Legislativa no dia 23 de maio.
Segundo ele, os professores com formação de nível médio vão passar a receber salário-base de R$ 1.187. Os salários dos docentes com nível superior também foram corrigidos, afirma Deschamps.
“Como o acórdão [do STF] ainda não foi publicado, enviamos uma medida provisória para alterar a tabela do magistério. Os governos anteriores trabalharam com adicionais e não incorporaram o salário. Agora estamos corrigindo isso”, justificou.
O secretário afirmou que haverá uma folha de pagamento suplementar referente às diferenças do reajuste e que o próximo salário referente ao mês de junho já terá o novo valor.
Pela nova tabela, segundo o secretário, um docente com formação superior receberá entre R$ 1.380 até R$ 2.317 dependendo da titulação, sem contar abonos e adicionais de regência.
Deschamps também disse que um plano de reforma estrutural e pedagógica nas escolas será apresentado nos próximos meses e que um concurso público será feito em até um ano. “A expectativa é de que os professores retomem as atividades ainda nesta semana.”
O sindicato dos trabalhadores, no entanto, diz que ainda pretende discutir a tabela de salários.
Governo federal tem fundo para complementar piso
O MEC reserva aproximadamente R$ 1 bilhão do orçamento para ajudar governos e prefeituras a pagar o piso salarial aos professores. O governo que pedir ajuda precisa, entre outras coisas, comprovar que aplica 25% da receita na manutenção e desenvolvimento do ensino, ter plano de carreira para o magistério e demonstrar o impacto da lei do piso nos cofres públicos.
"Me parece que os estados que se valeram do período de vigência da liminar que o Supremo deu não estão tendo problema. Agora, os estados que adiaram isso estão com problemas. O governo tem previsão para ajudar. A lei fixa os parâmetros do acordo federal", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Minas Gerais
O subsídio é uma forma de pagamento que incorpora todas as gratificações, vantagens, abonos e adicionais recebidos pelos servidores numa parcela única. Em janeiro, todos os profissionais foram levados para o subsídio, segundo o governo de Minas Gerais. Quem quiser voltar ao sistema anterior tem até agosto para solicitar a transferência. O governo não soube informar quantos servidores já pediram para deixar o sistema de subsídio.
No sistema anterior, a remuneração é composta de: salário-base (ou piso) e gratificações, abonos, adicionais etc. O salário-base de um professor com formação de nível médio em início de carreira é salário-base R$ 369,89 para uma jornada de 24 horas semanais. Com adicionais, o valor chega a R$ 935, segundo o sindicato. Se esse professor quiser permanecer no subsídio, ganhará R$ 1.122, sem outros adicionais.
Os professores estão em greve no estado e que haja aumento do piso para R$ 1.597,87 e que esse reajuste seja concedido em cima do salário-base de R$ 369,89.
O governo diz que, desde 2007, quando foi realizado o último concurso público para as carreiras da educação, o nível mínimo exigido para ingresso no magistério em Minas Gerais é a licenciatura plena. Ou seja, não há mais ingresso na carreira de professores com formação equivalente ao ensino médio.
Paraná
No Paraná, sindicato e governo discordam quanto ao piso para professores com magistério. O governo afirma que não há mais professores ingressando na rede estadual com formação de ensino médio e diz que há "alguns" docentes que ainda permanecem com essa titulação. Segundo a Secretaria de Educação, estes professores recebem, por 20 horas semanais, R$ 853,46 de salário-base.
O sindicato afirma que, embora não haja mais concursos para professores com ensino médio, o salário-base previsto, para a mesma carga horária, é de R$ 577,65.
A presidente do APP- Sindicato, Marlei Fernandes, confirmou que não há docentes recebendo esta quantia no Paraná, mas relatou que a Secretaria de Educação informou a remuneração de profissionais com Ensino Médio que estão no último nível da carreira. “Na verdade estes são os mais antigos e estão no nível 11. O estado não pode colocar como referência, o último nível”, afirmou Marlei Fernandes.
*Colaboraram: Alex Araújo (MG), Bibiana Dionísio (PR), Fernanda Nogueira (SP), Glauco Araújo (SP), Ingrid Machado (BA), Iara Vilela (MT), Iara Lemos (DF), Leonardo Heffer (CE), Letícia Macedo (SP), Marcelo Parreira (DF), Patrícia Kappen (RJ), Rosanne D' Agostino (SP), Tatiane Queiroz (MS) e Vanessa Fajardo (SP).

Professores do município suspendem greve. Aulas retornam na próxima segunda-feira

Na assembleia dos professores municipais realizada a partir das 13 horas de ontem, na E. M. Marinheiro Saldanha, os professores deciram suspender a greve até agosto, quando esperam  que ocorrerá nova rodada de negociações com o Sr. Prefeito Antônio Macaco. 
Além disso, rejeitaram o aumento salarial de 5% proposto na reunião ocorrida com o comando de greve, prefeito e secretária de educação, no último dia 14/06.
Os professores ainda escolheram os educadores Francisco Borges e José Joaquim para acompanharem o prefeito a Brasília no final do mês, isso se o SINTERN bancar as despesas deles.
Outra decisão foi a formação de comissões para análise o novo PCCR e de mobilização junto à categoria.

quinta-feira, junho 16, 2011

Eles decidiram viver sem sexo

Até o casamento ou para o resto da vida, algumas pessoas decidem abrir mão da vida sexual. E os motivos vão muito além da religião

