A China pode estar divulgando um número muito menor do que o verdadeiro de suas emissões de carbono
Para aqueles que moram na China e são forçados a respirar o ar
do país todas as manhãs, as revelações de um novo relatório não serão
surpresa, mas para analistas do clima esse documento se revelará uma
leitura desagradável. De acordo com um novo estudo publicado no
periódico Nature Climate Change, a China pode estar divulgando
uma quantidade de emissões de carbono abaixo da verdadeira em até 1,4
bilhões de toneladas ao ano – aproximadamente a quantidade gerada pelo
Japão, o quarto maior emissor de dióxido de carbono (CO2) do mundo, por
ano.
A China é a maior emissora de CO2 do mundo e produz cerca de um
quarto das emissões de carbono globais. Mas de acordo com um novo
estudo, que usou mais de uma década de dados oficiais chineses, as
emissões de carbono da China poderiam ser 20% maiores do que se pensava
anteriormente. O estudo afirma que a discrepância de emissões de 2010 é
equivalente a cerca de 5% da produção total global (em 2008).
Os autores, uma equipe de cientistas da China, Inglaterra e EUA,
descobriram que ao comparar estatísticas nacionais e das províncias
entre 2007 e 2010, um intervalo surpreendente apareceu. As estatísticas
de nível nacional do período divulgam um aumento anual de emissões
aproximado de 7,5%, para 7,69 bilhões de toneladas em 2010. Dados
divulgados por institutos de estatística das províncias compilados pelo
grupo mostram que o aumento poderia estar próximo de 8,5%. Em 2010, essa
diferença representou 1,4 bilhão de toneladas de poluição de carbono
por ano e continua a aumentar.
Parece que ninguém sabe qual é a verdadeira quantidade de emissão.
“Ambos os conjuntos de dados têm falhas, de modo que não podemos dizer
quais estatísticas se aproximam mais das verdadeiras”, afirma Dabo Guan,
o coordenador da equipe, baseado em Leeds, Inglaterra. “A má qualidade
dos dados de energia é o fator dominante nesta discrepância”, ele
acrescenta.
Os autores sugerem que parte do problema é que alguns políticos das
províncias inflam os seus números referente à produção, e por
consequência das emissões, de modo a conseguir promoções em um sistema
em que o crescimento econômico é o principal critério de sucesso. Por
outro lado, outra causa potencial da discrepância se deve a funcionários
em nível federal que sobreportam esses dados de modo a exibir sucesso
em relação a medidas de redução de poluição. Contudo, o fator chave por
trás da incerteza, de acordo com os autores, é o escopo limitado do
monitoramento e dados disponíveis.
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