Embora as atenções dos jardinenses estejam
voltadas para a ferrenha disputa eleitoral pela sucessão de Antônio Macaco, é
possível que alguns estejam acompanhando o julgamento do Mensalão pelo Supremo
Tribunal Federal.
Comparando esses dois momentos, lembrei-me
de uma frase proferida pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que, em
depoimento à CPI, no dia 4 de agosto de 2005, defronte de José Dirceu, na época
o todo-poderoso chefe da Casa Civil de Lula, afirmara àquele: “Vossa Excelência
provoca em mim os instintos mais primitivos.”
Pois bem. Durante a Festa da Padroeira e os
dias que se seguiram, acompanhei, atentamente, as ações e reações da população
local. Nas ruas e na internet, impossível não testemunhar comportamentos que,
guardadas as devidas proporções, assemelham-se ao sentimento revelado por
Roberto Jefferson. As eleições deste ano, na opinião deste humilde escriba, provocaram
os instintos primitivos de muita gente.
Antes, acreditava que, para revelar a
personalidade de alguém, bastava lhe conceder dinheiro ou poder. Nos últimos
meses, no entanto, descobri outra coisa capaz de fazer as pessoas mostrarem a
verdadeira face. Basta fazer delas um fanático eleitor. Alguns destes, no calor
da disputa, comportam-se de modo irreconhecível: agridem, insultam, caluniam,
difamam, sem se importarem com a extensão de suas atitudes.
Antes de a campanha se iniciar, já me
preocupava o estado de beligerância que reinaria no município. Deixei isso bem
claro em inúmeras postagens. Publiquei até uma “previsão do tempo” alertando
para isso, que, para meu espanto, foi interpretada por alguns de maneira
completamente equivocada. No atual estágio em que a disputa se mostra, não se
pode negar que minhas previsões, infelizmente, foram todas confirmadas. O embate
entre o amarelo e o azul pelo poder tem se mostrado pior do que ocorrera na
eleição de 2000. Jardim parece um barril de pólvora, cujo risco de explosão,
temo, continuará alto mesmo após se conhecer o eleito.
Entristeço-me quando vejo adolescentes e
jovens, que sequer podem votar, mergulhados de corpo e alma nessa disputa
insana. Preocupo-me quando deparo com adultos e idosos comportando-se como crianças,
passando por cima de tudo e de todos visando, unicamente, à vitória do salvador
da pátria que “escolheu”. Perco a esperança quando me vejo morando em um lugar
em que quase todos os eleitores não dão a mínima para o comércio desavergonhado
de consciências.
Resisto a acreditar que tamanha paixão vista
nas ruas seja motivada apenas pelo desejo de ver este município progredir. Já fui
tolo. Não sou mais. Peço perdão a quem a carapuça servir, porém, discordo
veementemente de todos os que, na ânsia de defender o lado escolhido, saem a
disparar insultos e impropérios aos que consideram adversários. Confesso que,
mesmo tendo optado por me manter neutro, sinto-me atingido por eleitores de
ambos os lados quando estes afirmam que não compartilhar da mesma opinião deles
é sinal de despreparo intelectual, incompetência pessoal ou profissional, falta
de caráter ou inconformismo com a vida que se leva. Quanta estupidez e ignorância!!!
Desculpem-me se fui excessivamente duro e
direto. Mas achei que deveria externar como me sinto. Gosto muito de Jardim de
Piranhas. Guardo profundo respeito por quase todos os habitantes deste lugar. Quem
convive de perto comigo sabe que detesto este período eleitoral, momento em
que, para meu profundo desgosto, assisto a familiares, amigos e conhecidos
digladiando-se a troco de nada. Toda eleição me deprime, na medida em que, a
cada dois anos, convenço-me de que jamais conhecerei a cidade com que sonho.
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