Jornalista entrou em contato direto com editor em vez de mandar original. Para editora, redes sociais são boa alternativa para contato de autores.
Toda vez que a jornalista Luciana Benatti entra em uma livraria, ela se emociona. Ver seu primeiro livro, “Parto com amor”, na prateleira a deixa com vontade de chorar, e ela ainda tira fotos para guardar o momento. “É muito gratificante”, disse, em entrevista ao G1. E tudo isso, segundo ela, só aconteceu graças ao Facebook, rede social que ela usou para entrar em contato com o editor que abriu as portas para que seu projeto fosse publicado.
“Numa noite, estava ansiosa com o projeto, frustrada por ele ter sido rejeitado por uma primeira editora que procurei e decidi tentar publicar pela Panda Books. Achei o perfil do editor no Facebook e mandei uma mensagem privada para ele me apresentando e contando do meu projeto” contou. Ela diz que nem se animou muito, mas o editor respondeu no dia seguinte demonstrando interesse e pedindo para ela mandar o modelo do livro. “Pouco tempo depois tivemos uma reunião e um mês depois o projeto estava aprovado”, disse.
O livro foi publicado neste ano, e é uma parceria de Luciana e seu marido, o fotógrafo Marcelo Min. Ele trata do parto humanizado, com o mínimo de intervenção médica possível, contando a história de nove mulheres. “É muito diferente do que conhecíamos e respeita mais a mulher”, disse. A ideia surgiu quando a própria Luciana teve seu primeiro filho, Arthur. “Minha experiência me fez querer escrever. Precisávamos contar essa história”, disse. Em pouco tempo, os 3 mil exemplares da primeira impressão foram vendidos, e outro lote já foi distribuído.
InvestimentoPara tornar seu projeto mais atraente, Luciana pagou R$ 1.500 para que uma designer que conhecia criasse um “boneco”, uma miniatura de como o livro ficaria quando estivesse pronto, com textos e imagens. O boneco tinha os primeiros capítulos do livro e já permitia vislumbrar a obra finalizada. “Autor estreante tem que investir em seu projeto. É preciso gastar muito tempo, trabalhar muito e gastar dinheiro em coisas deste tipo também”, disse Luciana.
Com o boneco do livro nas mãos, Luciana começou a procurar editoras. Chegou a ir para uma reunião com uma das grandes, que ela prefere não dizer o nome, mas ouviu que o livro dela não venderia. “Fiquei decepcionada. Eu tinha certeza que venderia”, disse. Foi quando ela usou o Facebook e conseguiu fechar o contrato para publicação.
Segundo Luciana, o retorno da publicação é fantástico e vai muito além da questão financeira. “Autor estreante não consegue viver de direito autoral, mas é muito gratificante”. O retorno dos leitores também é emocionante, contou. Até mulheres de Portugal entram em contato para falar do livro. Além disso, Luciana se tornou uma referência para falar de parto humanizado. “Dou palestras e invisto muito na divulgação do meu trabalho”, disse.
O tema já está até rendendo uma continuação, e Luciana contou que está fazendo entrevistas para um segundo livro sobre partos. “Agora, com um livro já publicado, tudo fica mais fácil”, falou.
Pela internet
O e-mail já é a forma padrão pela qual a maior parte dos projetos são pré-avaliados em um dos maiores grupos editoriais do país. Segundo Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record, centenas de propostas são recebidas regularmente por ela, que avalia o potencial dos livros que querem ser publicados ali. "Pelo e-mail eu já avalio a intimidade que a pessoa tem com o idioma, aí fazemos uma avaliação inicial e já decidimos se queremos estudar o caso ou não", explicou, em entrevista ao G1.
O e-mail já é a forma padrão pela qual a maior parte dos projetos são pré-avaliados em um dos maiores grupos editoriais do país. Segundo Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record, centenas de propostas são recebidas regularmente por ela, que avalia o potencial dos livros que querem ser publicados ali. "Pelo e-mail eu já avalio a intimidade que a pessoa tem com o idioma, aí fazemos uma avaliação inicial e já decidimos se queremos estudar o caso ou não", explicou, em entrevista ao G1.