Tatiana Araújo, especial para o iG 

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Foto: Divulgação Ampliar
Adriana Lima sempre defendeu a abstinência antes do casamento. Na foto, publicação em que ela revela sua opção e é chamada de "virgem voluptuosa". Hoje ela é casada e mãe
Dois adultos completarem um ano de namoro sem sexo ou qualquer contato físico mais íntimo é incomum, e parece tarefa difícil. Mas, se cumprir essa tarefa é complicado, as explicações de quem opta por esse caminho são simples, e mais variadas do que se imagina. A analista de comunicação Rose Brandão havia acabado de sair de uma relação que considerou desastrosa e resolveu adotar a castidade para conseguir um relacionamento mais saudável, em que as questões sexuais não estivessem em primeiro plano. “Não foi por falta de vontade, apenas uma questão de escolha”, explica.

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Ela tinha 27 anos e já não era mais virgem quando conheceu o marido, o engenheiro civil Paulo Costa Brandão. Sem sexo, o passo do namoro para o casamento foi curto. Visualizar uma união e compartilhar os mesmos desejos com o marido foram alguns dos motivos para que a analista conseguisse se manter casta.

“Ficamos juntos cerca de um ano. Neste tempo, limitamos as carícias para que não houvesse a tentação de romper nosso acordo”, conta Rose. “Aliás, foi por isso que deu certo. Eu e meu marido decidimos juntos que seria assim - só faríamos sexo depois do casamento. Não foi uma decisão só minha”.

Psicólogos que observam a evolução dos relacionamentos concordam em uma coisa: a fase é de desaceleração. Na contramão da superestimulação sexual presente nas mais diversas esferas, muitos casais optam, em pleno século 21, por um “namoro casto” antes do casamento, ou até pela eliminação completa da vida sexual.

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Rose é protestante e a religião também foi um fator determinante na decisão. Mas não foi a única, nem a principal. “Se existe maturidade para resistir a um desejo carnal, podemos ter maturidade para enfrentar conflitos no casamento, nas finanças. Além disso, há a questão de que, se podemos resistir no namoro, também podemos resistir às tentações fora do casamento”, argumenta.
A terapeuta sexual e presidente da agência de relacionamentos A2 Encontros Claudya Toledo, afirma que a busca pela sintonia e afinidades deve estar em primeiro lugar. “A sexualidade não pode ser encarada como algo explosivo”, diz. “É sagrada e isso independente de qualquer linhagem religiosa. O relacionamento casto surge quando as pessoas percebem que estão colocando os carros na frente dos bois”.


Foto: Getty Images Ampliar
Os motivos que levam à abstinência sexual são muitos e variados
A atitude de manter a castidade afeta os homens. A psicóloga Aldvan Figueiredo. “O que vejo diariamente no meu consultório é a chegada dos homens - são jovens, bonitos, bem empregados e com carrões, que são conhecidos pelo estereótipo de pegadores, mas que não conseguem mais uma transa com facilidade”, diz a psicóloga Aldvan Figueiredo.

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Somos tão felizes no sexo quanto dizemos que somos?

Essa busca que algumas pessoas fazem, diz Aldvan, se deve a uma fase de reparação no que diz respeito aos relacionamentos e a velocidade que homens e mulheres empregaram na vida sexual. “Esses namoros castos refletem isso. É como se as pessoas congelassem padrões, idealizações e quisessem construir um relacionamento em cima disso. Mas nos não casamos com ideais. Talvez as pessoas estejam se apegando a isso porque não dá para padronizar os relacionamentos”, conclui.

Casada e abstinente
Mas o casamento nem sempre é um sinal para o fim da abstinência sexual. Questões filosóficas motivam gente que, como a dona de casa Regina Kohl Tavares, 51, abandonou o sexo de vez. A ideia de aderir à abstinência partiu do próprio marido de Regina, há dez anos. Interessados em filosofias orientais e adeptos de um estilo de vida que promove o desapego – o casal, por exemplo, é vegano, o que significa que não consomem nenhum derivado animal – eles abriram mão do sexo, mas não de seu relacionamento de mais de 25 anos.

No começo, não foi tão fácil. “A proposta me pegou de surpresa”, conta Regina. “Claro que me senti insegura, não estava no mesmo nível de pensamento dele, e inicialmente não chegamos a um ponto comum”. Mas, com o tempo, ela aderiu à ideia. “Foi uma coisa natural, com tranquilidade, com grande amor”, diz. “Hoje não me afeta absolutamente em nada. Estou totalmente desapegada”.

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Regina tem dois filhos, e diz que nunca houve nenhuma atitude proibitiva dos pais em relação a sexo na criação deles. Mas, mesmo assim, a postura do casal acabou promovendo a abstinência do filho mais velho, hoje com 24 anos. “É por opção dele, uma coisa natural. A gente dá mais valor para outras coisas”, afirma.

Para Regina, o que começou como um susto seguido de insegurança, hoje traz vantagens. “Me sinto cada vez melhor, mais leve, feliz. É uma coisa particular de cada pessoa, não tem como a gente dizer o que é bom para cada um. Mas acho que quanto menos as pessoas se importarem com sexo, melhor. Tem que se importar com o amor, não tem nada que o corpo se envolver com isso”.
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