Reformulação do vestibular causará impacto no ensino médio, dizem os especialistas
Para a maioria, as mudanças são positivas e irão trazer benefícios para o ensino brasileiro. O assunto já virou pauta na esfera federal. Na quarta-feira (25), o ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou o projeto de unificar os vestibulares das universidades federais.
A proposta do ministro é criar um novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que funcionaria como forma de seleção para essas instituições. O projeto formal será entregue à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) na segunda-feira (30) para que seja discutido nas universidades. Caso seja aprovado pelos reitores, o Enem, já modificado, pode ser aplicado em outubro.
“Nós queremos um exame que corrija as distorções do vestibular e do Enem. A forma do Enem perguntar é muito interessante, mas ele carece de conteúdos organizativos do ensino médio. O vestibular é fortemente conteudista, mas na maneira de perguntar distorce a realidade do ensino médio. Nós queremos ter um exame nacional que dê conta do conteúdo, mas de forma inteligente, que julgue a capacidade analítica dos estudantes e promova uma mudança na atuação em sala de aula do professor”, compara o ministro.
De acordo com a assessoria do Ministério de Educação (MEC), a adesão ao vestibular nacional dependerá de cada instituição federal ou estadual, “que tem autonomia garantida por Lei para decidir de que forma poderá avaliar o seu candidato”. O modelo do exame ainda será discutido com as instituições, mas, segundo ministro, a ideia é que seja um meio-termo entre o Enem e o vestibular atual.
Reformulado, o Enem abordaria mais disciplinas e teria mais questões - hoje são 63 de múltipla escolha e redação. O exame incluiria questões dissertativas e objetivas, além de poder cobrar uma parte específica, direcionada a áreas como ciências, para candidatos a Medicina. Alguns cursos poderiam fazer uma segunda fase. A proposta é semelhante à forma de seleção do Programa Universidade para Todos (ProUni). Nele, o aluno escolhe curso e instituição com base na nota do atual Enem, com mínimo de 45 pontos.
Educadores afirmam que o novo vestibular, caso a proposta do MEC seja adotada, efetuará uma mudança crucial no ensino médio. A pressão exercida sobre esta etapa de ensino de “treinar” o estudante para passar no vestibular poderá deixar de existir.
Roberto Vianna, coordenador da Comissão de Acesso e Seleção da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), também acredita o modelo atual de seleção não mais atende às expectativas de alguns grupos sociais que desejam ingressar na faculdade. Para ele, "o ensino médio irá sofrer alterações positivas para auxiliar o acesso à educação superior". Desde 2001, a Unirio estabelece em seu processo seletivo o aproveitamento dos resultados do Enem e provas com o conteúdo do ensino médio.
Sobre a possibilidade de ter um vestibular “fácil demais”, isso não irá acontecer. Afinal, mesmo com as mudanças, o aluno terá que demonstrar que é estudioso, crítico e participativo, características positivas inerentes à personalidade e ao esforço do candidato, independente da sua escola de origem.
Fonte: UOL
As mudanças para beneficiar o aluno de escolas públicas são sempre bem-vindas.
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