A Record trabalha com 10 a 12 leitores free lance que avaliam obras com chance de serem publicadas. Todas são avaliadas, segundo Villas-Boas, mesmo que leve até um ano para ser dada uma resposta. "Não é frequente, mas publicamos, sim, autores estreantes que chegam a nós de forma voluntária e sem indicação", disse. Segundo a editora, "qualidade é essencial, mas é preciso ter também potencial de mercado".
Apesar disso, ela diz que um bom projeto dificilmente é rejeitado. "Eu me apaixono pelas boas ideias, e é muito difícil recusar um bom projeto", disse. Segundo ela, é importante buscar o aval de um outro escritor, ou editor, que incentive a publicação. "Ter o aval de alguém em quem acreditamos é sempre bom, e no mínimo agiliza nossa resposta", disse.
Villas-Boas explicou que apesar de a Record ser inundada de propostas, e de serem mais raras as publicações de autores estreantes e sem referência, a editora incentiva que novos autores a procurem. "A chance de acerto é maior quando compramos mais livros. Todo mundo se acha espetacular, é verdade, mas alguns realmente são espetaculares e devem, sim, nos procurar", disse.
QI - Quem indica
Tatiana Fulas, diretora editorial da editora Panda Books, explicou que não existe um modo único para publicar um livro, e que isso varia de editora para editora, mas ela concorda que as redes sociais são uma boa alternativa para que novos autores procurem editoras. “Com mídias sociais, toda forma de contato é válida. Já recebemos até contato de autores pelo Twitter”, disse.
Tatiana Fulas, diretora editorial da editora Panda Books, explicou que não existe um modo único para publicar um livro, e que isso varia de editora para editora, mas ela concorda que as redes sociais são uma boa alternativa para que novos autores procurem editoras. “Com mídias sociais, toda forma de contato é válida. Já recebemos até contato de autores pelo Twitter”, disse.
A maior parte das editoras do Brasil pede que o autor envie o original já pronto pelo correio, alegando que o texto vai ser avaliado, mas isso nem sempre funciona. “Toda editora recebe centenas de originais, e mandar sem saber o perfil da casa atrapalha todo o processo”, disse Fulas.
Segundo ela, o pretendente a autor precisa pesquisar o mercado, para decidir a editora que acha que mais se encaixa no perfil do seu livro. Para conseguir publicar, a editora tem que estar muito certa de que o livro vai vender, senão, é ela que vai ter o prejuízo, disse. A Panda faz cerca de 5 lançamentos por mês e costuma lançar autores novos, com divulgação e distribuição nacional de pelo menos 3 mil exemplares. Cada livro, conta, passou por um processo diferente no contato do autor com a editora.
Mesmo com tanto volume, Fulas diz que pelo menos um livro lançado pela Panda por ano foi publicado pelos meios tradicionais, com original enviado pelo autor sem nenhum contato prévio ou qualquer indicação.
A editora admite, entretanto, que é importante ter indicação de alguém para facilitar o processo de conseguir uma editora. “O ‘quem indica’ é positivo. Ter ‘QI’ ajuda a chegar ao editor, o que é importante, mas isso não garante a publicação do livro”, disse. Este “QI”, segundo ela, pode ser um autor já publicado, um editor, um amigo da editora ou mesmo jornalistas. O importante é ter mostrado o projeto para que outras pessoas abracem a ideia.
O mais importante, entretanto, ela explica, é que o livro tenha uma proposta interessante. “O livro tem que ter diferencial”, contou. E precisa já estar formatado, pois muitas boas idéias no projeto acabam não sendo tão bem realizadas. “Não podemos aprovar o projeto sem avaliar o trabalho completo”, disse.
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