Pegadas fossilizadas mostram que bipedalismo estava presente entre ancestrais do ser humanos 2 milhões de anos antes do previsto
Foto: Getty Images
Pegadas fossilizada na Tanzânia: hominídeo andava ereto há 3,6 milhões de anos
O modo de andar com a postura ereta, típico do homem moderno, é muito mais antigo do que se imaginava, graças à análise de onze pegadas fossilizadas de 3,7 milhões de anos, encontradas em Laetoli, na Tanzânia. Elas são as pistas mais antigas deixadas por um ancestral humano. A nova descoberta contraria a hipótese de que as funções do pé moderno surgiram entre 1,7 e 1,9 milhões de anos.
“Nosso estudo puxa esta data dois milhões de anos para trás e sugere que isto aconteceu com o Australopithecus afarensis, que ainda vivia parcialmente em árvores”, disse ao iG Robin Cromptom da Universidade de Liverpool, um dos autores do estudo publicado hoje no periódico científico Interface.
De acordo com o estudo, o ancestral humano que habitava Laetoli tinha o dedão alinhado aos outros dedos do pé – semelhante aos humanos e diferente dos chimpanzés e outros grandes primatas. As pegadas mostravam maior profundidade nos calcanhares que nos dedos, o que indica um pé arqueado. “Isto é um indicativo de um caminhar ereto”, disse ao iG William Sellers da Universidade de Manchester, que participou do estudo. Em primatas, a pressão é maior na parte lateral do meio do pé. Os seres humanos são os únicos que têm pés arqueados, o que facilita a locomoção em duas pernas, pois os arcos são responsáveis pela absorção do choque quando o pé toca o solo.
A equipe obteve imagem 3D das pegadas de Laetoli e comparou os dados com estudos de pegadas e pressão dos pés geradas pelo caminhar de homens modernos e outros grandes primatas e do A. afarensis. Simulações de computador foram usadas para delinear os diferentes tipos de pegadas e modos de andar.
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“O curioso é que nestas comparações descobrimos que alguns humanos saudáveis produzem pegadas mais parecidas com as de primatas que as pegadas de Laetoli. As funções dos pés representadas pelas pegadas são mais parecidas com os padrões encontrados em humanos modernos. Isto é importante pois o desenvolvimento destas características ajudou nossos ancestrais a migrar da África”, disse Cromptom.
O Australopithecus afarensis viveu na África há mais de 3 milhões de anos e tinha cérebros menores e mandíbulas mais fortes que o homem moderno. Antes deles, registros fósseis revelam que vivia no Quênia e na Etiópia o Australopithecus anamensis, há 4,2 milhões de anos. E antes ainda, vivia o Ardipithecus ramidus, o mais antigo ancestral humano que vivia da Etiópia, há 4,4 milhões de anos.
Novo hominídeo
Os pesquisadores acreditam que a análise das pegadas seja conclusiva para o assunto. “Por décadas houve uma disputa entre o que dizia os fósseis de pés sobre o modo de andar do A.afarensis e o que as pegadas de Laetoli diziam e nunca se chegava a um consenso. Agora temos uma resposta”, disse Cromptom.
Novo hominídeo
Os pesquisadores acreditam que a análise das pegadas seja conclusiva para o assunto. “Por décadas houve uma disputa entre o que dizia os fósseis de pés sobre o modo de andar do A.afarensis e o que as pegadas de Laetoli diziam e nunca se chegava a um consenso. Agora temos uma resposta”, disse Cromptom.
O homem de Laetoli, provavelmente é um A. afarensis, por ser a única espécie, que se sabe, que vivia naquela região e naquela época. Porém, pesquisadores do estudo publicado hoje no periódico científico Interface, não descartam a possibilidade de uma nova espécie. “Não podemos ter certeza, a não ser que se encontre um esqueleto. Mas no momento, o único candidato que temos é o A. afarensis, embora tenha se levantado a possibilidade de uma espécie ainda não descoberta possa ter feito aquelas pegadas”, disse Sellers.
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