segunda-feira, outubro 22, 2012

ORIENTE MÉDIO

Do Xá ao Aíatolá: os 30 anos da Revolução Iraniana
A República Islâmica do Irã apresenta uma trajetória complexa, na qual a Revolução Iraniana, de fevereiro de 1979, surge como ponto de inflexão. Modernidade e tradição, ocidentalização e religião, foram alguns dos elementos contraditórios que levaram à insurgência

ILUSTRAÇÃO: DIEGO FERREIRA

ARQUIVO CIÊNCIA E VIDA
Dona da terceira maior reserva de petróleo do mundo, a República Islâmica do Irã é hoje a quinta maior exportadora mundial: são mais de 2,5 milhões de barris por dia. Mas apesar desse recurso valiosíssimo, o Irã permanece como um país subdesenvolvido. Assim como outras nações ricas em petróleo, o bem que gera fortuna também produz vulnerabilidade e funciona como elemento de dependência e cisão.
A descoberta de petróleo na região, em 1903, motivou a exploração britânica no território iraniano. A dominação estrangeira somada à posição estratégica do Irã no Oriente Médio, a pobreza da população e os dogmas do Islamismo resultaram na revolução de 1979, que transformou o país em uma república teocrática islâmica. Por isso, para entender como se deu a insurreição, é preciso entender o contexto histórico e político do Irã desde os primeiros anos do século XX.
A EXPLORAÇÃO ESTRANGEIRA E A DINASTIA PAHLAVI
A partir de 1903, o Irã passou a ter com a Grã- Bretanha uma relação semicolonial. A potência européia controlava a exploração do petróleo por meio da Companhia de Petróleo Anglo-Persa (APOC). Em 1907, a Pérsia (como era chamada a região onde atualmente fica o Irã) foi dividida em zonas de influência entre a Grã-Bretanha e a Rússia. Mas os russos perderam o controle da área devido à Revolução Socialista de 1917 - posteriormente, já como União Soviética, o domínio reforçou-se no Cáucaso e Ásia Central. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi a vez de os EUA projetarem sua influência política e econômica sobre o Irã.
Encaradas como fonte de subordinação, falta de autonomia e corrupção, as relações entre o Irã e o ocidente foram ampliadas pela dinastia Pahlavi (1925-1979), que foi instaurada por meio de um golpe militar pelo general Reza Khan (1878-1944), em 1925. Nesse período, os governantes eram chamados de Xá, título que corresponde ao posto de rei ou imperador.
A dinastia Pahlavi caracterizou-se por diversos fatores, como a relação próxima com o ocidente, o difícil intercâmbio com os árabes devido à identidade persa e islâmica, o projeto de criação da potência regional e a falta de democracia e agenda social, o que gerou uma sequência de crises. Os Pahlavi inseriram a ocidentalização e secularização, que contrariava o clero muçulmano tradicionalista, como as graves confrontações que ocorreram devido ao banimento do uso do véu para as mulheres.
para as mulheres. A situação política do Irã agravou-se com a Segunda Guerra, quando o exército alemão tentou avançar pela região, o que levou à ocupação britânica e soviética no Irã, para defender os campos petrolíferos. Nesse período, a oposição a Reza Pahlavi cresceu. Em 1941, o Xá renunciou em benefício de seu filho Mohammad Reza Pahlavi (1919-1980). Com Mohammad, que governou até 1979, instaurou-se uma monarquia constitucional, dividindo o poder com o Parlamento (Majilis).
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